Dólar cai e fecha no menor nível em 7 meses, a R$ 3,56, com fluxo e cena política
Por Bruno Federowski
SÃO PAULO (Reuters) - O dólar fechou no menor nível em sete meses e voltou a se aproximar de 3,55 reais nesta sexta-feira, em sessão marcada por alguma volatilidade, reagindo a fluxo de entrada de divisas, com baixo volume de negócios e cenário político.
O dólar recuou 0,93 por cento, a 3,5627 reais na venda, menor nível de fechamento desde 27 de agosto de 2015 (3,5528 reais), acumulando na semana perdas de 3,22 por cento. A moeda norte-americana atingiu 3,6227 reais na máxima e 3,5362 reais na mínima do dia.
"O mercado está sensibilizado pelo noticiário político e um fluxo mais relevante acaba fazendo estrago", disse o gerente de câmbio da corretora BGC Liquidez, Francisco Carvalho.
Operadores relataram algum fluxo de entrada de moeda estrangeira, sobretudo no fim da manhã que, dentro de um mercado com baixo volume, potencializou a queda do dólar.
Na cena doméstica, os mercados continuaram sendo fortemente influenciados pelo noticiário político. Os ativos locais vêm reagindo positivamente a notícias que possam aumentar as chances de impeachment da presidente e vice-versa.
Muitos operadores acreditam que eventual troca no governo poderia ajudar a colocar a economia nos eixos, mas alguns ponderam que a instabilidade política tende a afetar a confiança dos agentes econômicos.
A operação Lava Jato prendeu nesta manhã o ex-secretário do PT Silvio Pereira e o empresário de Santo André Ronan Maria Pinto em nova fase deflagrada com o objetivo de aprofundar investigações sobre empréstimo fraudulento de 12 milhões de reais do Banco Schahin direcionado ao PT.
A investigação vem um dia após dezenas de milhares de pessoas protestarem em diversas cidades do país contra o impeachment de Dilma, que classificam como golpe para derrubar o governo.
"Não dá para saber direito qual o saldo das notícias, se é positivo ou negativo. O mercado fica um pouco ao léu", disse mais cedo o superintendente de câmbio da corretora Intercam, Jaime Ferreira.
Outro foco de atenção é a atuação do Banco Central, que sinalizou na noite passada que deve rolar apenas cerca de metade do lote de swaps tradicionais, equivalentes a venda futura de dólares, que vencem em maio, menos do que os 67 por cento repostos no mês anterior.
O BC vendeu nesta manhã a oferta total de 5,5 mil contratos no primeiro leilão de rolagem, repondo cerca de 3 por cento do lote do próximo mês, equivalente a 10,385 bilhões de dólares.
No entanto, o BC não anunciou para este pregão leilão de swap reverso, equivalente a compra futura de dólares, atuação classificada como "cautelosa" por um operador de um banco que lida diretamente com o BC.
"Ele está agindo de pouco em pouco. Deixa claro que está de olho em quedas excessivas (do dólar), mas não vai mostrar todas as armas de uma vez", afirmou.
A perspectiva de que o BC possa voltar ao mercado com novo leilão de swaps reversos contribuiu para limitar a queda do dólar frente ao real, especialmente durante a tarde.
Nos mercados externos, o dólar fortalecia contra as principais moedas emergentes, como o peso mexicano. Após dados de empregos mais fortes nos Estados Unidos, cresceram expectativas de que o Federal Reserve, banco central norte-americano, eleve os juros mais cedo do que o esperado, dando suporte à moeda norte-americana nos mercados globais.
Juros mais altos nos EUA podem atrair para a maior economia do mundo recursos aplicados em países como o Brasil, pressionando o câmbio.
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