Dólar fecha no maior nível em quase dois meses por pressão externa, a R$3,1638
Por Bruno Federowski
SÃO PAULO (Reuters) - O dólar fechou em alta ante o real nesta quinta-feira, reagindo ao cenário externo desfavorável, em meio a persistentes expectativas de que os juros dos Estados Unidos começarão a subir ainda neste ano e preocupações com os problemas envolvendo a dívida da Grécia.
A moeda norte-americana subiu 0,59 por cento, a 3,1638 reais na venda, renovando a máxima de fechamento desde 1º de abril, quando atingiu 3,1725 reais. Segundo dados da BM&F, o giro financeiro ficou em torno de 2,7 bilhões de dólares.
A divisa dos EUA tem avançado em relação às principais moedas nas últimas sessões, à medida que investidores se preparam para o eventual início do aperto monetário na maior economia do mundo, o que pode diminuir a atratividade de investimentos em outros mercados.
"Parece que está havendo uma mudança global de patamar do dólar por causa da normalização da política monetária dos EUA. O mercado começa a achar que isso não é temporário", disse o estrategista-chefe do Banco Mizuho, Luciano Rostagno.
O banco BNP Paribas estimou que a tendência de alta do dólar tem potencial de levar o real a cair mais 18 por cento em relação à moeda norte-americana até 2017.
Preocupações com os problemas envolvendo a dívida da Grécia também têm pesado, em meio a temores sobre um default e a possibilidade de o país deixar a zona do euro. A diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Christine Lagarde, afirmou a um jornal alemão que a saída da Grécia da zona do euro é possível.
No Brasil, investidores têm adotado uma postura defensiva em meio a atritos entre o Planalto e o Congresso, mesmo após a aprovação de três medidas provisórias que integram o ajuste fiscal.
"O governo ainda tem longo caminho para percorrer. As dificuldades políticas são importante sinal para empresários voltarem a investir em nossa economia e os sinais ainda são desanimadores nesse campo", escreveram analistas da corretora Lerosa Investimentos em relatório.
Nesta manhã, o BC brasileiro vendeu a oferta total de swaps para rolagem dos contratos que vencem em junho. O BC já rolou o equivalente a 7,488 bilhões de dólares, ou cerca de 78 por cento do lote total, que corresponde a 9,656 bilhões de dólares.
(Reportagem adicional de Flavia Bohone)
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