Lula e Dilma se reúnem sobre ministério com Wagner, Mercadante, Barbosa e Berzoini
A presidente Dilma Rousseff voltou a se reunir na manhã desta quarta-feira com o ex-presidente Lula, depois de quatro horas de conversa na noite de ontem. Dessa vez, os ministros da Fazenda, Nelson Barbosa, e da Educação, Aloizio Mercadante, segundo o site do jornal O Estado de S.Paulo, também participam do encontro, além dos ministros da Casa Civil, Jaques Wagner, e da Secretaria de Governo, Ricardo Berzoini.
Está em pauta ainda a decisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva de assumir ou não um cargo de ministro no Palácio do Planalto. No jantar realizado nesta terça-feira, o petista disse à Dilma que precisa amarrar todas as pontas com o PMDB, para assegurar que o partido permaneça na base aliada, antes de decidir se ficará à frente da Secretaria de Governo. Lula é cotado para a Secretaria de Governo, comandada por Ricardo Berzoini, ou para substituir Jaques Wagner na Casa Civil - pastas hoje nas mãos de petistas, o que evita conflito com aliados da base para abrigar Lula.
Nesta terça, Lula mostrou dúvidas sobre a entrada na equipe e contou ter sido informado por integrantes do PMDB de que sua presença no ministério, nesse momento, não daria "governabilidade plena" a Dilma nem conseguiria, por si só, barrar o impeachment. O ex-presidente também disse que vai sondar novamente o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL). As ponderações de Lula surpreenderam Dilma e os ministros Jaques Wagner (Casa Civil) e Ricardo Berzoini (Secretaria de Governo), já que ele havia dito a amigos, horas antes do jantar no Alvorada, que aceitaria assumir a Secretaria de Governo.
Leia a notícia na íntegra no site da Veja.
No G1: Após encontro de 4 horas, Dilma e Lula voltam a se reunir nesta manhã de 4ª
A presidente Dilma Rousseff e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva retomaram na manhã desta quarta-feira (16) as conversas no Palácio da Alvorada para discutir a possível nomeação de Lula para um dos ministérios do governo. Lula chegou para o encontro com Dilma um pouco antes de 9h.
Na noite desta terça (15), Dilma e Lula se reuniram por cerca de quatro horas e meia para tratar do assunto, mas o encontro terminou sem definição. Segundo os colunistas do G1 e da GloboNews Gerson Camarotti e Cristiana Lôbo, ainda há detalhes a serem acertados antes de o anúncio ocorrer.
Além de Dilma e Lula, foram vistos entrando no Palácio da Alvorada nesta manhã os ministros Jaques Wagner (Casa Civil) e Nelson Barbosa (Fazenda).
Lula desembarcou em Brasília nesta terça-feira. A possibilidade de ele assumir um ministério vem sendo defendida desde as últimas semanas por Dilma, auxiliares dela, como Jaques Wagner, Berzoini e Edinho Silva (Comunicação Social), além de parlamentares, como o líder do governo na Câmara dos Deputados, José Guimarães (PT-CE).
Na semana passada, Dilma e Lula se encontraram em Brasília para avaliar a conjuntura política e discutir o assunto.
Segundo o G1 apurou, tanto Jaques Wagner quanto Ricardo Berzoini ofereceram a Lula seus postos no Palácio do Planalto. Na ocasião, Lula recusou a oferta. Conforme Cristiana Lôbo, o destino do ex-presidente pode ser a Casa Civil.
Leia a notícia na íntegra no site do G1.
Lula titubeia em ser ministro, mas deve anunciar decisão nesta manhã
Com dúvidas ainda se deve aceitar convite para entrar no governo federal, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva decidiu deixar para quarta-feira (16) a decisão de assumir um cargo na Esplanada dos Ministérios.
A Folha apurou que Lula saiu da conversa com a presidente mais propenso a aceitar o cargo, mas resolveu conversar ainda na madrugada desta quarta (16) com petistas e peemedebistas para ajudá-lo a tomar uma decisão.
No final do encontro com Dilma Rousseff, que durou mais de quatro horas, ele garantiu que dará uma resposta em café da manhã com a presidente marcado para a manhã desta quarta no Palácio da Alvorada.
Um ministro chegou a dizer que tem 90% de chance de Lula aceitar o convite e ele poderá ir ou para a Secretaria de Governo ou para a Casa Civil, esta última com mais chances de abrigar o ex-presidente.
Ao sair de São Paulo, na tarde desta terça-feira (15), Lula estava em dúvida em aceitar o convite, mas diante do apelo da presidente que era importante a sua presença para enfrentar a crise, o ex-presidente passou a avaliar a possibilidade de entrar no governo.
PMDB
Segundo relatos, ele demonstrou incerteza diante da avaliação de que o PMDB não garantia apoio ao governo federal com sua nomeação para a Secretaria de Governo.
Nas palavras do petista, é necessário construir um consenso com o partido aliado antes de sua entrada, se não ele pode se tornar um "elemento de desestabilização".
"Não vou entrar no governo a qualquer custo", desabafou.
Também pesou para a incerteza o fato de que sua família não ficaria protegida de um pedido de prisão do juiz Sergio Moro como ele e a maioria da população poderia criticá-lo por estar querendo fugir da Justiça.
A entrada de Lula é vista no governo federal como a salvação da presidente, mas é avaliada com preocupação pelo mercado.
CONVERSA À NOITE
Segundo a Folha apurou, Lula chegou a dizer a Dilma, no início do encontro à noite no Alvorada, que estava com dificuldades em aceitar e ainda não tinha condições de dar uma resposta a ela.
A presidente, contudo, fez um forte apelo a seu antecessor para que aceitasse seu convite.
O mesmo foi feito pelos ministros Jaques Wagner (Casa Civil) e Ricardo Berzoini (Secretaria de Governo), que também participaram do encontro.
Segundo eles, o governo entrou numa fase decisiva, com a necessidade de enfrentar a votação do pedido de abertura de impeachment, e precisa da ajuda do ex-presidente para ganhar a disputa.
A Lula foi dito que tudo pode acabar em 60 dias e que sua presença no governo será decisiva para o futuro da administração da petista.
Antes mesmo da chegada do petista a Brasília, no final da tarde desta terça-feira (15), a presidente já havia se antecipado e avisado um pouco antes ao ministro Ricardo Berzoini que Lula deveria ir para seu lugar, na Secretaria de Governo. A pasta é a responsável, hoje, pela articulação política do governo.
Na reunião com Dilma, o petista impôs algumas condições caso decida entrar no governo: autonomia na articulação política com a base aliada e mudanças na política econômica para garantir a retomada do crescimento.
PREOCUPAÇÕES NO MERCADO
Esta última condição que seria apresentada por Lula preocupa não só o mercado como interlocutores do ex-presidente no empresariado pelo receio de demandar medidas como venda de reservas internacionais, queda forçada dos juros e liberação de mais crédito na economia.
O fechamento do mercado nesta terça já refletiu esta preocupação. O dólar subiu 3%, a maior alta em cinco meses, fechando em R$ 3,764. Já A Bolsa de Valores registrou forte queda, de 3,56%.
O governo e amigos de Lula defendem a entrada do ex-presidente no governo sob o argumento de que ele poderá evitar a aprovação da abertura de um processo de impeachment na Câmara, evitando a queda de Dilma.
Já a oposição ataca a medida dizendo que seu objetivo é dar foro privilegiado ao ex-presidente e, com isso, evitar que ele seja preso.
Tucanos e democratas dizem que Lula está fugindo do juiz Sergio Moro, para quem foi transferida decisão do pedido de prisão feito pelo Ministério Público de São Paulo por suspeitas de favorecimentos no sítio de Atibaia e do tríplex do Guarujá.
Assessores de Dilma reconhecem que o governo e o ex-presidente serão criticados pela sua entrada no ministério, mas afirmam que o benefício final, evitar a abertura do impeachment, compensa o desgaste político.
DELAÇÃO DE DELCÍDIO
Na equipe da presidente, a única dúvida sobre uma resposta positiva nesta terça do ex-presidente passava pela homologação da delação do senador Delcídio do Amaral (PT-MS) feita pelo STF (Supremo Tribunal Federal).
A princípio, o governo avaliou que a informação, incluída na delação, de que o ministro Aloizio Mercadante (Educação) teria tentado comprar o silêncio do senador, poderia suspender a vinda de Lula para o ministério.
Depois de ter acesso à homologação e ao áudio da conversa entre Mercadante e um assessor de Delcídio, o Palácio do Planalto chegou à conclusão de que o caso não "era a bomba que todo mundo estava falando" e que não seria impedimento para Lula aceitar o convite.
Em desespero, Dilma tenta um autogolpe com Lula, por JOSIAS DE SOUZA (UOL)
O brasileiro já ouviu muitas histórias de gente tirando gênio de garrafas. Mas nunca antes na história desse país se ouvira falar de alguém obrigando o gênio a retornar à garrafa. Na versão de um ministro petista é o que Lula está fazendo com Dilma. Vendida em 2010 como gestora genial, ela foi convencida a entregar ao antecessor o futuro dos escombros que restaram do seu governo.
Numa tentativa desesperada de se livrar do impeachment, Dilma fará de Lula um superministro, com sala no Planalto. Ele chefiará a articulação política do governo e projetará sua sombra sobre toda a Esplanada, especialmente sobre a pasta da Fazenda. Depois de acusar os rivais de tramar um golpe, Dilma recorre a um autogolpe. Lula entrará pela porta dos fundos numa espécie de terceiro mandato.
A manobra envolve alto risco. Ao patrociná-la, Dilma como que exerce um dos poucos privilégios que ainda lhe restam —o privilégio de escolher seu próprio caminho para o inferno. Com o governo esfarelando-se, madame atrelou seu destino ao de Lula, divorciando-se definitivamente das ruas.
No último domingo, o asfalto roncara sobretudo para exigir o impeachment de Dilma e prestigiar Sérgio Moro, cacifando-o para punir inclusive Lula ‘Jararaca’ da Silva. Em resposta a essas demandas, Dilma resolveu unir o inútil ao desagradável: para se manter no cargo, concede à serpente o foro privilegiado dos ministros, livrando a cobra criada do PT dos rigores do juiz da Lava Jato.
O movimento é inútil porque, ainda que consiga deter o impeachment, o máximo que Lula fará por Dilma é acomodá-la no verbete da enciclopédia como a primeira pessoa na história a se tornar ex-presidente ainda no exercício da Presidência. É desagradável porque a presença de Lula na Esplanada, além de não ser um bom exemplo, é um péssimo aviso: o governo entrou na fase do vale-tudo.
Tomado pelo que se diz dele no Planalto, Lula retornará a Brasília para operar milagres. Na política, promete reagrupar o bloco partidário que dava suporte aos governos petistas no Congresso. Na economia, acena com uma reviravolta capaz de abreviar a retomada do crescimento. Falta combinar com a lógica.
Quando ainda era um presidente da República popular, Lula só conseguiu apoio no Congresso comprando aliados com o dinheiro sujo do mensalão e do petrolão. Os parlamentares governistas continuam com o mesmo código de barras na testa. Mas o governo, com a força-tarefa da Lava Jato no seu encalço, já não pode remunerá-los como antes. O novo superministro manuseará um orçamento em ruínas.
Não é só: retratado nas ruas como um boneco-presidiário batizado de Pixuleco, investigado por corrupção, tráfico de influência, lavagem de dinheiro e falsidade ideológica, Luís Inácio já não é o mesmo Lula da Silva. É nessa condição de ex-Lula que terá de convencer o PMDB, por exemplo, de que é mais negócio permanecer com Dilma do que colocar na cadeira dela o correligionário Michel Temer, seu substituto constitucional.
A contabilidade do impeachment favorece Dilma. Para aprovar o pedido na Câmara, os antagonistas do governo precisam reunir 342 votos. Para barrar o impedimento, o Planalto tem de juntar apenas 171 votos. Líder do governo na Câmara, o deputado José Guimarães (PT-CE) afirma que, se o governo não tiver algo como duzentos votos no plenário, é porque a propalada governabilidade já foi para o beleléu.
Na economia, a guinada defendida por Lula e seus devotos no PT passa pelo abandono de projetos como a reforma da Previdência e de estratégias como o rigor fiscal. Tudo em nome de uma hipotética retomada do crescimento ainda em 2016. Como se fosse possível colher bons indicadores sem plantá-los.
De resto, a aposta do Planalto na capacidade de Lula de fazer e acontecer desconsidera o fato de que a Lava Jato introduz na conjuntura muitas surpresas, espantos, choques, assombrações e uma certa dose de ‘sim senhor, quem diria?!?’.
Nesta segunda-feira, por exemplo, enquanto o morubixaba do PT se equipava para os novos desafios, veio à luz a notícia de que o ex-deputado federal Pedro Corrêa, cacique da tribo do PP, preso em Curitiba, fechou um acordo de delação premiada com a força-tarefa da Lava Jato.
Corrêa contou aos investigadores, entre outras coisas, que Lula tinha plena ciência das propinas que o PP beliscava na Petrobras. Aos pouquinhos, a turma de Curitiba vai fechando o cerco ao redor de Lula. Ainda que fuja de Sérgio Moro, o presidente informal da República terá de se entender com o STF. E já estão no forno novas delações.
Fica-se com a impressão de que Dilma passará a dispor não de um ministro providencial, mas de um cúmplice full time. De certo mesmo, o autogolpe propiciará, por enquanto, uma perda da dignidade funcional de uma presidente em apuros. E dignidade é como virgindade. Perdeu, está perdida. Não dá segunda safra.
Até o final da tarde dava-se como certa a indicação de que Lula assumiria a Secretaria de Governo; Dilma chama reunião para avaliar delação de Delcídio
Por Lisandra Paraguassu
BRASÍLIA (Reuters) - O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva aceitou ocupar um ministério no governo da presidente Dilma Rousseff e irá substituir Ricardo Berzoini na Secretaria de Governo, mas com mais poderes, informou à Reuters nesta terça-feira uma fonte do Palácio do Planalto.
O ex-presidente reúne-se, em Brasília, com Dilma para ter uma última conversa com a presidente sobre o cargo e acertar o formato do trabalho que fará no governo.
Havia dúvidas sobre qual pasta o ex-presidente aceitaria, Casa Civil ou Secretaria de Governo, já que a Casa Civil teria, em tese, mais poder. Contudo, a Casa Civil inclui também uma grande parte administrativa que Lula não gostaria de ter que lidar para poder se concentrar no rearranjo político do governo.
A chegada de Lula ao ministério foi cercada de críticas e especulações, uma vez que o ex-presidente tornou-se alvo da operação Lava Jato no começo deste mês. Além disso, o ex-presidente tem pendente um pedido de prisão preventiva contra ele feito pelo Ministério Público de São Paulo, mas será analisado pelo juiz federal Sérgio Moro.
Na condição de ministro, Lula passa a ter foro privilegiado e as ações contra ele são julgadas pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
EMERGÊNCIA
No final desta manhã, com a homologação e divulgação da delação premiada do senador Delcídio do Amaral (MS), a presidente convocou seus ministros mais próximos –entre eles José Eduardo Cardozo, da Advocacia-Geral da União, Jaques Wagner, da Casa Civil, Ricardo Berzoini, da Secretaria de Governo, e o chefe de gabinete da Presidência, Giles Azevedo–para uma reunião de emergência, tentando avaliar o impacto das novas denúncias.
De acordo com duas fontes palacianas, a presidente ficou assustada com o espectro da delação de Delcídio e sem condições de avaliar o impacto que as novas denúncias terão em seu governo.
Dilma convocou o ministro da Educação, Aloizio Mercadante, para dar explicações sobre as acusações de que teria oferecido dinheiro e ajuda a Delcídio, ex-líder do governo no Senado, para que ele não fizesse a delação.
Em entrevista coletiva, Mercadante negou que tenha tentado impedir a delação ou feito qualquer oferta de ajuda financeira a Delcídio.
Lula e Dilma são os mais citados por Delcídio em delação, Aécio também aparece
Por Eduardo Simões
SÃO PAULO (Reuters) - O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva é o político citado mais vezes na delação premiada do ex-líder do governo no Senado Delcídio do Amaral (MS) no âmbito da operação Lava Jato, homologada pelo ministro Teori Zavascki, do Supremo Tribunal Federal (STF) e divulgada nesta terça-feira.
Além do nome de Lula, que aparece mais de 180 vezes no documento, são citados nas acusações feitas pelo senador a presidente Dilma Rousseff (72 vezes) e o ministro da Educação, Aloizio Mercadante (35). O presidente do PSDB, senador Aécio Neves (MG), principal líder da oposição a Dilma, é mencionado 14 vezes no documento.
Mercadante, que aparece em uma conversa gravada com o assessor de Delcídio José Eduardo Marzagão e é acusado pelo senador de tentar evitar sua delação, negou as alegações e disse que a conversa com o assessor do senador foi um gesto de solidariedade.
Em nota, a presidente disse que "repudia com veemência e indignação a tentativa de envolvimento do seu nome na iniciativa pessoal do ministro Aloizio Mercadante". O ministro é um auxiliar próximo da presidente dentro do governo.
Entre outros diversos políticos de vários partidos aparecem os nomes dos peemedebistas Renan Calheiros (29 vezes) e Eduardo Cunha (20), que presidem o Senado e a Câmara dos Deputados, respectivamente. O nome do vice-presidente da República Michel Temer (PMDB) é visto em 11 ocasiões no documento de mais de 250 páginas.
No caso de Lula, o ex-presidente é acusado por Delcídio de ter agido diretamente para comprar o silêncio do ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró, na Lava Jato, e do publicitário Marcos Valério, no caso do mensalão.
De acordo com o documento da delação, o senador disse aos procuradores da Lava Jato que Lula lhe "pediu expressamente" para "ajudar" o pecuarista José Carlos Bumlai, amigo pessoal do ex-presidente que está preso, pois ele poderia ser implicado em uma delação de Cerveró, que foi titular da diretoria internacional da Petrobras.
"No caso, Delcídio intermediaria o pagamento de valores à família de Cerveró com recursos fornecidos por Bumlai", segundo o documento.
Delcídio, que pediu desfiliação do PT, foi preso em novembro do ano passado acusado de tentar atrapalhar a Lava Jato. Ele foi flagrado em um áudio feito sem seu conhecimento pelo filho de Cerveró em que aparece oferecendo dinheiro, influência política junto ao Judiciário e até uma rota de fuga para favorecer o ex-diretor da Petrobras.
Já no caso do mensalão, esquema de compra de apoio político durante o primeiro mandato de Lula, Delcídio afirmou que o ex-presidente e o ex- ministro Antonio Palocci, que ocupou a Fazenda no governo Lula e a Casa Civil no início do primeiro mandato de Dilma, atuaram para comprar o silêncio de Valério, principal operador do mensalão.
Ainda de acordo com o documento de delação do senador, o atual presidente do Instituto Lula, Paulo Okamotto, prometeu pagar uma dívida a Valério, no valor de 220 milhões de reais, em troca do silêncio do publicitário. Delcídio contou que se reuniu com Okamotto para que a promessa fosse cumprida e, posteriormente, com o próprio Lula.
No dia seguinte, o senador disse aos procuradores ter recebido um telefonema de Palocci no qual ele disse que assumiria os pagamentos a Valério.
"Marcos Valério recebeu, mas não a quantia integral pretendida. De todo modo, a história mostrou a contrapartida: Marcos Valério silenciou", conforme o documento da delação.
Lula foi o principal alvo da 24ª fase da Lava Jato no início de março.
Há expectativa de que o ex-presidente seja nomeado para o ministério de Dilma, em um movimento que lhe daria foro privilegiado junto ao Supremo na Lava Jato. Segundo uma fonte do Palácio do Planalto, Lula aceitou convite para ser ministro.
Procurado, o Instituto Lula disse que não comentaria a delação de Delcídio. "Quem quiser levantar suspeitas em relação ao ex-presidente Lula que o faça diretamente e apresente provas, ou não merecerá resposta", disse.
Dilma tem negado qualquer irregularidade e classificou dias atrás, quando parte do conteúdo da delação vazou na imprensa, que o senador agia por vingança.
Renan negou em nota as acusações e disse que as alegações são improcedentes. Questionado sobre sua citação por Delcídio, Cunha, por sua vez, respondeu aos jornalistas: "Acho que tem coisa muito mais grave aí para vocês se preocuparem."
A assessoria de Temer disse que "as declarações do senador Delcídio não procedem".
FURNAS E PASADENA
Na delação, Delcídio acusa Dilma de atuar ao lado do então ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, atualmente à frente da Advocacia-Geral da União (AGU), para tentar influenciar no andamento da Lava Jato por meio das indicações a tribunais superiores e de uma conversa com o presidente do Supremo, Ricardo Lewandowski, em Portugal em julho de 2015.
Segundo o documento, Delcídio afirmou aos procuradores que Dilma teve participação direta na nomeação de Cerveró para a diretoria financeira da BR Distribuidora e também tinha "pleno conhecimento de todo o processo" da compra pela Petrobras da refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos, que gerou prejuízo à estatal.
A presidente estava à frente do Conselho de Administração da Petrobras na época da compra da refinaria nos EUA.
A delação de Delcídio também envolveu Aécio, candidato derrotado por Dilma na eleição presidencial de 2014. O senador disse aos procuradores que o tucano era beneficiário de um esquema de corrupção na estatal do setor elétrico Furnas.
Delcídio afirmou que, em conversa com Lula, o ex-presidente lhe disse que Aécio lhe procurou para que Dimas Toledo, operador do esquema de corrupção em Furnas, fosse mantido no cargo.
O ex-líder do governo, que foi presidente da CPI mista dos Correios, que investigou o mensalão, afirmou que Aécio lhe enviou emissários para pedir o adiamento da entrega dos dados de sigilo do Banco Rural e que, uma vez entregues, esses dados foram "maquiados" para evitar implicações ao tucano, então governador de Minas Gerais.
Em nota, a assessoria de imprensa de Aécio disse que todas as citações de Delcídio ao senador são "falsas". "São citações mentirosas que não se sustentam na realidade e se referem apenas a 'ouvir dizer' de terceiros", afirma a nota.
(Reportagem adicional de Maria Carolina Marcello, em Brasília, e Caio Saad, no Rio de Janeiro)
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