Países abrem investigações sobre "Panama Papers"; China limita acesso a notícias

Publicado em 05/04/2016 11:18

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Por Ben Blanchard e Lisa Jucca

PEQUIM/HONG KONG (Reuters) - Autoridades de todo o mundo iniciaram investigações sobre as atividades de ricos e poderosos de vários países depois que milhões de documentos que vazaram de um escritório de advocacia sediado no Panamá mostraram possíveis irregularidades no uso de estruturas de empresas offshore.

Os chamados "Panama Papers" lançaram luz sobre os arranjos financeiros de políticos e figuras públicas de renome e as companhias e instituições financeiras que utilizam para tais atividades. Entre os citados nos documentos estão amigos do presidente da Rússia, Vladimir Putin, e parentes dos líderes de China, Grã-Bretanha, Islândia e Paquistão, assim como o presidente da Ucrânia.

Figuras proeminentes e instituições financeiras responderam ao gigantesco vazamento de mais de 11,5 milhões de documentos negando quaisquer irregularidades, enquanto promotores e agências reguladoras iniciaram uma análise dos relatórios da investigação do Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos (ICIJ, na sigla em inglês), sediado nos Estados Unidos, e de outras organizações de mídia.

Na esteira das reportagens, a China limitou o acesso local à cobertura do tema, e a mídia estatal criticou as reportagens ocidentais sobre o vazamento, que disse serem tendenciosas em relação a líderes de fora do Ocidente.

França, Austrália, Nova Zelândia, Áustria, Suécia e Holanda estão entre as nações que abriram investigações, e alguns outros países, como os EUA, afirmaram estar estudando o assunto.

O Brasil também está entre os vários países com autoridades envolvidas nos vazamentos.

Os documentos obtidos apontam que o escritório do Panamá Mossack Fonseca criou ou gerenciou cerca de 100 empresas offshore para ao menos 57 indivíduos ou empresas já relacionados ao esquema de corrupção na Petrobras <PETR4.SA> investigado pela operação Lava Jato, de acordo com reportagens.

A Mossack Fonseca abriu mais de 240 mil empresas offshore para clientes ao redor do planeta, e nega qualquer irregularidade. A firma se diz vítima de uma campanha contra a privacidade e argumenta que as reportagens da mídia distorcem a natureza de seu negócio.

Em um comunicado impresso entregue à Reuters por um funcionário da filial da Mossack Fonseca de Hong Kong nesta terça-feira, o escritório diz que jamais foi acusado ou formalmente investigado por delitos criminais em seus quase 40 anos de atuação.

"Não aconselhamos clientes sobre como operar seus negócios. Não nos ligamos de forma nenhuma a empresas que ajudamos a incorporar", afirma o escritório no comunicado. "Excluindo as taxas profissionais que recebemos, não tomamos posse do dinheiro de clientes, nem temos nada a ver com quaisquer dos aspectos financeiros diretamente relacionados à operação destes negócios".

O governo de Hong Kong disse em um comunicado que seu Departamento Doméstico de Renda tomou nota da liberação recente dos documentos e irá adotar as "ações necessárias" baseado em quaisquer informações que obtiver.

O Crédit Suisse <CSGN.S> e o HSBC <HSBA.L>, dois dos maiores bancos do mundo, repudiaram nesta terça-feira insinuações de que estavam usando estruturas offshore ativamente para ajudar clientes a sonegar impostos. Ambos foram citados entre os bancos que ajudaram a criar estruturas complexas que tornam difícil para os fiscos e os investigadores rastrearem o fluxo de dinheiro de um lugar a outro, segundo o ICIJ.

(Reportagem adicional de Denny Thomas, Saeed Azhar e Clare Baldwin)

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Fonte:
Reuters

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