Levy nega que governo tenha falhado e pede responsabilidade de todos

Publicado em 10/09/2015 07:22

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SÃO PAULO (Reuters) - O ministro da Fazenda, Joaquim Levy, rejeitou a ideia de que o governo falhou ao não conseguir evitar que o Brasil perdesse o grau de investimento, e disse que chegou o momento de todos assumirem responsabilidade pelo ajuste fiscal, para evitar custos maiores para o país.

"Eu não acho que houve falha. Existe um problema difícil e um problema que só vai ser vencido se as pessoas olharem com responsabilidade", disse o ministro em entrevista ao Jornal da Globo, da TV Globo, na madrugada de quinta-feira.

"A gente tem dado um diagnóstico verdadeiro, transparente e agora as pessoas têm que tomar as suas responsabilidades, em todos os níveis."

Na quarta-feira, a agência de classificação de risco Standard & Poor's rebaixou a nota brasileira para BB+, retirando do país o selo de bom pagador. O corte na nota veio 10 dias após o governo apresentar uma proposta orçamentária para o próximo ano com um déficit de 30,5 bilhões de reais, diante da dificuldades em aprovar medidas para reequilibrar as contas e da queda da arrecadação.

"Se você faz, você colhe resultados. Se ficar na dúvida, se perguntando se vai ser muito difícil, você as vezes colhe resultados que são até dissabores", disse o ministro.

Levy disse que dentro de algumas semanas, após discussões com o Congresso, empresários e a população, o governo vai apresentar medidas para requilibrar o orçamento do próximo ano.

"A gente vai ter que fazer escolhas. Qual vai ser exatamente o imposto, quanto vai ser, quanto vai ser exatamente o corte, a gente vai conversar... e depois dessas conversas a gente vai propor. Eu acho que nas próximas semanas o governo vai ter que fazer isso com muita clareza", disse o ministro.

Levy também ressaltou a importância de o Congresso aprovar medidas que possam resultar em redução dos gastos do governo, como por exemplo com a Previdência.

"Se não aprova, a nossa dívida piora, o nosso crédito vai diminuir. O que aconteceu hoje (rebaixamento) vai diminuir o crédito para as empresas, vai diminuir o crédito para as pessoas. Então é preciso decidir, se a gente não tem coragem de decidir , você vai empurrando, empurrando, cada vez é mais caro de fazer."

(Por Raquel Stenzel)

Corte de nota abala apoio de classe C e empresariado a Dilma, avalia base

De ponta a ponta Congressistas do PT e do PMDB fizeram a mesma avaliação diante da retirada do grau de investimento do Brasil pela Standard & Poor’s. A decisão da agência fará Dilma Rousseff perder o apoio das duas pontas mais refratárias ao impeachment: o empresariado e as classes C e D. O sistema financeiro é, hoje, o principal lastro de Joaquim Levy. No outro extremo, o agravamento do desemprego e da recessão pode levar o eleitorado petista a engrossar as manifestações pelo “fora Dilma”. 

Septicemia Um senador petista, desolado, descrevia o quadro do governo Dilma Rousseff como o de um “paciente terminal”: “Uma hora para de funcionar um rim, dali a pouco é o coração que dá sinal de que vai pifar”

Hora De Michel Temer no jantar com governadores e congressistas do PMDB, na terça: “O momento não é de partido, não é de governo, é de pensar no país. Isso é que deve guiar nossas ações”. 

Sangue na água No dia seguinte à bomba da Standard & Poor’s, o ministro Nelson Barbosa (Planejamento) participa, de manhã, de audiência pública no maior auditório da Câmara, aberta a deputados e senadores.

Leia a notícia na íntegra no site da Folha de S.Paulo.

Ministro do Planejamento diz que Brasil continuará a honrar todos os pagamentos

BRASÍLIA (Reuters) - O ministro do Planejamento, Nelson Barbosa, afirmou nesta quarta-feira que a perda pelo Brasil do selo de bom pagador por uma agência de classificação de risco não muda a trajetória de recuperação da economia e assegurou que o país continuará honrando todos os seus compromissos financeiros.

No primeiro pronunciamento de um membro do governo sobre o rebaixamento, Barbosa tentou mostrar confiança em relação ao futuro do país, ao dizer que o rebaixamento será revertido à medida que as condições econômicas do país melhorarem.

"Em primeiro lugar eu queria transmitir uma mensagem de tranquilidade, uma mensagem de segurança para todos, porque continuaremos os esforço de melhorar o crescimento da economia, de melhorar a situação fiscal do Brasil", disse o ministro a jornalistas no Palácio do Planalto.

A agência de classificação de risco Standard & Poor's cortou nesta quarta-feira o rating do país para "BB+" ante "BBB-", colocando a nota brasileira em grau especulativo, 10 dias após o governo prever um inédito déficit primário na proposta orçamentária de 2016.

"Hoje houve uma mudança de avaliação de risco por parte de uma agência. Isso não muda uma trajetória de recuperação da economia brasileira, de construção de um equilibrio fiscal e mais importante: o governo brasileiro continua a honrar todos os seus compromissos, continua a honrar todos os seus contratos."

Barbosa disse que o Brasil vai se recuperar e que o governo está trabalhando em propostas para melhorar as contas públicas, principal preocupação das agências de risco com Brasil, sobretudo após proposta orçamentária deficitária para 2016.

A S&P, contudo, manteve a perspectiva negativa para a nota brasileira, o que significa que um novo rebaixamento pode ocorrer no curto prazo.

"Estamos construindo as condições para o reequilíbrio fiscal. Essa construção envolve várias frentes, medidas de controle de gastos, de recuperação de receita", disse Barbosa, acrescentando que o país passa por um "momento de dificuldade econômica que já ocorreu no passado e que outros países também já atravessaram".

"E nós vamos nos recuperar desse momento e eu tenho certeza que essa avaliação que foi feita hoje será revertida na medida em que as condições econômicas melhorem".

(Por Lisandra Paraguassu; Texto de Raquel Stenzel)

Ativos brasileiros sofrerão com perda do grau de investimento pela S&P

Por Paula Arend Laier

SÃO PAULO (Reuters) - A perda do selo de bom pagador do Brasil pela Standard & Poor's e a perspectiva negativa para o rating, o que indica possibilidade de novo rebaixamento adiante, devem derrubar os ativos locais na quinta-feira, com agentes econômicos prevendo que o dólar possa até superar os 3,90 reais.

Em um sinal claro de perspectiva de um dia agitado nos pregões domésticos, o Credit Suisse encaminhou aos clientes e-mail lembrando as regras para 'circuit breaker' da Bovespa, mecanismo de interrupção dos negócios na bolsa em caso de quedas expressivas a partir de 10 por cento.

A agência de classificação de risco S&P anunciou na quarta-feira, após o fechamento dos mercados, o corte do rating soberano do Brasil para "BB+" ante "BBB-", citando desafios políticos crescentes para permitir a melhora das contas públicas.

O economista Evandro Gambra Buccini, da Rio Bravo Investimentos, avalia como bem provável um dólar a 3,90 reais na quinta-feira, o que significaria uma valorização de mais de 2,5 por cento da moeda norte-americana no dia. No ano, o dólar já subiu mais de 40 por cento frente ao real, afetado pela expectativa de alta do juro nos Estados Unidos mas sobretudo pelo cenário político e econômico conturbado no Brasil.

"O pior de tudo foi a manutenção da perspectiva negativa, o que significa que pode ter mais um rebaixamento a qualquer momento", afirmou.

O ex-diretor do Banco Central e economista-chefe do banco Brasil Plural, Mario Mesquita, avalia que as outras principais agências de risco, Fitch e Moody's, devem seguir a S&P.

“Se o momento do rebaixamento foi um pouco surpreendente, a combinação de rebaixamento com 'outlook' negativo é uma verdadeira surpresa negativa”, disse em nota a clientes Mesquita, para quem o dólar pode até superar a barreira dos 3,90 reais na sessão de quinta.

Nos Estados Unidos, o iShares MSCI Brazil Capped ETF, índice composto de ações brasileiras, caiu mais de 7 por cento no 'after market'.

O estrategista da Icap, Juliano Ferreira, também destacou a velocidade das ações da S&P, "que havia revisado a perspectiva há pouco tempo (no fim de julho), o que mostra a total falta de credibilidade do Brasil com as agências".

Mais pessimista, Ferreira avalia que "nada do rebaixamento estava no preço de ativos locais, nem no dólar, nem nos juros, nem na Bovespa. A curva (dos contratos de DI na BM&F) como um todo vai sofrer, especialmente a parte longa".

"Se o câmbio sofrer um choque, que é o que eu acho que vai acontecer na quinta-feira, com cotações acima de 3,85 reais com certeza, podemos imaginar alta de mais de 0,25 ponto percentual (na taxa básica de juro Selic) ainda neste ano", afirmou.

Para o economista-chefe da Votorantim Corretora, Roberto Padovani, vai demorar para o país recuperar a condição de grau de investimento pela S&P. "Entramos numa espiral complicada que não sabemos quando acaba", afirmou.

(Reportagem adicional de Redação São Paulo)

 

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Fonte:
Reuters + Folha de S.Paulo

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