Dilma tem avaliação de 75% de ruim ou péssimo, diz Vox Populi
Ruim ou péssimo (POR LAURO JARDIM, DE VEJA.COM):
O Palácio do Planalto recebeu há duas semanas uma pesquisa feita pelo Vox Populi que mostra o descolamento entre a popularidade de Dilma e dos governadores dos três estados mais importantes do Brasil.
Pela pesquisa, feita nas regiões metropolitanas de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais, o governo Dilma é visto como ruim ou péssimo por 75% dos entrevistados.
Entre os governadores, este percentual é de 25% para Geraldo Alckmin, 30% para Luiz Fernando Pezão e 16% para Fernando Pimentel (embora no caso mineiro, ressalte-se, a pesquisa tenha sido feita antes das revelações envolvendo a primeira-dama de Minas Gerais).
Por Lauro Jardim
NA FOLHA: Megafone sindical (coluna PAINEL):
Documento assinado pelo presidente da CUT, Vagner Freitas, e pela cúpula sindical do PT e dirigido aos delegados do congresso do partido acusa o governo Dilma Rousseff de ter promovido uma "guinada na política econômica, com ataques a direitos dos trabalhadores". O texto chama o ajuste fiscal construído pelo ministro Joaquim Levy (Fazenda) de "regressivo e recessivo", diz que ele coloca o PT "contra a classe trabalhadora" e insta o partido a ficar abertamente contra as medidas.
Inimigo externo Depois de distribuir bordoadas em Dilma e Levy, o texto dos sindicalistas culpa a mídia, o Judiciário e "partidos conservadores" por uma suposta tentativa de "abreviar o mandato" da presidente "e até mesmo levar à extinção do PT".
Do avesso As propostas do grupo da CUT para o congresso petista, que ocorre nos dias 11 e 12 em Salvador, incluem taxação de fortunas, heranças e lucro, usar tarifas públicas para controlar a inflação e redução dos juros.
De massa... Em sua fase de maior desgaste, o PT vai exibir duas propagandas na TV a partir deste sábado para resgatar momentos históricos do partido e tentar reconquistar sua base social.
... e de luta? A sigla vai citar a luta contra a ditadura e o combate à pobreza para dizer que "continua no lado certo" e "dos que mais precisam".
Segmentação A propaganda é voltada para simpatizantes petistas, e não para a população em geral. Um dos objetivos é neutralizar a imagem negativa do partido entre antigos eleitores.
Recado Também haverá um aceno aos grupos críticos ao ajuste fiscal de Levy, como a CUT. O partido voltará a atacar na TV a flexibilização da terceirização e afirmará que "vai lutar até o fim" contra a liberação indiscriminada.
Sem panelas Dilma e o ex-presidente Lula não aparecem nas novas peças, assinadas pelo publicitário Maurício Carvalho, egresso da equipe de João Santana.
TIROTEIO
O ajuste fiscal de Dilma vira desajuste a cada alta dos juros. O Brasil perde dinheiro mais rápido que a economia dos cortes de Levy.
DO DEPUTADO DANILO FORTE (PMDB-CE), sobre o efeito das sucessivas elevações da taxa Selic sobre a dívida pública e o resultado PIB.
ARTIGO DE DEMÉTRIO MAGNOLI (FOLHA DE S. PAULO):
Edinho, amor e ódio
Os malcriados que hoje vaiam assimilaram uma linguagem. Dizem, agora, que o "estrangeiro" é o PT
"Todo brasileiro já nasce sabendo conviver com as diferenças", diz a mensagem publicitária da Caixa, ilustrada por um garoto que veste uma camiseta com as cores de todos os times patrocinados pelo banco estatal. A Caixa não prega a tolerância por decisão própria, mas seguindo uma orientação do ministro da Secretaria de Comunicação Social (Secom), Edinho Silva. O menor dos problemas da campanha publicitária é que evidencia, uma vez mais, a apropriação partidária das estatais. O maior é que difunde um equívoco conceitual: a tolerância não é atributo inato de ninguém.
Guido Mantega, Alexandre Padilha e Fernando Haddad sofreram vaias e ofensas, respectivamente, num hospital, num restaurante e no teatro. A campanha de Edinho foi deflagrada como reação a ocorrências desse tipo, que atingem lideranças do PT. Os malcriados que se aproveitam do clima político nacional para constranger petistas só merecem desprezo: numa sociedade decente, políticos devem ter a liberdade de circular como cidadãos comuns sem serem importunados. Contudo o governo lembrou-se muito tarde da importância do amor --e finge não saber quem moveu o peão das brancas.
Nos tempos do mensalão, um assessor da deputada Erika Kokay (PT-DF) perseguiu Joaquim Barbosa em restaurantes de Brasília para ofendê-lo. Quando a blogueira cubana Yoani Sánchez visitou o Brasil, chusmas de militantes do PT e do PC do B foram orientados pela embaixada de Cuba a melar os lançamentos de seu livro. Um bando de militantes petistas impediu, pelo vandalismo, a realização de um debate com minha participação na Festa Literária Internacional de Cachoeira (BA). Tais episódios, entre tantos outros, tiveram como protagonistas grupos partidários organizados, não indivíduos isolados. O ódio era política oficial, antes da descoberta do amor.
A tolerância é um aprendizado democrático. Ela só prevalece se o outro não é visto como inimigo, mas como um de nós. A metáfora da Caixa é adequada, pois todos os times pertencem à mesma pátria: o futebol. Contudo, no poder, o lulopetismo ensinou o contrário disso. A pedagogia oficial do ódio assevera que o país se divide em "nós" e "eles". Mais: diz que "eles" não são brasileiros com opiniões políticas diferentes, mas estrangeiros ideológicos. Você será qualificado de racista se divergir das políticas raciais; de inimigo do povo, se contestar o populismo econômico; de agente das multinacionais, se apontar a ingerência partidária na Petrobras; de golpista, se criticar o governo. Na pátria que se confunde com o partido, dissentir equivale a trair.
A súbita irrupção do amor oficial não cancelou o ódio oficial. Dilma Rousseff insiste na fórmula binária dos "predadores internos" (leia-se: os corruptos) e dos "inimigos externos" (leia-se: a oposição) sempre que menciona a Petrobras. A palavra "golpismo" tornou-se marca registrada dos pronunciamentos do PT. A proposta de resolução partidária da corrente petista integrada pelo ministro José Eduardo Cardozo e pelo ex-ministro Tarso Genro denuncia um "golpismo econômico" que estaria materializado nas políticas de ajuste fiscal conduzidas por Joaquim Levy. Edinho é do amor, mas sua chefe e seu partido são do ódio.
Edinho é do amor? Com uma mão, a Caixa lançou sua nova campanha. Com a outra, prossegue sua antiga campanha de financiamento dos blogs oficialistas consagrados à difamação sistemática da oposição, dos críticos do governo e de juízes encarregados dos escândalos de corrupção. Jatos de puro ódio cintilam sob a película do amor.
Suspeito que, tipicamente, algum malcriado sugeriu que Mantega, Padilha ou Haddad se transfira para Cuba. É o avesso simétrico do que ensina há tanto tempo o lulopetismo. Os malcriados aprenderam um método, assimilaram uma linguagem. Dizem, agora, que o "estrangeiro" é o PT. De certo modo, o PT venceu.
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