Na FOLHA: Mercedes pára produção e diz que terá de demitir 500 no ABC após fracasso no PDV

Publicado em 18/05/2015 22:19
por CLAUDIA ROLLI, da Folha de S. Paulo (+ Reuters)

Menos de um mês após os trabalhadores da Mercedes-Benz encerrarem uma greve em São Bernardo do Campo (SP), em razão da tentativa da montadora de demitir 500 funcionários, a empresa anunciou novo período de férias coletivas a fim de ajustar a produção à retração das vendas.

Por um período inicial de 15 dias, cerca de 7.000 empregados que produzem caminhões, ônibus, câmbio e motor devem permanecer em casa a partir de 1º de junho. A fábrica emprega, no ABC paulista, 10,5 mil pessoas, entre horistas e mensalistas.

  Fabio Braga/Folhapress  
Pátio de montadora lotado de automóveis
Pátio de montadora lotado de automóveis

Desde junho de 2014, a Mercedes mantém um grupo de 750 funcionários em "lay-off" (suspensão temporária do contrato de trabalho) em São Bernardo, além de ter já adotado medidas como semanas curtas (com quatro dias de produção), folgas coletivas, licenças remuneradas, "lay-offs" e programas de demissão voluntária para enfrentar a queda de até 40% nas vendas de caminhões e ônibus.

Como o PDV encerrado na semana passada teve baixa adesão (a empresa não divulgou números), a montadora informou que "precisa encerrar 500 contratos de trabalho do grupo hoje em 'lay-off' até o dia 29".

Na última tentativa de dispensar esse grupo, a montadora enfrentou uma greve de uma semana, no fim de abril. As demissões foram suspensas. Outros 250 empregados, com estabilidade por serem portadores de doenças profissionais, estão com contratos de trabalho suspensos até o fim de setembro.

Na unidade da Mercedes em Juiz de Fora (MG), cerca de cem operários também estão afastados temporariamente até o fim deste mês.

A companhia já informou que, além do grupo de 750 afastado da empresa, existe um excedente de 1.750 trabalhadores na empresa.

OUTRAS MONTADORAS

Na Ford, 2.400 empregados das linhas de produção de carros e caminhões da fábrica de São Bernardo (SP) estão em férias coletivas desde o dia 11 deste mês. A previsão é retornar à unidade na segunda-feira, dia 25. Um grupo de 200 operários está com contrato de trabalho suspenso por cinco meses.

Desde o dia 11 deste mês, a Fiat também concedeu férias coletivas para 2.000 funcionários de sua fábrica em Betim (MG) por 20 dias.

Volkswagen deixou cerca de 8.000 em casa, em férias coletivas, no início deste mês, segundo o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC.

Na GM (General Motors) de São Caetano, cerca de 900 funcionários, segundo o sindicato da categoria, devem entrar em "lay-off" a partir desta semana por um prazo de cinco meses. Em São José dos Campos (SP), outro grupo de cerca de 800 empregados está com contrato suspenso até agosto. 

Indústria automotiva brasileira tem pior abril desde 2007

A indústria brasileira de veículos teve queda de 21,7% na produção de abril sobre o mesmo período do ano passado, no pior resultado para o mês desde 2007, diante da forte queda do mercado interno e fraqueza nas exportações, que vem principalmente da crise na Argentina.

As montadoras instaladas no país produziram 217,1 mil automóveis, comerciais leves, caminhões e ônibus em abril, queda de 14,5% sobre março, segundo dados divulgados nesta quinta-feira pela associação que representa o setor, Anfavea. Em abril de 2007, a produção de veículos havia sido de 211.147 unidades.

No acumulado de janeiro ao mês passado, o setor teve produção de 881,8 mil unidades, queda de 17,5% sobre o mesmo período de 2014 e também pior desempenho para o período desde 2007.

Apesar da queda na produção, os estoques do setor voltaram a subir, atingindo 367,2 mil veículos no mês passado ante 360,4 mil em março. O volume é suficiente para atender 50 dias de vendas, considerando o ritmo de licenciamentos de abril, segundo a Anfavea.

A entidade reduziu no início de abril suas projeções para o ano, passando a esperar queda de 10% na produção de veículos deste ano, para 2,832 milhões de unidades. A entidade começou o ano esperando crescimento de 4,1%.

A expectativa para as vendas também foi mantida pela a entidade nesta quinta-feira. A previsão é de queda de 13,2%, para 3,038 milhões de veículos.

TENDÊNCIA CONTINUA

A indústria terminou abril com 139.580 postos de trabalho ocupados, uma redução de 9,5% ante o total verificado no mesmo período de 2014.

A queda na produção tende a se prolongar, uma vez que as montadoras seguem tomando medidas para se adaptarem ao recuo da demanda. Apenas nesta semana, por exemplo, Volkswagen paralisou sua fábrica em São Bernardo do Campo (SP) por 10 dias, segundo sindicato local, enquanto a Fiat concedeu férias coletivas para 2.000 funcionários de sua fábrica em Betim (MG) por 20 dias.

Segundo o presidente da entidade, Luiz Moan, os meses de maio e junho também devem ser ruins para o setor. "Maio e junho ainda serão meses bastante difíceis (...) Vamos aguardar o Plano Safra e as campanhas de vendas antes de revermos as previsões para o ano", disse ele a jornalistas.

"Temos sinais de que o pior já passou, mas é preciso a aprovação do ajuste fiscal pelo Congresso para ajustar as expectativas do mercado", disse Moan.

CAMINHÕES PARADOS

Em abril, a produção de caminhões, um importante indicador da confiança dos empresários para investir, caiu 44,3% sobre o mesmo período do ano passado, para 6.864 unidades, acumulando queda no quadrimestre de 45,2%.

Segundo a Anfavea, as vendas de veículos novos no Brasil em abril caíram 6,6% sobre março e 25,2% sobre o mesmo mês de 2014, a 219,3 mil unidades. Desde o início do ano, os licenciamentos registram tombo de 19,2% sobre o mesmo período de 2014, a 893,63 mil unidades.

Já as exportações de veículos no mês passado somaram 28.761 unidades, queda de 10,7 por cento sobre março e de 18,4 por cento sobre abril do ano passado, apesar do cenário cambial mais favorável, segundo os dados da Anfavea.

"Os números refletem a situação econômica da Argentina, nossa principal cliente no exterior. Estamos reforçando as vendas para outros mercados como México, Peru, Colômbia e África", disse Moan. (por Reuters)

Dez usinas de cana devem encerrar atividades

 

A União da Indústria da Cana-de-açúcar (Unica) estima que pelo menos outras dez usinas podem parar suas atividades este ano. Antonio de Padua Rodrigues, diretor técnico da entidade, afirma que há 80 usinas paradas. Deste total, 44 estão em recuperação judicial. Há ainda outras 23 unidades em recuperação judicial, mas que estão em operação.
De acordo com fontes de mercado, outras usinas deverão entrar em recuperação judicial ao longo dos próximos meses.
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Fonte:
Folha de S. Paulo + Reuters

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