Dólar cai 1,07%, mas continua acima de R$ 3,80, após BC reforçar intervenção e com China
Por Bruno Federowski
SÃO PAULO (Reuters) - O dólar fechou em queda de 1 por cento sobre o real nesta terça-feira, após o Banco Central aumentar sua intervenção no câmbio e em meio ao renovado apetite por risco nos mercados externos diante do avanço das bolsas chinesas.
O dólar recuou 1,07 por cento, a 3,8190 reais na venda. Na mínima do dia, a moeda norte-americana perdeu 2,10 por cento, a 3,7793 reais.
Na sessão passada, a divisa dos Estados Unidos havia avançado 2,68 por cento e renovado a máxima em treze anos.
"O alívio do mercado hoje vem por causa dos leilões de linha do BC e dos mercados externos, com a alta da bolsa da China. Mas a tendência, no curto prazo, ainda é de alta (do dólar)", disse o operador da corretora Correparti Jefferson Luiz Rugik.
O BC ofertou até 3 bilhões de dólares em dois leilões, com datas de recompra do leilão "A" em 4 de novembro de 2015 e do leilão "B" em 2 de dezembro de 2015. As taxas de recompra dessas operações ficaram em 3,870071 e 3,908000 reais, respectivamente.
Na segunda-feira da semana passada, o BC já havia realizado um leilão de linha, com oferta de até 2,4 bilhões de dólares, e não havia mais anunciado outro até então.
Além disso, nesta manhã, o BC deu continuidade aos leilões de swaps cambiais para rolagem vendendo a oferta total de até 9,45 mil contratos, que equivalem a venda futura de dólares, para a rolagem do lote que vence em outubro. Ao todo, já rolou o correspondente a 2,278 bilhões de dólares, ou cerca de 24 por cento do total de 9,458 bilhões de dólares e, se continuar neste ritmo, vai recolocar o todo o lote até o fim deste mês.
O reforço na intervenção do BC vem em meio à escalada da moeda norte-americana diante de preocupações com a deterioração das contas públicas do Brasil, que poderia provocar a perda do selo de bom pagador do país, e com a desaceleração da economia chinesa. Nesta sessão, contudo, as bolsas chinesas subiram quase 3 por cento, trazendo de volta a demanda por ativos de maior risco, como aqueles denominados em reais.
Na semana passada, a Nomura Securities e o banco JPMorgan elevaram suas projeções para a moeda norte-americana, prevendo que encerrará o ano a 4 e 4,10 reais, respectivamente. As projeções anteriores eram de 3,40 e 3,55 reais.
Nesse contexto, o dólar não conseguiu se sustentar nas mínimas desta sessão, com operadores adotando cautela em meio à percepção de que o câmbio deve voltar a ser pressionado em breve. "O cenário interno está muito complicado. (O movimento desta sessão) é um respiro, não é o fim de todos os problemas", disse o superintendente de câmbio da corretora TOV, Reginaldo Siaca.
Cotações mais altas tendem a pressionar a inflação ao encarecer importados. De maneira geral, por outro lado, operadores avaliaram que o BC quer diminuir o ritmo do avanço do dólar frente ao real, e não impedi-lo, movimento que entendem como inevitável.
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