Na FOLHA: Corrupção na Petrobras 'vem do governo Lula', diz Fernando Henrique
O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso afirmou nesta terça-feira (13), em Nova York, que o eventual processo de impeachment contra Dilma Rousseff não pode ser uma confusão "abstrata" e que não se deve personalizar na figura da presidente o escândalo de corrupção na Petrobras.
"Esses malfeitos vêm de outro governo, isso deve ficar bem claro. Vêm do governo Lula. Começou aí. Não é uma questão de personalizar, é um questão de procedimento", afirmou, depois de participar de seminário promovido pelo grupo Lide para investidores em Nova York.
FHC negou que sua fala no evento tenha sido pela conciliação com o governo Dilma. Mas pregou que deve haver algum grau de entendimento para que o país supere a crise econômica e política.
"Não estou falando de conciliação. Não estou de forma alguma dizendo que é necessário apoiar este governo, ou apoiar o PT", afirmou.
Questionado sobre por que propõe entendimento, uma vez que o PT passou 12 anos tentando desconstruir seu governo, FHC disse: "Se passaram 12 anos tentando me desconstruir, agora têm de lavar a língua".
Vera Magalhães/Folhapress | ||
Evento que homenageou os ex-presidentes Fernando Henrique Cardoso e Bill Clinton, em Nova York |
Questionado sobre a que tipo de entendimento se referia, disse que uma pré-condição para isso é que as investigações sobre corrupção sejam aprofundadas. "Precisamos passar a limpo o país."
Depois disso, ele defende uma mudança no sistema político e o apoio a medidas para superar a crise econômica. Sobre o fato de o PSDB ter votado contra uma das medidas provisórias do ajuste fiscal, disse que o pacote do governo precisavam mesmo ser revistas, e que não basta um ajuste de corte de gastos sem apontar saídas.
"Mais que de ajuste, o Brasil precisa de esperança. Para onde vamos? Está faltando isso", disse o ex-presidente.
Principal orador do evento e autor de uma fala igualmente conciliadora no seminário, o governador Geraldo Alckmin negou que ele e FHC integrem uma "ala moderada" do tucanato.
"Não é ala moderada, o PSDB é um só: oposição. É tão patriótico ser governo quanto ser oposição. Agora, nós temos que trabalhar, nós somos governantes. E São Paulo indo bem, ajuda o Brasil", afirmou o tucano, que havia feito uma palestra otimista sobre as perspectivas de investimento no Estado.
Evitando críticas diretas a Dilma, Alckmin disse que o governo "fez inúmeras opções erradas".
"É só pegar a situação econômica que estamos vendo. Sobre o ajuste fiscal, por exemplo, 90% é só sacrifício da população, aumento de imposto e cortar benefício. A parte do governo mesmo é muito tímida, quase não existente. E ajuste fiscal é uma pré-condição, ele não gera emprego nem desenvolvimento. O que gera é confiança, competitividade, produtividade", afirmou.
Com crise no PT, Lula tenta mobilizar esquerda para defender partido
Na tentativa de recuperar a imagem do PT, abalada com a Operação Lava Jato, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva programa para o final de junho um cronograma de encontros e reuniões pelo país com movimentos sociais e centrais sindicais.
O objetivo do périplo é recuperar o apoio da base social da sigla, reaproximá-la do partido e mobilizá-la na defesa dos 12 anos da legenda à frente do governo federal.
A intenção do petista é priorizar a visita a estados onde o partido tem apoio mais consolidado e obteve vantagem nas urnas no segundo turno da disputa presidencial do ano passado, como Minas Gerais, Rio de Janeiro, Bahia, Pernambuco, Ceará e Rio Grande do Norte.
Ele pretende também incluir no roteiro grandes cidades com tradicional militância petista, como Campinas (SP) e Porto Alegre (RS). Na semana passada, Lula esteve no Acre.
A avaliação dele e da cúpula nacional da sigla é de que a reaproximação com a esquerda é um movimento necessário para superar a crise política e garantir que o PT chegue competitivo à disputa eleitoral de 2018.
Na festa do Primeiro de Maio, organizada na capital paulista pela CUT (Central Única dos Trabalhadores), o petista havia sinalizado que faria viagens pelo país.
Segundo aliados e assessores, o ex-presidente tem demonstrado preocupação com manifestações de hostilidade contra a presidente Dilma Rousseff (PT) e com o crescimento da rejeição ao partido em setores da sociedade.
CRÍTICAS
Em conversas recentes, ele reclamou da atuação do governo federal diante da atual crise política. Segundo ele, em vez de adotar uma agenda positiva, o Palácio do Planalto tem se concentrado apenas no ajuste fiscal, tema considerado impopular.
Nesta terça (12), Lula chegou a criticar a maneira como o ajuste fiscal está sendo feito, dizendo que foi erro mudar as regras do seguro-desemprego por medida provisória.
Além disso, de acordo com relatos de petistas, o ex-presidente lembrou que, em cinco meses, a presidente não lançou ainda programas ou iniciativas que possam se tornar marcas de seu segundo mandato.
Sob influência de seu antecessor no Palácio do Planalto, Dilma iniciou desde o final do mês passado esforço de reaproximação com centrais sindicais e movimentos sociais.
A presidente reuniu-se com representantes do Conselho Nacional de Saúde, da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura e de centrais sindicais.
A Secretaria Geral da Presidência da República articula ainda agenda de encontros da petista com outros movimentos sociais, entre eles entidades de defesa dos direitos humanos, da igualdade racial e de gênero e de combate à miséria.
Manifestantes planejam abaixar as calças na sessão de votação do ajuste
A votação da segunda medida provisória do ajuste fiscal do governo, programada para a tarde desta quarta-feira (13) no plenário da Câmara, pode ser marcada por novo protesto capitaneado pela Força Sindical do deputado Paulo Pereira da Silva (SD-SP).
Integrantes da Polícia Legislativa da Câmara disseram à Folha, sob condição de anonimato, que receberam da cúpula da Casa a informação extraoficial de que manifestantes farão nas galerias do plenário, durante a votação, o popularmente conhecido "bundalelê", ato de abaixar as calças e mostrar as nádegas.
Segundo esses servidores, há uma espécie de acerto tácito entre Paulinho, como é conhecido o líder da Força Sindical, e o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que é seu aliado.
A Polícia Legislativa teria sido orientada a não reagir de imediato, pois já estaria acertado que Cunha irá repreender imediatamente a atitude, ordenando o esvaziamento ordeiro das galerias.
O presidente da Câmara negou, via assessoria, que tenha conhecimento de qualquer protesto. Ele afirmou que distribuirá as senhas de acesso às galerias aos partidos e que se alguém faltar com o respeito será retirado.
Paulinho afirmou que cerca de 250 manifestantes irão ocupar as galerias. A medida provisória a ser votada nesta quarta, a 664, restringe direitos previdenciários.
PETRODÓLARES
Na semana passada, durante a votação da primeira medida provisória do pacote, a que restringia direitos trabalhistas, os manifestantes da Força interromperam a sessão com palavras de ordem e despejaram sobre a parte do plenário onde se concentram os petistas uma "chuva de petrodólares", réplicas de notas com as imagens de Lula, Dilma e do ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto.
Na ocasião, Cunha ordenou a retirada dos manifestantes após a realização do ato.
Nesta terça-feira (12), Paulinho comandou nova manifestação na Câmara. Idosos percorreram os corredores fantasiados com faixas e curativos, alguns deles com bolsas de soro.
Para esta quarta-feira, o deputado promete "fazer o circo pegar fogo". "Amanhã o bicho vai pegar", disse ao final da manifestação.
Apoiadores de uma das bandeiras do empresariado nacional, a regulamentação das terceirizações, Paulinho e Cunha foram alvos do PT e da CUT (Central Única dos Trabalhadores) durante a tramitação da proposta, há algumas semanas. Na ocasião, Cunha proibiu a entrada de manifestantes da CUT, que entraram em confronto com a Polícia Militar do lado de fora da Câmara.
PP e PDT ameaçam votar contra ajuste e Temer tenta conter dissidências
Horas antes de a segunda Medida Provisória do pacote do ajuste fiscal ser votada no plenário da Câmara, nesta quarta-feira (13), dois partidos da base aliada, PP e PDT, ameaçavam votar contra a MP 664, que restringe benefícios previdenciários.
Preocupado com uma possível derrota do governo, o vice-presidente Michel Temer (PMDB) passou a manhã desta quarta reunido em sua residência oficial, o Palácio do Jaburu, com ministros da área econômica e líderes da base para tentar conter as defecções, principalmente de PP, PR e PC do B.
Completamente dissidente na votação da primeira medida do ajuste, que endurecia o acesso a benefícios trabalhistas, o PDT não mandou representante ao Jaburu, mas fez chegar a Temer que, mais uma vez, não deve apoiar o Planalto. Todos os 19 deputados pedetistas foram contrários à MP 665 na semana passada.
O PP passou a ser a maior preocupação de Temer. Na votação da MP 665, 18 dos 39 deputados do partido foram contra a medida do governo.
Nesta quarta, o líder do PP na Câmara, deputado Dudu da Fonte (PE), esticou ainda mais a corda. Ele discorda do pedido do governo de aprovar a MP 664 sem emendas, e vai discutir a proposta com a bancada pepista em reunião na tarde desta quarta.
Interlocutores do Planalto afirmam que a questão das emendas não é central para o PP. Líderes reclamam que cargos de segundo e terceiro escalão do governo não foram ainda liberados para a legenda.
O PC do B reclama da questão do fator previdenciário. O discurso do governo de que não irá discutir o fato na MP e que a presidente Dilma vai instaurar um fórum para que a discussão sobre o tema seja feito não convenceu.
Apesar das negociações ainda em curso, Temer afirmou ao final da reunião no Jaburu que "a tendência é de aprovação" da MP 664 pela Câmara "com adesão maior da base".
O líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE), por sua vez, disse que espera superar a margem de 25 votos pró-governo da votação da primeira medida, na semana passada. "A votação será bem melhor", disse.
DEM
Surpresa da votação da primeira medida provisória do pacote de Dilma, o oposicionista DEM promete reduzir à metade, nesta quarta, a dissidência pró-governo.
Na semana passada, 8 dos 22 integrantes do partido apoiaram o ajuste fiscal de Dilma devido, principalmente, à influência do prefeito de Salvador, ACM Neto (DEM), que tem mantido boas relações com o governo federal.
Em crise devido ao choque entre o discurso radicalmente de oposição e a dissidência de um terço dos deputados, a bancada se reuniu na noite de terça (12) e, segundo o líder do partido na Câmara, Mendonça Filho (PE), só quatro deputados continuarão a apoiar o pacote: Rodrigo Maia (RJ), ex-presidente nacional da legenda, José Carlos Aleluia (BA), Cláudio Cajado (BA) e Marcelo Aguiar (SP).
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