Dólar sobe mais de 1,5% vai a R$ 3,70 por BC, política e exterior
Por Bruno Federowski
SÃO PAULO (Reuters) - O dólar avançava mais de 1,5 por cento e voltava à casa dos 3,70 reais nesta quinta-feira, após o Banco Central voltar a atuar por meio de swap cambial reverso, diante do noticiário político intenso no Brasil e em meio ao cenário externo desfavorável.
Às 12:11, o dólar avançava 1,60 por cento, a 3,7036 reais na venda, após fechar abaixo de 3,65 reais na sessão passada. O dólar futuro também avançava cerca de 1,60 por cento.
"O dólar encontrou algum suporte na ação do BC e no cenário externo, mas o ingrediente principal do mercado continua sendo político", disse o diretor de câmbio do Banco Paulista, Tarcísio Rodrigues.
O BC promoveu nesta sessão seu terceiro leilão de swap reverso neste mês, mas vendeu apenas 8,5 mil dos 20 mil contratos ofertados, que equivalem à compra futura de dólares.
A autoridade monetária também deu continuidade à rolagem dos swaps tradicionais do mês que vem, vendendo a oferta de até 5,5 mil contratos, semelhantes à venda futura de dólares. Com isso, repôs ao todo o equivalente a 1,340 bilhão de dólares, ou cerca de 13 por cento do lote total, correspondente a 10,385 bilhões de dólares.
A autoridade monetária reativou os swaps reversos no fim do mês passado após três anos de desuso, no momento em que apostas de que o impeachment da presidente Dilma Rousseff sairia levaram o dólar às mínimas em sete meses ante o real, na casa de 3,56 reais.
Nos últimos dias, no entanto, cresceu a percepção de que eventual troca no governo está longe de ser uma certeza. Muitos operadores acreditam que a saída de Dilma poderia atrair capitais para o Brasil.
O noticiário político nesta sessão era descrito como misto por operadores. Continuava elevada a dúvida sobre a possibilidade do impeachment, mas também repercutiu positivamente notícia da Folha de S.Paulo dizendo que a empreiteira Andrade Gutierrez fez doações ilegais às campanhas de Dilma em 2010 e 2014.
"A batalha política continua e as atenções dos agentes estão voltadas para os novos desdobramentos políticos", escreveram analistas da corretora Guide Investimentos em nota a clientes.
Pesquisa da Reuters com 28 estrategistas mostrou que o dólar deve subir a 4,025 reais em 12 meses, bem abaixo dos 4,250 reais projetados no mês.
A moeda norte-americana ampliou o avanço durante a manhã na esteira do mau humor nos mercados externos, onde também subia cerca de 1 por cento em relação a moedas como os pesos chileno e mexicano.
Nos mercados externos, predominava a aversão a risco diante de preocupações com a fraqueza econômica global e do tombo dos preços do petróleo. Três autoridades do Banco Central Europeu (BCE), incluindo o presidente Mario Draghi, reforçaram a preocupação com o cenário global, dizendo que o banco está disposto a afrouxar mais a política monetária.
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