(Reuters) - O Brasil anunciou neste domingo que reduzirá suas emissões de gases de efeito estufa em 43 por cento até 2030, mas a presidente Dilma Rousseff afirmou que o objetivo já inclui esforços realizados desde 2005 de combate ao desmatamento.
A presidente apresentou as metas do país durante discurso na Assembleia Geral das Nações Unidas em Nova York, afirmando que estas são tão ou mais ambiciosas que aquelas dos países mais desenvolvidos.
Países estão submetendo suas metas para reduzir as emissões antes das negociações globais sobre o clima em Paris mais tarde neste ano. Até agora, as metas são estimadas para limitar o aquecimento global a 3 graus Celsius.
Cientistas dizem que o aquecimento global precisa ser limitado a 2 graus Celsius para evitar a devastação por secas e a elevação do nível dos oceanos.
Dilma reafirmou o compromisso do país com o fim do desmatamento ilegal na Amazônia, como anunciado conjuntamente com o presidente norte-americano Barack Obama em junho, mas não declarou o fim do desmatamento em geral como esperado por alguns grupos ambientalistas.
Estimativas de pesquisadores brasileiros indicam que o desmatamento legal ainda pode ser realizado em uma área de cerca de 100 milhões de hectares, o equivalente ao tamanho da Colômbia.
O Brasil também pretende compensar o desmatamento regulado, mas a presidente não deu mais detalhes sobre o tema.
"O Brasil é um dos poucos países em desenvolvimento a assumir uma meta absoluta de redução de emissões", disse Dilma em seu discurso na ONU.
"Temos uma das maiores populações e PIB (Produto Interno Bruto) do mundo e nossas metas são tão ou mais ambiciosas que aquelas dos países desenvolvidos", completou.
O desmatamento no mundo responde por 15 por cento das emissões de gases do efeito estufa globalmente, o equivalente ao que é emitido pelo setor de transportes. O Brasil é o país com a maior floresta tropical do mundo.
O Brasil também planeja reduzir as emissões ao aumentar a participação de energia renováveis (excluindo as grandes hidrelétricas) em geração para 23 por cento até 2030 ante 15 por cento atualmente.
Apesar de as metas brasileiras serem uma das maiores anunciadas por qualquer país até agora, o fato de que leva em conta grandes cortes de emissões realizados na década passada podem torná-las insuficientes para evitar que a temperatura global aumente em mais de 2 graus Celsius.
Uma rede de ONGs brasileiras chamada Observatório do Clima havia pedido que a referência fosse 2010 para as metas do país, para sinalizar renovação de esforços.
De acordo com o SEEG, um sistema de medição independente, as emissões de gases do efeito estufa pelo Brasil já caíram 33 por cento de 2005 a 2013 devido a políticas bem sucedidas para a repressão de desmatamento ilegal.
"É significativo que o Brasil, entre os maiores emissores, tenha a maior meta de redução. Mas é insuficiente considerando o potencial que o país tem de fazer mais", disse Carlos Rittl, secretário-executivo do Observatório do Clima.
(Por Marcelo Teixeira)
Brasil promete reduzir as emissões de gases em 37% entre 2005 e 2025 (no EL PAÍS)
O Governo brasileiro se comprometeu neste domingo ante a ONUconseguir uma considerável redução das emissões de gases do efeito estufa na próxima década. A presidenta Dilma Rousseff prometeu na cúpula pelo desenvolvimento sustentável que o corte alcançará 37% em 2025 em comparação com a situação em 2005.
"O Brasil tem feito um esforço enorme para reduzir as emissões sem menosprezar a inclusão social. Temos diversificado as fontes de energia, investido em agricultura etemos reduzido o desmatamento da Amazônia”, disse a presidenta sobre o papel do país nesse âmbito, apesar da crise política e econômica que atravessa.
A presidenta brasileira disse estar confiante de que a Cúpula do Clima celebrada em dezembro em Paris trará um sistema com “responsabilidades comuns, mas diferenciadas”, já que as metas de desenvolvimento até 2030 aprovados na sexta-feira em Nova York, diferentemente das do Milênio, afeta a todos os países independentemente de seu nível de desenvolvimento, de modo que cada Estado deverá adaptar seu mapa de rota.
Dilma, que manhã falará de novo na Assembleia Geral da ONU, deixou claro que esses esforços pelo desenvolvimento sustentável não vão atrapalhar o crescimento econômico. Dilma disse ainda que o Brasil garantirá que as energias renováveis cheguem a responder por 45% de sua geração energética, quando a média global está em 13%. Também assinalou que tentará erradicar por completo o desmatamento ilegal na Amazônia.
Dilma usa economia para justificar emissões de gases estufa (na FOLHA)
A presidente Dilma Rousseff admitiu neste domingo (27) que o país vai cortar menos emissões de gases estufa do que tem cortado até agora. Ela afirmou que esse movimento é necessário para manter o crescimento econômico.
Em entrevista após o anúncio das metas climáticas, na ONU, Dilma afirmou que o país manterá o "horizonte" de redução das emissões, mas que "seria um esforço inaudito" manter o ritmo.
As emissões brasileiras de gases de efeito estufa caíram 41% entre 2005 e 2012 devido à redução do desmatamento, fazendo com que o país cumprisse a meta assumida na Cop-15 (conferência da ONU em Copenhague), em 2009. Na ocasião, o Brasil prometeu reduzir de 36% a 39% as emissões entre 2020 a 2025.
Neste domingo, Dilma disse que manteria o "horizonte", mas a um ritmo menor. "O crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) alimenta o crescimento de emissões", justificou. A projeção do Banco Central é que a economia do país se retraia em 2,7% neste ano.
MERCADO DE CARBONO
A presidente afirmou que o governo tem interesse no mercado de carbono, conceito em que se estipula um limite de emissões totais e as partes podem vender cotas excedentes.
Mas, para ela, a pequena participação do carvão na matriz energética brasileira faz com que o país seja mais um vendedor de cotas do que comprador.
Nesta semana, a China se comprometeu a implementar um mercado de carbono até 2017 como forma de reduzir as suas emissões de gases de efeito estufa.
A presidente elogiou a iniciativa, anunciada pelo presidente Xi Jinping ao lado do americano Barack Obama, em Washington. "O país deu e dá uma grande contribuição ao mundo", afirmou.
A presidente defendeu que países desenvolvidos se comprometam com metas maiores. "O Brasil e a China entramos, ambos, depois no processo de industrialização. O que acumulamos de emissão é menor do que qualquer país desenvolvido, por isso a Conferência de Kyoto criou o conceito de responsabilidade comum, porém diferenciada", disse.
USINAS
A presidente disse que a energia hidrelétrica é a melhor para garantir o aumento da participação de fontes renováveis na matriz energética, a despeito de questionamentos ambientais e sobre populações indígenas afetadas.
"Não estamos querendo ir para a Amazônia e colocar uma usina de carvão no meio da selva", argumentou. O país "não pode abrir mão" de hidrelétricas enquanto a tecnologia de estocagem de energia solar e eólica não se desenvolverem, disse.
Dilma afirmou que "a energia hidrelétrica, até agora, é a mais barata em termos do que ela dura, da sua manutenção e também pelo fato de a água ser gratuita e de a gente poder estocar".
"Um país do tamanho do Brasil não consegue se manter se não tiver energia de base, que, até hoje, são aquelas fósseis e físseis [nuclear]", como o gás, o carvão e o diesel, afirmou. A hidrelétrica, comparou, é mais "amigável" ao ambiente.
Dilma afirmou países que criticam o Brasil pelo uso de hidrelétricas exploraram em "85% a 90% de seu potencial hídrico e não abriram mão dele, porque é competitivo".
Vilson Ambrozi Chapadinha - MA
Desta vez será promessa cumprida. Com a recessão em curso, a redução será só consequencia...