Foi por pouco, na porta ao lado...
A Polícia Federal deflagrou na madrugada desta terça-feira(22), a Operação Xepa, 26ª fase da Lava-Jato. Cerca de 380 policiais federais cumpriram 110 ordens judiciais nos estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Bahia, Piauí, Distrito Federal, Minas Gerais e Pernambuco. Um dos alvos da operação é o Grupo Odebrecht.
Em Brasília, a Polícia Federal foi ao hotel Golden Tulip, onde moram vários políticos e onde o ex-presidente Lula estava hospedado até esta madrugada. Por um momento se especulou que a operação poderia ter como alvo o ex-presidente.
Na participação do jornalista Merval Pereira à rádio CBN , a constatação de que foi por pouco, na porta ao lado, e que na verdade o alvo não era o ex-presidente Lula.
Ouça o áudio, clique aqui
Marcelo Odebrecht começa a depor em delação premiada (na VEJA)
Marcelo Odebrecht cedeu. O herdeiro da maior construtora do país fechou um acordo para fazer delação premiada e começou a depor para a força-tarefa da Lava-Jato ainda antes da Xepa, a 26ª fase da operação, deflagrada nesta terça-feira.
Além dele, os demais executivos da empresa investigados também vão colaborar com a Justiça.
A seguir a nota da empresa:
“As avaliações e reflexões levadas a efeito por nossos acionistas e executivos levaram a Odebrecht a decidir por uma colaboração definitiva com as investigações da Operação Lava Jato.
A empresa, que identificou a necessidade de implantar melhorias em suas práticas, vem mantendo contato com as autoridades com o objetivo de colaborar com as investigações, além da iniciativa de leniência já adotada em dezembro junto à Controladoria Geral da União.
Esperamos que os esclarecimentos da colaboração contribuam significativamente com a Justiça brasileira e com a construção de um Brasil melhor.
Na mesma direção, seguimos aperfeiçoando nosso sistema de conformidade e nosso modelo de governança; estamos em processo avançado de adesão ao Pacto Global, da ONU, que visa mobilizar a comunidade empresarial internacional para a adoção, em suas práticas de negócios, de valores reconhecidos nas áreas de direitos humanos, relações de trabalho, meio ambiente e combate à corrupção; estabelecemos metas de conformidade para que nossos negócios se enquadrarem como Empresa Pró-Ética (da CGU), iniciativa que incentiva as empresas a implantarem medidas de prevenção e combate à corrupção e outros tipos de fraudes. Vamos, também, adotar novas práticas de relacionamento com a esfera pública.
Apesar de todas as dificuldades e da consciência de não termos responsabilidade dominante sobre os fatos apurados na Operação Lava Jato – que revela na verdade a existência de um sistema ilegal e ilegítimo de financiamento do sistema partidário-eleitoral do país – seguimos acreditando no Brasil.
Ao contribuir com o aprimoramento do contexto institucional, a Odebrecht olha para si e procura evoluir, mirando o futuro. Entendemos nossa responsabilidade social e econômica, e iremos cumprir nossos contratos e manter seus investimentos. Assim, poderemos preservar os empregos diretos e indiretos que geramos e prosseguir no papel de agente econômico relevante, de forma responsável e sustentável.
Em respeito aos nossos mais de 130 mil integrantes, alguns deles tantas vezes injustamente retratados, às suas famílias, aos nossos clientes, às comunidades em que atuamos, aos nossos parceiros e à sociedade em geral, manifestamos nosso compromisso com o país. São 72 anos de história e sabemos que temos que avançar por meio de ações práticas, do diálogo e da transparência.
Nosso compromisso é o de evoluir com o Brasil e para o Brasil.”
Corra, Lula, corra! Marcelo Odebrecht fechou delação premiada e pode enterrar de vez o PT (por FELIPE MOURA BRASIL)
“Marcelo Odebrecht cedeu. O herdeiro da maior construtora do país fechou um acordo para fazer delação premiada e começou a depor para a força-tarefa da Lava-Jato ainda antes da Xepa, a 26ª fase da operação, deflagrada nesta terça-feira.”
A informação é do Radar de VEJA.
Imagino que as delações da secretária Maria Lúcia Tavares, da mulher de João Santana, Monica Moura, e do senador Delcídio do Amaral foram decisivas para Marcelo entender que, se não falasse agora, poderia não sobrar mais o que contar.
Sua primeira condenação já saiu, o setor de propinas da Odebrecht foi escancarado, o PT está mais encurralado do que nunca, Lula prestes a ser preso, Dilma a ser “impichada”: se Marcelo esperasse, viraria o eterno anfitrião da cadeia.
Este blog torce para que ele, sem blindar ninguém, esclareça sobretudo os pagamentos das despesas de campanhas petistas, incluindo a de Dilma (conforme disse Delcídio), das reformas de imóveis no Brasil e das supostas palestras no exterior de Lula, o suposto tráfico internacional de influência do “Brahma”, além da corrupção nas obras de estádios da Copa.
Corra, Lula, corra! Chegou a hora de o “príncipe” entregar o “chefe”.
Segue a nota da empresa, que liberou todos os executivos para fechar delação:
As avaliações e reflexões levadas a efeito por nossos acionistas e executivos levaram a Odebrecht a decidir por uma colaboração definitiva com as investigações da Operação Lava Jato.
A empresa, que identificou a necessidade de implantar melhorias em suas práticas, vem mantendo contato com as autoridades com o objetivo de colaborar com as investigações, além da iniciativa de leniência já adotada em dezembro junto à Controladoria Geral da União.
Esperamos que os esclarecimentos da colaboração contribuam significativamente com a Justiça brasileira e com a construção de um Brasil melhor.
Na mesma direção, seguimos aperfeiçoando nosso sistema de conformidade e nosso modelo de governança; estamos em processo avançado de adesão ao Pacto Global, da ONU, que visa mobilizar a comunidade empresarial internacional para a adoção, em suas práticas de negócios, de valores reconhecidos nas áreas de direitos humanos, relações de trabalho, meio ambiente e combate à corrupção; estabelecemos metas de conformidade para que nossos negócios se enquadrarem como Empresa Pró-Ética (da CGU), iniciativa que incentiva as empresas a implantarem medidas de prevenção e combate à corrupção e outros tipos de fraudes. Vamos, também, adotar novas práticas de relacionamento com a esfera pública.
Apesar de todas as dificuldades e da consciência de não termos responsabilidade dominante sobre os fatos apurados na Operação Lava Jato – que revela na verdade a existência de um sistema ilegal e ilegítimo de financiamento do sistema partidário-eleitoral do país – seguimos acreditando no Brasil.
Ao contribuir com o aprimoramento do contexto institucional, a Odebrecht olha para si e procura evoluir, mirando o futuro. Entendemos nossa responsabilidade social e econômica, e iremos cumprir nossos contratos e manter seus investimentos. Assim, poderemos preservar os empregos diretos e indiretos que geramos e prosseguir no papel de agente econômico relevante, de forma responsável e sustentável.
Em respeito aos nossos mais de 130 mil integrantes, alguns deles tantas vezes injustamente retratados, às suas famílias, aos nossos clientes, às comunidades em que atuamos, aos nossos parceiros e à sociedade em geral, manifestamos nosso compromisso com o país. São 72 anos de história e sabemos que temos que avançar por meio de ações práticas, do diálogo e da transparência.
Nosso compromisso é o de evoluir com o Brasil e para o Brasil.
(Detalhe pitoresco: apesar de “não termos responsabilidade dominante”, ou seja: responsabilidade têm, só não é dominante. Cabe aos executivos da empresa apontar quem dominava, então.)
Felipe Moura Brasil ⎯ https://veja.abril.com.br/blog/felipe-moura-brasil
Procura-se quem tenha coragem de dizer a Dilma que ela já perdeu
POR Ricardo Noblat, (O GLOBO)
Não, nem Lula teve ainda essa coragem. Ele tem dito a Dilma que a situação é muito ruim, mas que se todos se empenharem, dará, sim, para arquivar na Câmara dos Deputados o pedido de impeachment.
Lula diz isso só por ouvir dizer. Ele mesmo, com o título de ministro suspenso, e medo de ser preso pelo juiz Sérgio Moro, está mais preocupado com seu destino do que com o destino de Dilma.
Na semana passada, quando telefonou para o vice-presidente Michel Temer e perguntou se ainda havia na casa dele uma cachacinha gostosa para os dois tomarem juntos, Lula parecia animado. Não está mais.
Temer concordou em recebê-lo. Mas no dia seguinte, cancelou o encontro depois que Dilma convidou o deputado Mauro Lopes (PMDB-MG) para ser ministro da Secretaria da Aviação Civil. Lopes aceitou o convite.
A recente convenção nacional do PMDB aprovou resolução proibindo seus filiados de assumirem cargos no governo até que se decida se o partido romperá com Dilma. A decisão será tomada na próxima terça-feira.
Lula tem tentado remarcar seu encontro com Temer, mas o vice-presidente passou à clandestinidade. Sabe-se que estaria em São Paulo, embora amigos dele informem que Temer voou para Lisboa.
A caça de Lula a Temer, e a de Dilma também, é uma demonstração convincente de que Lula, Dilma e o governo estão totalmente perdidos, sem encontrar saídas para a situação que enfrentam.
Quando se cobra que apontem saídas, apontam as óbvias que, a essa altura, se revelam ineficientes. Por que imaginar que uma conversa com Temer poderia manter o PMDB no governo?
Ora, Temer será o maior beneficiário do impeachment de Dilma. E, por mais que negue, está tomando com discrição as providências necessárias para governar em breve.
Dilma contou aos seus ministros de confiança que conversará com cada um dos 65 deputados que integram a Comissão Especial do Impeachment. Ela, que nunca gostou de conversar com políticos, dirá o quê para eles?
Mais: acenará com o quê para eles? Liberação de emendas ao Orçamento para beneficiar os redutos eleitorais dos deputados? Não funcionará. Falta dinheiro ao governo para tal.
Cargos no governo a serem preenchidos por indicação dos deputados? Mas logo num governo que pode estar a poucos meses do seu fim? E quem, no momento, quer correr esse risco? Vai que Moro fica sabendo...
Dilma – quem sabe? – poderá apelar para o patriotismo dos deputados e prometer para breve o anúncio de importantes medidas que debelarão a crise econômica e, por tabela, a política.
Quem acreditará? De resto, tudo o que Dilma possa oferecer, Temer também poderá, e em dobro. E com uma vantagem: ele tem pinta de futuro. Dilma, de passado. E de um passado triste.
No entorno da presidente, não existe um só auxiliar que acredite na salvação dela. Todos já jogaram a toalha. E todos torcem para que ela renuncie, abreviando sua agonia e a do país.
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População não poupa Dilma nem no Jornal Nacional (REINALDO AZEVEDO)
O Jornal Nacional acabou de levar ao ar trechos do absurdo discurso que Dilma fez nesta terça no Palácio do Planalto.
E tome panelaço, buzinaço e gritos de protesto.
Crise chega ao corpo técnico do BC
Diretores, gerentes e chefes do Departamento de Operações de Reservas Internacionais do BC ameaçam entregar os cargos caso o plano de Lula e de parte do governo, de usar as reservas cambiais para estimular o consumo, seja posto em prática.
Fernando Gabeira: Certas palavras valem mais do que mil imagens
Publicado no Globo
Eram cinco horas da tarde, eu cobria uma demonstração na porta do Palácio do Planalto. As pessoas estavam com muita raiva de Dilma e de Lula. Sentiam-se ignoradas depois de terem ido para as ruas no domingo. Queriam a queda de Dilma e a prisão de Lula. Dilma não só não deu sinais de renúncia, como convidou Lula para ocupar um ministério e fugir da Lava Jato.
Uma hora de trabalho e saí em busca de água e um banheiro no Congresso. Ali, soube da divulgação dos áudios.
Em termos cinematográficos, o áudio contém metade das informações de um filme. Nesse caso, os áudios eram toda a informação necessária para inflamar as ruas. As multidões já estavam iradas e o diálogo Dilma-Lula serviu para catalisar um processo que já estava em andamento. Os romances do passado escreviam assim: a marquesa saiu às seis horas. Agora era possível reescrevê-los: Dilma foi para o espaço às seis horas, no rabo de um foguete barbudo.
Só mais tarde, exausto, examinei o conjunto de gravações. Senti que Lula estava acuado, tentando dominar um processo que escapava ao seu alcance. Os interlocutores, inclusive Jaques Wagner e, principalmente, Nelson Barbosa, respondiam com frases curtas, como se estivessem incomodados, loucos para desligar. Ele sabia que era uma luta difícil. Mas lamentava o medo dos outros: o Congresso e o Supremo estavam acovardados. Sua intenção era deter a Lava Jato e criar uma frente de investigados. Se não fizessem nada, seriam todos presos.
Renan estava fodido, Cunha, idem. Lula parecia assumir sua verdadeira condição de chefe da imensa quadrilha, para salvá-la dos procuradores que, segundo ele, se achavam representantes divinos. Conversas gravadas sempre trazem embaraços. Na intimidade, somos menos cuidadosos. A série de gravações mostrou não só que Lula queria interferir no processo legal. Mostrou algo que não se suspeitava: a falta de carinho e solidariedade com as pessoas que o ajudaram por décadas.
É o caso de Clara Ant. Ela chegou a ser deputada, mas depois disso dedicou-se, inteiramente, a ajudar Lula. Ao que parece, foi um projeto de vida. Participei de um debate com ela, sobre o conflito no Oriente Médio, diante de uma plateia formada por membros da colônia judaica. Ela defendeu, como pôde, a política externa do governo brasileiro. Pareceu-me uma pessoa tranquila e bastante confortável diante de ideias divergentes. Não tenho procuração para defendê-la e, quem sabe, pense a meu respeito todas as barbaridades que a imprensa petista divulga. No entanto, afirmo que não é assim que se trata uma colaboradora de tantos anos, nem é assim que se trata qualquer mulher que tem sua casa invadida por cinco policiais. Lula disse que ela deve ter achado um presente de Deus tantos homens entrando pela porta. Dilma riu. Dilma, a presidenta, a mulher símbolo de uma conquista feminina, ri de piadas machistas desde que contadas pelo seu chefe.
O ângulo político das gravações, nesta altura, já deve ter sido exaurido, e a tentativa de fugir da Lava Jato já se revelou o desastre que todas as pessoas sensatas previam. O ministro Aragão, que tinha como tarefa desmontar a Lava Jato, foi tratado como alguém que é amigo, mas, no momento de fazer as coisas, sempre dizia “Olha’’. Lembrou-me de Sancho Pança, que dizia constantemente: “Olha, mestre, olha bem o que está dizendo’’.
Lula não pode ser comparado a um Dom Quixote, pois seria uma agressão a esse maravilhoso símbolo da cultura ocidental. Ele, simplesmente, estava desesperado. A máquina do governo petista não respondia com eficácia sua ânsia de proteção. Os políticos corruptos marchavam para o matadouro, inertes, à espera da salvação mágica. Ele viria para reagrupá-los, derrotar a República de Curitiba e, certamente, encontrar um meio de financiar as relações obscenas alimentadas pelo mensalão e pelo assalto à Petrobras.
Sua meta conservadora é cristalina. E, ainda assim, algumas pessoas, militantes e intelectuais, continuam achando-o o caminho do futuro e classificando de reacionário quem se opõe a um projeto criminoso de poder. As hostes petistas receberiam ordens claras para achincalhar os adversários e intimidar os procuradores e policiais da Lava-Jato.
No princípio da semana, fui alvo de ataques desonestos dos sites pagos pelo governo. Talvez já fosse uma minúscula parte do plano. Não creio que quisessem me intimidar; estavam apenas exercitando os músculos. De todos as crises que vi no Brasil, esta tem uma singularidade: a tristeza de milhares de pessoas que acreditaram no poder transformador da esquerda no governo. Falei com alguns senadores que deixaram o PT. Estavam desolados, depois de tantos anos de trabalho. Pelo menos compreenderam a realidade e podem tentar outro caminho. Os oportunistas e carreiristas continuaram agarrados aos seus empregos.
O drama mesmo é dos que não suportam as dores da realidade e insistem na negação. Seguem o seu líder sem o bom senso de Sancho Pança. Não ousam dizer: “Mestre, olhe bem o que está dizendo’’.
No Brasil, pobre quando rouba vai preso, rico quando rouba ganha um ministério. Luiz Inácio da Silva, em 1988.
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