BC anuncia redução de intervenção no câmbio com menor rolagem de swaps
BRASÍLIA (Reuters) - O Banco Central anunciou nesta quinta-feira que vai reduzir a intensidade das rolagens de swaps cambiais, contratos equivalentes a venda futura de dólares, por entender que o atual ambiente internacional permite rever suas posições em swaps.
Atualmente, o BC administra estoque correspondente a cerca de 110 bilhões de dólares em swaps, que oferecem aos investidores proteção contra altas fortes do dólar, distribuídos em diversos vencimentos no primeiro dia útil de cada mês.
A autoridade monetária diz que a atuação tem como objetivo oferecer proteção cambial aos agentes e moderar a volatilidade no câmbio. Alguns analistas, porém, criticam a estratégia, que tende a gerar custos para o BC quando a moeda norte-americana sobe.
No ano passado, as operações custaram ao BC cerca de 100 bilhões de reais pelo critério de competência, segundo dados da própria autoridade monetária, contribuindo para elevar o déficit nominal e a dívida bruta. Na dívida líquida, o resultado negativo é mais do que compensado pela valorização das reservas internacionais -- que tem impacto apenas contábil.
O BC rolou integralmente os últimos sete vencimentos, em meio a intensa volatilidade nas cotações. Antes disso, calibrava a proporção de rolagem para se adequar às condições de mercado.
A atuação voltou aos holofotes dos mercados nas últimas semanas, quando o BC desviou do script em suas intervenções. No dia 4 de março, vendeu apenas parcialmente a oferta de swaps em leilão diário para rolagem, quando o dólar desabava frente ao real.
A atuação levantou dúvidas sobre as intenções do BC, com alguns analistas sugerindo que a autoridade monetária gostaria de estabelecer um piso para a divisa. Cotações baixas do dólar podem prejudicar exportadores, enquanto cotações altas pressionam a inflação.
Depois disso, porém, o BC manteve as ofertas diárias e voltou a vender a oferta integral, indicando que ainda poderia rolar integralmente o lote que vence em abril, equivalente a 10,092 bilhões de dólares.
Após a divulgação de que o BC pretende reduzir a rolagem de swaps, o dólar saiu das mínimas da sessão. Ainda assim, a moeda norte-americana continuava em queda de mais de 2 por cento contra o real.
Após marcar no ano passado a maior alta anual em 13 anos, o dólar mudou de direção neste ano e passou a recuar firmemente em relação ao real. Neste ano até a véspera, a moeda norte-americana acumula queda de 5,29 por cento.
O movimento foi influenciado pelos mercados externos, onde sinais de desaceleração econômica vêm alimentando expectativas de que a política monetária dos principais bancos centrais deve continuar expansionista.
Além disso, porém, a perspectiva de que a presidente Dilma Rousseff seja afastada do governo, seja por impeachment ou cassação, vem desempenhando papel importante na queda do dólar.
Muitos investidores acreditam que a eventual mudança ajudaria o país a recuperar sua credibilidade entre agentes financeiros, embora alguns ressaltem que as turbulências políticas alimentam as incertezas.
(Por Alonso Soto em Brasília e Bruno Federowski em São Paulo)
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