José Dirceu é preso na 17ª fase da Operação Lava Jato, Também são detidos irmão e secretário...

Publicado em 03/08/2015 07:57
na Reuters e VEJA

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(Reuters) - O ex-ministro da Casa Civil José Dirceu foi preso nesta segunda-feira em uma nova fase da operação Lava Jato, que investiga esquema bilionário de corrupção no país, informou a Polícia Federal.

Dirceu já estava cumprindo prisão domiciliar por sua condenação no Supremo Tribunal Federal (STF) no processo do mensalão. O ex-ministro teve o nome citado na Lava Jato por conta de pagamentos recebidos por sua empresa de consultoria.

A prisão de Dirceu fez parte da 17ª etapa da operação Lava Jato, segundo a PF. Foram expedidos 40 mandados judiciais, sendo três de prisão preventiva, cinco de prisão temporária, 26 de busca e apreensão e seis de condução coercitiva.

A Lava Jato investiga um esquema de corrupção principalmente na Petrobras, no qual empreiteiras formaram um cartel para vencerem contratos de obras da estatal. Em troca, pagavam propina a funcionários da empresa, a operadores que lavavam dinheiro do esquema, a políticos e partidos.

O ex-ministro da Casa Civil, José Dirceu, é preso pela PF na 17ª fase da operação da Lava Jato DE VOLTA PARA A CADEIA – Dirceu é preso pela Lava Jato(Dida Sampaio/Estadão Conteúdo)

 

Em VEJA: Lava Jato leva Dirceu de volta para a cadeia

Ex-ministro da Casa Civil foi preso nesta segunda-feira, na 17ª fase da operação, batizada de Pixuleco – termo usado por João Vaccari Neto para se referir à propina

 

Nove meses após deixar o presídio da Papuda para cumprir prisão domiciliar, o ex-ministro-chefe da Casa Civil e mensaleiro condenado José Dirceu volta para a cadeia nesta segunda-feira. Ele foi preso preventivamente pela Polícia Federal na 17ª fase da Operação Lava Jato e deverá ser transferido, após autorização do Supremo Tribunal Federal (STF), para a carceragem do órgão em Curitiba - cidade em que outro petista ilustre, o ex-tesoureiro do partido João Vaccari Neto, está preso desde abril. O nome desta fase da Lava Jato - Pixuleco - faz referência justamente ao termo que Vaccari usava para se referir ao dinheiro de propina com que a empreiteira UTC abastecia o caixa do PT. Foram presos também o irmão de Dirceu, Luiz Eduardo de Oliveira e Silva, na cidade paulista de Ribeirão Preto, e o carregador de malas do petista, Bob Marques. Agentes ainda realizaram buscas na casa de Dirceu em Brasília e apreenderam documentos.

O ex-ministro chegou pouco antes das 8h30 na Superintendência da PF em Brasília, em um camburão. A prisão de José Dirceu na Lava Jato era iminente - e ele sabia disso. Em um sinal de que ele não seria levado pela Polícia Federal sem um embate jurídico, a defesa do petista chegou a apresentar pedidos de habeas corpus preventivo. O recurso foi negado sumariamente e, no mérito, também rejeitado pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região. Dirceu cumpria prisão domiciliar em Brasília por ter sido condenado no julgamento do mensalão por corrupção ativa. Ele foi preso no início desta manhã após o juiz federal Sergio Moro ter determinado sua prisão preventiva - situação em não há tempo pré-determinado para a detenção.

'Bob' - Ao longo de mais de 500 dias da Operação Lava Jato, os indícios de participação de José Dirceu no esquema são vastos. A exemplo do deputado cassado Pedro Correa, mensaleiro como ele e também detido na Lava Jato, Dirceu foi apontado como destinatário de polpudas propinas pagas por empreiteiros ao longo de anos. Os favores entre os gigantes da construção e o ex-ministro eram camuflados, segundo o Ministério Público, em contratos falsos de consultoria por meio da empresa JD Consultoria e Assessoria, criada para simular a prestação de serviços de prospecção de negócios, e que tinha como sócio o irmão de Dirceu preso nesta segunda. A defesa do ex-ministro nega irregularidades e diz que a JD realmente prestou os serviços contratados.

Cinco gigantes da construção civil que integram o já notório Clube do Bilhão desembolsaram, no período de 2006 a 2013, pelo menos 8 milhões de reais para a JD Consultoria. Os valores são ainda maiores se somadas outras empreiteiras também citadas no escândalo do petrolão, como a Egesa, que transferiu sozinha 480.000 reais, e a Serveng, que liberou 432.000 reais para a JD. De acordo com documentos da Receita Federal, as empresas de construção foram generosas com os serviços de consultoria do ex-homem-forte do governo Lula: a OAS pagou quase 3 milhões de reais à empresa de Dirceu, com parcelas anuais de 360.000 reais. A UTC transferiu 2,3 milhões de reais. Engevix (1,1 milhão de reais), Galvão Engenharia (750.000 reais) e Camargo Corrêa (900.000) completam a lista de "clientes" da consultoria de José Dirceu. A relação entre José Dirceu e os financiadores do esquema do petrolão não para por aí: José Dirceu, registrado como "Bob" nas anotações dos empreiteiros apreendidas na Lava Jato, teve até um imóvel da filha em São Paulo pago pelo lobista Milton Pascowitch.

Na mira - A já complicada situação de José Dirceu se deteriorou ainda mais depois que os ex-companheiros do petista, que por anos o abasteceram com dinheiro, acabaram como delatores do petrolão e reforçaram os indícios de participação do petista no esquema que fraudou mais de 6 bilhões de reais em contratos. Além de Pascowitch ter apontado o caminho que levou à prisão do ex-ministro, outros depoimentos sobre os tentáculos do PT não deixam de ser menos espantosos: o ex-gerente da Petrobras Pedro Barusco estimou que o PT recebeu até 200 milhões de dólares em dinheiro sujo do esquema, enquanto o ex-vice-presidente comercial da gigante Camargo Corrêa, Eduardo Leite, afirmou às autoridades que a empresa pagou 63 milhões de reais para a diretoria de Serviços, então comandada por Renato Duque, aliado de Dirceu, e outros 47 milhões de reais para a Diretoria de Abastecimento da Petrobras.

Condenado no julgamento do mensalão por corrupção ativa, José Dirceu já era alvo de inquérito na Lava Jato. Ele teve os sigilos fiscal e bancário quebrados em janeiro após o Ministério Público, em parceria com a Receita Federal, ter feito uma varredura nas empreiteiras investigadas na lava Jato em busca de possíveis crimes tributários praticados pelos administradores da OAS, Camargo Correa, UTC/Constran, Galvão Engenharia, Mendes Junior, Engevix e Odebrecht. Os investigadores já haviam concluído que as empreiteiras cujas cúpulas são alvo de ações penais na Lava Jato, unidas em um cartel fraudaram contratos para a obtenção de obras da Petrobras, utilizavam empresas de fachada para dar ares de veracidade à movimentação milionária de recursos ilegais. Mas foi ao se debruçar sobre os lançamentos contábeis das empreiteiras, entre 2009 e 2013, que o Fisco encontrou o nome da consultoria de José Dirceu como destinatária de "expressivos valores" das empreiteiras.

 

As diferenças entre o Dirceu preso no mensalão e o que foi preso hoje

Esse Dirceu não existe mais

Esse Dirceu não existe mais

José Dirceu está preso novamente. A Lava-Jato pegou o ex-ministro hoje, numa prisão que pouco surpreende. Estava fartamente antecipada por todos os fatos que emergiram da lama do Petrolão desde o ano passado.

Dirceu  passou os últimos oito meses fora da cadeia, desde que o STF o liberou para ficar em prisão domiciliar, deprimido.

Quem o visitava neste período relatava o seu abatimento. Nem de longe lembrava o altivo militante que foi a vida inteira. Não existia mais aquele Zé Dirceu que ainda erguia os braços em sinal de revolta, como o do momento de sua prisão decretada por Joaquim Barbosa.

Estava magro, abatido, reclamando de abandono. E, acredite se quiser, reclamando de falta de dinheiro.

Por meio do seu entorno mais próximo, chegou a mandar recados a Lula. Quais eram esses recados?

Que desta vez não cairia sozinho. Falaria tudo o que sabe.

Apesar do seu real abatimento não se pode cravar essa ameaça como algo que se concretizará. Ainda é cedo para isso.

Por outro lado, é certo que sua prisão agora o pega em condições psicológicas muito diferentes da que ocorreu por ocasião do mensalão.

Uma coisa é certa: por tudo isso, Lula acordou hoje um pouco mais tenso do que foi dormir ontem.

Por Lauro Jardim

Pixuleco - Na 17ª fase da Operação Lava Jato, cerca de 200 agentes cumprem quarenta mandados em Brasília e nos estados de São Paulo e Rio de Janeiro: 26 de busca e apreensão, três de prisão preventiva, cinco de temporária e seis de condução coercitiva. A Justiça decretou, ainda, o sequestro de imóveis e bloqueio de ativos financeiros dos alvos da investigação. Entre os crimes investigados estão corrupção ativa e passiva, formação de quadrilha, falsidade ideológica e lavagem de dinheiro. De acordo com a PF, a Pixuleco mira "pagadores e recebedores de vantagens indevidas oriundas de contratos com o Poder Público".

Em depoimento prestado em acordo de delação premiada, o empreiteiro Ricardo Pessoa, da UTC, contou que conheceu Vaccari durante o primeiro governo Lula, mas foi só a partir de 2007 que a relação entre os dois se intensificou. Conforme revelou VEJA, o tesoureiro, segundo Pessoa, não gostava de mencionar a palavra propina, suborno, dinheiro ou algo que o valha. Por pudor, vergonha ou por mero despiste, ele buscava o "pixuleco". Assim, a reunião na sede da empreiteira terminava com a mochila do tesoureiro cheia de "pixulecos" de 50 e 100 reais. Mas, antes de sair, um último cuidado, segundo narrou Ricardo Pessoa: "Vaccari picotava a anotação e distribuía os pedaços em lixos diferentes".

 

Dirceu, a prisão e as ironias do destino

 

José Dirceu se sentia abandonado por companheiros de partido desde que caiu em desgraça com a condenação a sete anos e 11 meses por corrupção ativa no julgamento do mensalão. Longe das decisões de alta cúpula tomadas no Palácio do Planalto ou no Congresso Nacional, Dirceu passou nesta segunda-feira por uma daquelas ironias do destino quando foi levado por policiais de sua casa, no bairro nobre do Lago Sul, em Brasília, para a Superintendência da Polícia Federal, do outro lado da cidade. Pelos vidros do carro negro da PF, passou diante do imponente prédio da Procuradoria-geral da República, responsável pelas acusações que o levaram pela primeira vez para a cadeia. A menos de 500 metros dali, viu os contornos do Palácio do Planalto, onde ocupou o poderoso quarto andar na chefia da casa Civil do primeiro mandato de Lula até 16 de junho de 2005. (Hugo Marques e Laryssa Borges, de Brasília)

 

Prisão de Dirceu extirpa um pedaço do câncer do Brasil (por FELIPE MOURA BRASIL)

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Nosso herói Deltan Dallagnol, procurador da República, disse no domingo que a corrupção é um câncer que torna a sociedade doente, e a Operação Lava Jato é a cirurgia que vai extirpar essa doença.

Nesta segunda-feira, o mensaleiro petista José Dirceu, ex-homem-forte do governo Lula, foipreso (duplamente preso!) na 17ª fase da Lava Jato, batizada de Pixuleco em referência ao termo que o ex-tesoureiro petista João Vaccari Neto usava para se referir ao dinheiro de propina com que a empreiteira UTC abastecia o caixa do PT.

A prisão de Dirceu extirpa um pedaço do câncer do Brasil.

O petismo é a doença e a Lava Jato é a cura.

Felipe Moura Brasil ⎯ https://veja.abril.com.br/blog/felipe-moura-brasil

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Fonte:
Reuters + VEJA

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