Semana decisiva do impeachment se inicia com ameaça de PP debandar (na FOLHA)

Publicado em 10/04/2016 00:06
POR MARINA DIAS, da sucursal DE BRASÍLIA (e FERNANDO CANZIAN, DA FOLHA DE SÃO PAULO)

A ameaça de debandada do aliado PP e a aprovação dada como certa do parecer que pede o impeachment de Dilma Rousseff, mais o temor de novidades na Operação Lava Jato, deixam o Palácio do Planalto pessimista na semana decisiva para a defesa do mandato da presidente.

Nem a queda de 68% para 61% no apoio ao afastamento, apontada pelo Datafolha, melhorou os ânimos.

Todo o trabalho feito pelo ex-presidente Lula e pelo governo de prometer cargos e verbas para os partidos que podem ocupar o espaço deixado pelo PMDB, como PP, PR e PSD, parecia estar garantindo os 172 votos que barram o processo de impeachment –ou pelo menos evitar que os opositores alcancem os 342 deputados necessários enviar o pedido ao Senado.

Dois fatores complicaram a equação. Primeiro, a delação de ex-executivos da Andrade Gutierrez implicando as campanhas de Dilma com dinheiro do petrolão, revelada quinta (7) pela Folha. Segundo, a ação do PMDB do vice-presidente Michel Temer, que está abordando todos os procurados por Lula com perspectiva de poder.

O movimento no PP ao longo do fim de semana parece comprovar o tom mais cauteloso dos governistas sobre a batalha do domingo (17), quando deverá ser votado no plenário da Câmara a abertura do impeachment.

Segundo o deputado Jerônimo Georgen (PP-RS), até o início da noite deste domingo (10), nove diretórios estaduais do PP haviam fechado posição favorável ao impedimento, entre eles SP, RS, PR, GO e MG.

A decisão contraria as negociações do presidente nacional do partido, senador Ciro Nogueira (PI), que prometeu ao menos 30 dos 51 deputados a favor do governo após reuniões com Lula. Segundo a Folha apurou, dirigentes do PMDB que procuraram líderes do PP, PR e PSD acreditam que conseguirão angariar mais de 50% de dissidentes em cada sigla pró-Dilma.

Nesta segunda (11), a Comissão Especial da Câmara que analisa o impeachment votará o relatório de Jovair Arantes (PTB-GO). Ambos os lados dão como certa a aprovação do texto, que pede a abertura do processo.

Levantamento aponta que já há em favor do relatório 33 dos 65 parlamentares. A sessão começa às 10h e a votação deve ocorrer depois das 17h. O que mais preocupa os governistas é não mais conseguir prever quantos votos favoráveis os aliados darão a Dilma no plenário.

Até a semana passada, a conta do Planalto girava em torno de 200 votos pró-governo, mas não há certeza da folga. Ministros mantinham a perspectiva de vitória no plenário por margem mínima.

Por outro lado, a oposição diz que conseguiu "virar alguns votos" nos últimos dias e contabiliza cerca de 380 deputados pró-impeachment.

Na tentativa de costurar os acordos até "o último minuto de domingo", nas palavras de um interlocutor, Lula desembarca em Brasília no início da semana para receber aliados no QG que montou num hotel.

Desde o fim de março, ele articula para salvar a sucessora, prometendo mudanças na economia e mais diálogo com o Congresso. 

 

Maioria quer que Dilma e Temer saiam, mostra pesquisa Datafolha

Nova pesquisa Datafolha realizada na semana passada mostra que a maioria da população é favorável tanto ao impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT) quanto de seu vice, Michel Temer (PMDB). Os brasileiros em sua maioria também apoiam a renúncia dos dois.

A taxa dos que defendem a renúncia de Dilma e de Temer é a mesma: 60%. Já o apoio ao impeachment de Dilma caiu de 68% no levantamento realizado nos dias 17 e 18 de março, para 61% nesta última pesquisa, feita nos dias 7 e 8 de abril.

A taxa dos que hoje defendem o impeachment de Temer é semelhante, de 58%. São contrários à saída do vice-presidente 28%, os indiferentes somam 5% e os que não opinaram, 9%.

Foi a primeira vez em que o Datafolha perguntou à população a respeito do apoio à renúncia e ao impeachment do vice-presidente da República.

Para o levantamento, foram realizadas 2.779 entrevistas em 170 municípios. A margem de erro é de dois pontos percentuais, para mais ou para menos.

A pesquisa também detectou uma redução, de 65% para 60%, no apoio à renúncia da presidente Dilma. As taxas dos que apoiam seu afastamento via o processo de impeachment ou pela renúncia voltaram para os patamares de fevereiro.

No caso de vacância dos cargos de presidente e vice-presidente, 79% dos brasileiros são favoráveis à realização de uma nova eleição para a Presidência da República. Uma parcela de 16% é contrária, e 4% são indiferentes ou não opinaram a respeito.

O levantamento indica que, em março, quando o apoio à saída da presidente chegou ao patamar mais elevado, a população estava sob o impacto da maior manifestação contra o governo registrada até agora, quando cerca de 500 mil pessoas, segundo o Datafolha, protestaram contra Dilma e o PT na av. Paulista, em São Paulo.

Além da capital paulista, várias outras cidades tiveram manifestações no dia 13 de março. O campo da pesquisa no mês passado foi feito logo depois, nos dias 17 e 18.

GRAMPO E DEPOIMENTO

Na véspera do início da pesquisa de março, também haviam sido divulgadas gravações entre Dilma e o ex-presidente Lula combinando a ida do petista para o governo como ministro da Casa Civil.

Dias antes, Lula havia sido levado para depor de forma coercitiva na Polícia Federal por suspeitas de ter sido beneficiado por empreiteiras envolvidas na Lava Jato na reforma de um sítio em Atibaia e de um apartamento tríplex em Guarujá (SP).

Já neste mês de abril, em especial nos últimos dias, o Palácio do Planalto e o ex-presidente Lula lançaram uma ofensiva para tentar convencer a população de que o impeachment seria um "golpe contra a democracia", tese também apoiada por vários segmentos políticos e algumas personalidades.

A reprovação ao governo Dilma recuou entre março e abril, e atualmente é avaliado como ruim ou péssimo por 63% dos brasileiros, ante 69% no último levantamento. Com o recuo, o percentual dos que desaprovam sua gestão volta ao patamar de fevereiro (64%).

Na consulta espontânea sobre qual o melhor presidente que o Brasil já teve, Lula foi citado por 40%, índice superior ao registrado em março (35%) e mais próximo também aos 37% apurados na pesquisa feita em fevereiro.

O índice atual, porém, segue distante do alcançado pelo petista em novembro de 2010, penúltimo mês de seu segundo mandato, quando era apontado por 71% como o melhor presidente da história brasileira.

O segundo colocado na pesquisa espontânea é o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, com 14%.

 

Lula e Marina lideram corrida para 2018; tucanos despencam

O ex-presidente Lula (PT) e a ex-senadora Marina Silva (Rede) lideram a corrida eleitoral para presidente da República em 2018.

Entre as opções do PSDB (o senador Aécio Neves, o governador Geraldo Alckmin e o também senador José Serra), todas têm demonstrado tendência de queda nas intenções de voto.

Segundo nova pesquisa Datafolha, em três dos quatro cenários eleitorais pesquisados, Lula e Marina estão empatados dentro da margem de erro. Em apenas um, o ex-presidente lidera.

Na comparação com a pesquisa anterior, de março, a intenção de voto em Lula cresceu em três cenários, voltando ao patamar observado em fevereiro, enquanto Marina se manteve estável em todas as simulações.

No cenário de uma disputa entre Lula, Marina e Aécio Neves, por exemplo, o petista tem 21%, a ex-senadora, 19%, e o tucano, 17%.

Entre meados de dezembro e agora, Aécio perdeu dez pontos percentuais em suas intenções de voto, enquanto Lula e Marina se mantiveram no mesmo patamar. Já Geraldo Alckmin, em um cenário alternativo, encolheu cinco pontos no mesmo período.

Na simulação com Lula, Marina e Aécio, o Datafolha também tem incluído o nome do deputado federal Jair Bolsonaro (PSC-RJ), que aparece com 8% das intenções de voto. O percentual é o dobro do que o deputado registrava em dezembro do ano passado.

No cenário em que o senador José Serra aparece como o candidato do PSDB, Marina e Lula aparecem empatados com 22%, o dobro do tucano, que caiu 4 pontos percentuais desde fevereiro —quando registrava 15% de intenção de voto.

Em todos os cenários testados para 2018, o vice-presidente Michel Temer, que assumiria em caso de impeachment de Dilma Rousseff, aparece com apenas 1% ou 2%.

Em relação a um eventual governo Temer no caso de Dilma ser afastada, a pesquisa Datafolha mostra que apenas 16% acreditam que ele faria uma gestão ótima ou boa, mesmo índice do levantamento realizado em março.

REJEIÇÃO ELEITORAL

O Datafolha também mediu a rejeição eleitoral dos candidatos. Assim como nos últimos levantamentos, o ex-presidente Lula é o mais rejeitado. Não votariam de jeito nenhum nele 53%.

Na comparação com os levantamentos anteriores, a taxa de rejeição recuou em relação à de março (era 57%); porém, segue acima da fevereiro (49%).

Na sequência vêm Aécio e Temer, com taxas de rejeição em crescimento.

Não votariam no tucano 33% (eram 23% em fevereiro e 32% em março) e no atual vice-presidente, 27% (eram 21%, em fevereiro, e 23%, em março). A rejeição de Marina é de 20% (em março e em fevereiro, era de 15%).

MANIFESTAÇÕES

Dois terços dos brasileiros (66%) são a favor das manifestações pró-impeachment da presidente Dilma, enquanto há uma divisão em relação aos movimentos contra o afastamento: 45% são favoráveis a eles, e 47%, contrários.

O Datafolha também quis saber dos brasileiros se eles já tiveram alguma discussão, com amigos ou parentes, por causa do atual momento político.

Três em cada quatro (74%) disseram que não. As discussões são mais comuns entre os que têm entre 16 a 34 anos (32%) e os mais instruídos (42%). Para 95%, elas não levaram a rompimento de relações. 

 

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Fonte:
Folha de S. Paulo

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4 comentários

  • Welbi Maia Brito São Paulo - SP

    A pesquisa neste momento é um recall da última eleição. Por isso Aécio e Marina Silva, que disputaram o último pleito, levam vantagem. Alckmin aparece bem, mesmo tendo disputado a eleição presidencial 10 anos atrás.

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  • luiz carlos pereira pimenta Londrina - PR

    Não entendo porque o DATAFOLHA fica empurrando goela abaixo os nomes de MARINA, LULA, AÉCIO e outros nas pesquisas para um futuro PRESIDENTE.

    Gostaria muito que o DATAFOLHA incluísse os nomes de JOAQUIM BARBOSA E SÉRGIO MORO, para ver o que acontece...

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  • Marcelo Luiz Campina da Lagoa - PR

    Pelamordedeus meu povo ! Reproduzir esta porcaria da Folha de São Paulo, que todos sabem que tem lado nesta questão do impeachment. é brincadeira...

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    • luiz carlos pereira pimenta Londrina - PR

      As opções que as pesquisas nos dão para escolher um nome para presidente do Brasil, é o mesmo de como sentar-se à uma mesa farta, com dezenas de pratos saborosos e nutritivos, mas só podemos nos servir dos mesmos pratos que estamos acostumados, e que dá vontade de vomitar, só de olhar

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    • Rodrigo Polo Pires Balneário Camboriú - SC

      Marcelo, para as grandes empresas como a JBS, que financiou legalmente pelo que se sabe até hoje, 200 deputados federais, tanto faz o PT como o PSDB, a politica vai continuar a mesma. Acredito que é por isso que temos artigos reproduzidos aqui, da Folha e da Veja, uma favorável aos petistas e outra aos tucanos. As coisas diferem um pouco em relação à economia e mesmo assim em assuntos sobre a taxa de juros, se deve ser 3% maior ou menor, no resto, socialmente e culturalmente as agendas dos partidos são iguais. Veja a que ponto chega, com o vazamento das fraudes perpetradas pelo MST, denunciadas no senado pelo bravo senador Ronaldo Caiado, surge quase que instantaneamente um boato sobre uma lista de devedores do BB. Um agarrado no rabo do outro. É ilegal o sigilo sobre financiamentos com dinheiro público, a mim não interessa saber quem divulgou a lista, mas se existir tal lista, quem está nela.

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  • Paulo Roberto Rensi Bandeirantes - PR

    PARA RESPONDER ESSE ARTIGO RECOMENDO A LEITURA AQUI NO "NA", DO ARTIGO DE DEMÉTRIO MAGNOLI, NA MESMA FOLHA, NA DATA DE ONTEM, CUJO TITULO É: "E AGORA FOLHA?"

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