Dólar salta mais de 3% e volta a R$ 4,10, com mercado testando o BC e cena externa
Por Bruno Federowski
SÃO PAULO (Reuters) - O dólar saltou mais de 3 por cento nesta segunda-feira e voltou ao patamar de 4,10 reais, com o mercado pressionando o Banco Central após reforçar a atuação no mercado de câmbio e diante do quadro de aversão a risco nas praças internacionais, além de preocupações com a possibilidade de novos rebaixamentos da classificação de risco do Brasil.
O dólar avançou 3,37 por cento, a 4,1095 reais na venda, maior alta desde 21 de setembro de 2011 (+3,75 por cento).
Na quinta-feira passada, a moeda norte-americana chegou a renovar o recorde intradia, a quase 4,25 reais, mas anulou praticamente todo esse avanço, terminando a semana com alta de apenas 0,44 por cento e abaixo de 4 reais, após o BC ter elevado suas ações no mercado de câmbio.
"O mercado está peitando o BC. Não tem refresco", disse o operador da corretora de um importante banco nacional, sob condição de anonimato.
Só nas três sessões anteriores, o BC atuou dez vezes --incluindo leilões de swaps para rolagem--, mas nunca vendendo dólares das reservas internacionais no mercado à vista.
Neste pregão, a autoridade monetária apenas deu continuidade à rolagem dos swaps cambiais, que equivalem a venda futura de dólares, que vencem em outubro. O BC vendeu a oferta total de até 9,45 mil contratos e, com isso, rolou 8,504 bilhões de dólares, ou cerca de 90 por cento do lote total, correspondente a 9,458 bilhões de dólares.
A atuação do BC tem vindo em conjunção com o Tesouro Nacional, que anunciou programa de leilões diários de venda e compra de títulos públicos. Na operação desta sessão, no entanto, não vendeu nem comprou papéis, impulsionando os juros futuros a uma forte alta.
No fim de semana, a presidente Dilma Rousseff afirmou que o governo está "extremamente" preocupado com a alta do dólar por conta de empresas endividadas na moeda norte-americana, mas afirmou que as reservas internacionais do país impedem que haja uma "disruptura" por conta do câmbio.
"Foi importante o BC entrar porque o mercado estava descontrolado, mas o mercado vai continuar em viés de alta enquanto esses problemas políticos e econômicos continuarem no radar", disse o operador da corretora Spinelli José Carlos Amado.
Ele se referia ao quadro conturbado na política e na economia local, o que vem alimentando expectativas de que o Brasil pode perder seu selo de bom pagador com outras agências além da Standard & Poor's.
O dólar ampliou o avanço na última hora da sessão devido a essa perspectiva, após o diretor-geral da Fitch para o Brasil, Rafael Guedes, repetir que a perspectiva negativa atribuída à nota de crédito do país significa que a agência vê chance de mais de 50 por cento de rebaixar o país nos próximos 12 a 18 meses. A agência colocou o rating brasileiro em perspectiva negativa em abril passado.
No entanto, Guedes também sinalizou que a agência não deve retirar do Brasil o selo de bom pagador quando tomar sua decisão sobre a nota ao afirmar que, "historicamente", a Fitch não corta rating em dois degraus, o que seria necessário para retirar o grau de investimento.
Nesta sessão, contribuiu também para a alta do dólar a aversão a risco nos mercados externos, com pressão sobre moedas emergentes como os pesos chileno e mexicano. Os mercados estão apreensivos com a possibilidade de o Federal Reserve, banco central norte-americano, elevar os juros ainda neste ano.
Pesaram ainda preocupações com o crescimento econômico mundial, especialmente em relação à China e economias emergentes no geral, que vêm reduzindo o apetite por ativos de risco.
0 comentário
Arthur Lira acena para avanço de projetos sobre “Reciprocidade Ambiental”
CMN amplia prazo para vencimento de crédito rural em cidades do RS atingidas por chuvas
Macron e Biden dizem que acordo de cessar-fogo no Líbano permitirá retorno da calma
Fed cita volatilidade e dúvidas sobre taxa neutra como motivos para ir devagar com cortes, diz ata
Gabinete de segurança de Israel aprova acordo de cessar-fogo com o Líbano
Ações europeias caem com temor sobre promessa de Trump de impor tarifas