No Planalto, Dilma faz discurso de militante: 'Não vai ter golpe'; Na Odebrecht, "departamento de propina"
Na VEJA: No Planalto, Dilma faz discurso de militante: 'Não vai ter golpe'
A presidente Dilma Rousseff voltou nesta terça-feira a dar curso à estratégia petista de atacar o juiz federal Sergio Moro - e, deixando de lado o decoro que a função de chefe de Estado exige, adotou abertamente um discurso de militante do Partido dos Trabalhadores, além de transformar o Planalto em um palanque. Dilma chegou a dizer ao microfone a frase 'não vai ter golpe', transformada em mantra pelos movimentos de esquerda que insistem em comparar indevidamente um mecanismo previsto na Constituição ao golpe militar de 1964. A presidente ainda abriu os microfones do governo federal a um grupo de juristas chapa-branca dedicado a desferir ataques na cruzada petista contra o magistrado à frente da Operação Lava Jato. Eles também se levantaram contra o Ministério Público Federal e a campanha dez medidas contra a corrupção e repudiaram o apoio da Ordem dos Advogados do Brasil ao impeachment de Dilma.
Ao fim das quase três horas de discursos, Dilma afirmou que não há razão para o processo de impeachment em curso no Congresso Nacional e rechaçou a possibilidade de renunciar ao cargo. Ela disse que há em curso no país "uma conjuração que ameaça a normalidade democrática" e uma "ruptura institucional forjada nos porões da política". "Eu me dirijo a vocês com a consciência tranquila de não ter praticado qualquer ato ilício a caracterizar crime de responsabilidade", disse a presidente. "Não cometi crimes para interromper o meu mandato. É uma injustiça brutal. É uma ilegalidade. Já fui vítima dessa injustiça uma vez na ditadura e lutarei para não ser vítima de novo em plena democracia. Nesse caso não cabem meias palavras: o que está em curso é um golpe contra a democracia. Eu jamais renunciarei."
Presidente Dilma Rousseff comparece em reunião com juristas contra o impeachment, no Palácio do Planalto, em Brasília, nesta terça-feira (22)(Evaristo Sa/AFP)
Sem citar Moro, Dilma afirmou que o país precisa de juízes "sensatos, serenos e imparciais", ainda que tenham suas convicções partidárias. "A justiça brasileira fica enfraquecida e a constituição, rasgada, quando são gravados diálogos da presidente da República sem autorização do STF. Gravações que não dizem respeito ao objeto das investigações maculam imagem e invadem privacidade". A presidente ainda afirmou que o governo está "mobilizando a sociedade em mais uma campanha pela legalidade", em referência à campanha liderada por Leonel Brizola após o golpe militar.
A ofensiva do Executivo sobre o Judiciário ficou evidente na semana passada, quando Dilma acusou Moro de violar a Lei de Segurança Nacional ao suspender o sigilo de um grampo telefônico contra o ex-presidente e quase ministro Lula, no qual ela foi flagrada oferecendo ao antecessor o termo de posse antecipado para uso "em caso de necessidade" - uma espécie de salvo conduto contra pedidos de prisão.
Dilma chegou a dizer na sexta-feira que, no exterior, "quem grampeia presidente da República vai preso". No mesmo dia, a Ordem dos Advogados do Brasil decidiu apoiar o impeachment da presidente no Congresso Nacional. Mais de quinhentos juízes divulgaram carta de apoio a Moro. Ele também foi apoiado pelo Ministério Público, pela Associação dos Magistrados Brasileiros e pela Associação dos Juízes Federais do Brasil.
Entre os apoiadores de Dilma havia nesta terça-feira professores universitários, estudantes de Direito que militam no PT, juízes, ex-magistrados e advogados - inclusive Alberto Toron, que defendeu na Lava Jato o empreiteiro-delator Ricardo Pessoa, dono da UTC, e agora advoga para Fernando Bittar, apontado como laranja do ex-presidente Lula no sítio de Atibaia (SP). Em dezembro, Dilma já havia arregimentado e levado ao Palácio do Planalto um grupo de juristas simpatizantes para encontrar argumentos contra o processo de impeachment.
Dilma assistiu ao desfile de discursos chapa-branca ao lado dos ministros José Eduardo Cardozo (AGU) e Eugênio Aragão (Justiça). Cardozo disse que a Advocacia-Geral da União vai provocar o Supremo Tribunal Federal para que a corte defina "limites de atuação" de procuradores, juízes e policiais em relação ao sigilo telefônico nas investigações. Militantes do PT, da UNE e de movimentos sociais interromperam os discursos com gritos como "não vai ter golpe" e "A OAB apoiou a Ditadura". Dilma também recebeu notas de apoio de diferentes entidades. O ato político foi transmitido ao vivo pelo canal oficial do governo, NBR TV.
Moro não foi citado nominalmente, mas chamado de "juiz do principado de Curitiba" e comparado a um Führer - título associado ao líder do nazismo Adolf Hitler. Eles acusaram o juiz da 13ª Vara Federal de Curitiba de cometer crime, "arrombar a legalidade", e ainda pediram a prisão de Moro. "Se ele não está com um problema psicológico, ele é um criminoso. Se não tem que ir para o manicômio", disse o professor Marcelo Neves, da Faculdade de Direito de Brasília (UnB). "Nem juiz federal nem um ministro do STF estão acima da lei e da Constituição."
Neves disse que "às vezes é constrangedor" apoiar governos populares com integrantes envolvidos em escândalos de corrupção, mas disse que apontaria ilegalidades de uma ditadura judicial e do Estado policial no Brasil.
Ex-juiz federal e ex-presidente da Associação Nacional dos Juízes Federais, o governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB), disse que crescem dramaticamente no país forças fascistas na busca de "um Führer, um protetor". Ele citou o golpe militar de 1964 e emendou: "Ontem as forças armadas, hoje a toga supostamente imparcial e democrática". Dino afirmou que "os abusos de um juiz contaminam a ordem jurídica". "Poder judicial não pode mandar carta para passeata. Se procurador ou juiz quiser fazer passeata que peça demissão. Não use a toga para fazer política porque isso acaba por destruir o poder judiciário", disse.
LEIA MAIS:
Maria Lúcia detalha quem é quem na planilha da propina
O governador maranhense, que por anos criticou desmandos do clã Sarney em seu Estado, também minimizou o combate a corrupção e disse que esse foco é uma estratégia de luta política no país e serve para "esconder os verdadeiros problemas nacionais". "A maior corrupção que pode existir numa sociedade é a desigualdade a injustiça social. Aqueles que pretendem situar que apenas a corrupção no Estado deve ser combatida pretendem, na verdade, proteger seus privilégios de classe, de carta e de testamento."
O diretor da Faculdade de Direito do Recife, Francisco de Queiroz Bezerra Cavalcanti, disse que acelerar o processo de impeachment de Dilma na Câmara dos Deputados ajudaria a tornar mais lento o processo disciplinar por quebra de decoro contra o presidente da Casa, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), réu na Operação Lava Jato perante o Supremo. Ele afirmou que as pedaladas fiscais não justificam o impeachment e que os "bancos públicos receberam valores muitos maiores do que os pequenos atrasos por queda na arrecadação". "Para sermos coerentes, teríamos que afastar em torno de dezesseis governadores", ponderou Cavalcanti. "Estamos num tempo em que os golpes não são dados pelas forças armadas, os golpes são com artifícios jurídicos."
No ato político desta terça, Toron disse que as "autoridades que deveriam zelar pela aplicação do Direito e dos valores constitucionais descumprem perversamente mandamentos claros" e usam o princípio da proporcionalidade para "arrombar a legalidade": "É o que o juiz do principado de Curitiba tem feito. Vemos o próprio juiz do processo dando a público coisas que deveriam por força de lei serem mantidas em sigilo".
Assim como Toron, a juíza Gláucia Foley, do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios, criticou a campanha do Ministério Público "Dez medidas contra a Corrupção". Para ela, as propostas são "retrocessos em conquistas constitucionais". "Não se combate a corrupção corrompendo a Constituição", disse a magistrada simpatizante do governo Dilma.
Dilma usa o Palácio do Planalto como sede da conspiração contra a Constituição e o Supremo (por REINALDO AZEVEDO)
Infelizmente, a presidente Dilma Rousseff segue fazendo tudo errado, qualquer que seja o critério com que se a avalie. Erra de um ponto de vista legal, técnico, objetivo. Erra também como ser político que tem interesses. Resolveu, de modo deliberado, atuar contra a Constituição e as leis, o que é ruim para todos. E, a cada dia com menos soldados, decidiu elevar o tom da retórica, o que é corriqueiro entre os que estão acuados. E o resultado é sempre contraproducente.
A presidente e seus conselheiros de meia-pataca, no desespero, decidiram transformar o Palácio do Planalto numa espécie de “bunker” da resistência. Nos seus delírios dos últimos dias, a “presidenta”, como exige que se a chame, deve olhar para si mesma como se fosse um Salvador Allende — espero que não se deixe fotografar de metralhadora na mão…
Ocorre que, do lado de fora do Palácio, não há tanques, não há baionetas, não há militantes golpistas, não há ninguém rasgando a Constituição. O Palácio do Planalto não é e não será o Palácio de La Moneda. Não mandaremos nem mesmo os corruptos para o Estádio Mané Garrincha, como se mandaram os adversários do presidente chileno deposto para o Estádio Nacional. Nós os levaremos aos tribunais. Segundo as leis.
Publicidade
Hoje, a Constituição, continuamente rasgada ao longo desses mais de 13 anos, continua a ser vilipendiada é na sede do poder, transformado num palco de uma pantomima patética. E de novo nesta terça, quando sedizentes juristas foram emprestar a sua solidariedade à ainda presidente.
Vociferando a sua impotência, Dilma diz que não renuncia de jeito nenhum!
Que não renuncie! Será deposta pela Constituição.
Afrontando a Carta Magna, a Lei 1.079 e o Supremo, que definiu o rito do impeachment, disse a mandatária a uma plateia de acólitos:
“Nesse caso não cabem meias-palavras. O que está em curso é um golpe contra a democracia. Eu jamais renunciarei”.
O evento foi pomposamente batizado de “Encontro com Juristas pela Legalidade da Democracia”. Juristas? A maioria lá não tem uma miserável obra de referência, não escreveu um bendito livro. Aliás, essa mesma maioria não deve nem ter lido um livro em particular: a Constituição.
O juiz Sérgio Moro foi o alvo principal dos discursos furiosos, numa manobra que tem de primitivo o que tem de contraproducente. É contraproducente porque Moro é visto hoje, Brasil afora, como um herói por ter se identificado com a causa do combate à corrupção. Afrontá-lo com ofensas é uma burrice. E a coisa é primitiva, tolinha mesmo, porque eventuais exageros do juiz não servem para esconder os crimes cometidos.
Nova “Rede da Legalidade”
Os farsantes resolveram levar longe a ignomínia. Decidiram criar uma tal “Rede da Legalidade”, numa alusão à pressão feita por lideranças próximas a João Goulart, em 1961, para que assumisse a Presidência com a renúncia de Jânio Quadros. Boa parte do establishment militar não aceitava a sua posse.
A lembrança é infeliz até porque o desfecho é trágico. Goulart assumiu, mas com os poderes executivos transferidos a um primeiro-ministro. A solução durou pouco, e um plebiscito devolveu a Jango as prerrogativas presidenciais. Em 1964, veio o golpe.
Pois é… Desta feita, a Rede da Legalidade não é aquela que nasce dos palácios, como em 1964. A Rede da Legalidade é a que está nas ruas.
Ilegais, hoje, são aqueles que usam um prédio público, como é o Palácio do Planalto, para chamar de golpistas a Constituição, a lei e o Supremo.
Dilma já se levantou contra uma ditadura em nome de outra ditadura. Agora, ela se levanta contra a democracia em nome de um governo desmoralizado, cercado de ladrões por todos os lados.
Vice-presidente do Corinthians recebeu 500.000 em propinas na obra do Itaquerão
O corrupto de codinome “Timão” e senha “alface” recebeu da Odebrecht 500 mil reais em propinas pela obra da Arena do Corinthians.
Publicidade
No relatório da Polícia Federal, “Timão” é identificado como André Luiz de Oliveira: “É dirigente do Corinthians, o que justificaria, portanto, a utilização do codinome “Timão”, diz a PF.
Documentos apreendidos pela Polícia Federal mostram que o herdeiro do grupo Odebrecht, Marcelo Odebrecht, era o responsável direto pelo pagamento de propina ao marqueteiro do PT João Santana, ou 'Feira', na gíria dos criminosos. O empreiteiro aparece sob a sigla MBO em planilhas do chamado Setor de Operações Estruturadas - em bom português, o departamento de propina da empreiteira. O objetivo dos pagamentos, de acordo com os investigadores, era saldar compromissos assumidos pela empreiteira durante as eleições de 2014 "como provável contrapartida por contratos obtidos no âmbito da Petrobras". A PF cita ainda e-mails em que Odebrecht autoriza diretamente o pagamento a Feira e à mulher dele, Mônica Moura. (Carolina Farina, de São Paulo)
1 comentário
Ibovespa cai 2% e marca mínima desde junho após pacote fiscal desapontar
Dólar fecha perto dos R$6,00 com desconfiança do mercado sobre pacote fiscal
Taxas disparam após decepção com pacote e precificam 10% de chance de alta de 100 pontos-base da Selic
Ações europeias se recuperam com impulso de papéis de tecnologia e antes de dados de inflação
Dólar ultrapassa R$6,00 pela 1ª vez na história com reação do mercado à reforma do IR
Ibovespa recua com mercado torcendo o nariz para anúncio de pacote fiscal
Salvador Vera Reis Santa Tereza do Oeste - PR
Não pensem que a corrupção vai acabar simplesmente com a saída da Dilma e o PT..., a corrupção está impregnada na política nacional!!!.... É o caso do presidente câmara, do senado, do Aécio, do Alckimin, que também não são santinhos... e, é claro, também os deputados, senadores, governadores, prefeitos, vereadores, etc, ... a de se ter uma nova consciência nesse nosso País, e que surjam novas caras neste cenário nacional..., do contrário, os figurões de hoje vão fazer leis para enfraquecer o judiciário, ministério público e polícia... e a corrupção ficará ainda mais forte e devastadora.