Dólar sobe quase 2% e chega a atingir R$ 4,05, maior cotação da história; Bolsa cai 2,5%

Publicado em 22/09/2015 09:16

O dólar registra nesta terça-feira sua maior cotação desde a criação do Plano Real, em 1994, ultrapassando a barreira dos R$ 4. O dólar comercial opera em alta de 1,83%, cotado a R$ 4,053 para compra e a R$ 4,055 para venda. Na máxima da sessão, a divisa já atingiu a R$ 4,056. Na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa), as ações operam em forte queda, com 62 dos 64 papéis que acompanham o Ibovespa em terreno negativo. O índice de referência Ibovespa recua 2,54%, seguindo os mercados internacionais.

Se o câmbio encerrar nesse patamar, será a maior cotação da História da moeda americana contra o real. Até então, o recorde do câmbio, em valores de fechamento, havia sido os R$ 3,990 registrados em 10 de outubro de 2002. Naquele mesmo dia, a moeda americana havia atingido a máxima durante a sessão de R$ 4,005, mas fechou abaixo dos R$ 4. Naquela ocasião, semanas antes do segundo turno das eleições presidenciais, os investidores do mercado financeiro temiam as implicações da possível vitória do candidato do PT, Luiz Inácio Lula da Silva.

Hoje, a valorização do dólar se dá em contexto político tenso. O Congresso decide na noite desta terça se derruba ou não os 32 vetos da presidente Dilma Rousseff a medidas que aumentam gastos e podem inviabilizar o ajuste fiscal. Entre eles está o veto ao reajuste médio de 56% aos servidores do Poder Judiciário. Com medo de derrota, o próprio governo articula o adiamento ou o esvaziamento da sessão. O líder do governo no Senado, Delcídio Amaral (PT-MS), defendeu o cancelamento da sessão.

Leia a notícia na íntegra no site do Jornal O Globo

Dólar salta acima de R$ 4, máxima histórica, por preocupações locais e externas

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Por Bruno Federowski

SÃO PAULO (Reuters) - O dólar saltava mais de 1 por cento nesta terça-feira e superava 4 reais, nível intradia mais alto na história, com investidores apreensivos com a votação no Congresso dos vetos feitos pela presidente Dilma Rousseff e com a possibilidade de os juros subirem nos Estados Unidos ainda neste ano.

Às 11:22, o dólar avançava 1,55 por cento, a 4,0426 reais na venda, após atingir 4,0530 reais na máxima da sessão, maior nível durante os negócios, superando a marca anterior de 4 reais vista em outubro de 2002.

A moeda norte-americana também fortalecia intensamente contra as principais moedas emergentes, como os pesos chileno e mexicano.

"Essas dificuldades que o governo enfrenta no Congresso deixam o país quase ingovernável do ponto de vista fiscal", disse o operador da corretora SLW, João Paulo de Gracia Correa.

Investidores temem sobretudo que o Congresso derrube o veto ao reajuste dos servidores do Judiciário, dificultando ainda mais o ajuste das contas públicas e alimentando apostas de que o país pode perder o selo de bom pagador por outras agências de classificação de risco além da Standard & Poor's.

As preocupações seguiam fortes mesmo após o presidente da Câmara, Eduardo Cunha, defender que esse veto deveria ser mantido.

O panorama externo tampouco ajudava o ânimo dos investidores. O dólar subia globalmente após uma série de integrantes do Federal Reserve, banco central norte-americano, ressaltarem que podem dar início ao aperto monetário ainda neste ano, depois de postergar na semana passada esse movimento em meio a preocupações com a economia global.

Segundo operadores, a alta do dólar nesta sessão era acentuada também por operações de compras automáticas para limitar perdas, conhecidas como "stop-loss", ativadas pela disparada da moeda norte-americana. "É um movimento violento. Ninguém quer ser o último a comprar", resumiu o operador de uma corretora nacional.

O salto da moeda dos EUA alimentava também nas mesas de câmbio que o Banco Central pode ampliar ainda mais sua intervenção, uma vez que cotações mais altas tendem a pressionar a inflação já elevada.

Na véspera, o BC realizou leilão de venda de dólares com compromisso de recompra, mas o dólar ainda marcou o segundo maior fechamento contra o real na história. E não anunciou leilão de linha para esta sessão até o momento.

"(Resta) ao BC achar alguma saída para conter a desvalorização do real, pois leilão de linha não faz mais preço", escreveu o operador da corretora Correparti, em nota a clientes, Guilherme França Esquelbek.

O BC dará continuidade à rolagem dos swaps cambiais que vencem em outubro, com oferta de até 9,45 mil contratos, equivalentes a venda futura de dólares.

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Fonte:
Reuters

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1 comentário

  • Rodrigo Polo Pires Balneário Camboriú - SC

    Fiz uma conta rápida e vou reproduzir aqui: Considerando um custo de produção de 2.200 reais em janeiro 2015, o produtor que comprou todos os insumos nesse mesmo mes, teve um custo de 850 dólares na época. Se tivesse comprado 850 dólares em vez de insumos para plantar, teria em reais hoje 3.400 reais --, mais ou menos o lucro que o Valdir Fries falou em sua entrevista de hoje ao Noticias Agricolas. Com o dólar a 4 reais e soja a 65 reais temos que soja vale 16,25 dólares a saca. 16.25 dólares com produtividade média de 50 sacas/ha são 812 dólares. Como é simples para o governo ludibriar o produtor, com a ilusão de que este último é quem está ganhando dinheiro. Se forem calcular de diferentes formas, não esqueçam que manutenção de máquinas, da própria fazenda, aquisições de máquinas e equipamentos novos (custo do dinheiro, mais depreciação) também são custos de produção.

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