Dia das Mães: Dilma desiste novamente de falar na TV. Hoje tem panelaço
Publicado em 05/05/2015 03:36
e atualizado em 05/05/2015 04:11
Levantamento de VEJA mostra 10 vezes em que Dilma poderia ter ficado calada - como neste 1º de Maio
Assim como fez no Dia do Trabalhador, a presidente Dilma Rousseff vai usar as redes sociais para fazer seu pronunciamento no Dia das Mães, no próximo domingo, dia 10. Alvo de panelaços em diversos Estados durante o Dia Internacional da Mulher, a presidente tem evitado discursar em cadeia nacional. Dois anos atrás, antes de sua popularidade despencar, Dilma optou por falar no rádio e na TV nas três datas. No ano passado, ela falou em cadeia nacional nos dias da Mulher e do Trabalhador, mas limitou-se a usar o Twitter no Dia das Mães.
Para não se expor a protestos, Dilma decidiu este ano também não aparecer nesta terça-feira no programa partidário do PT na televisão, segundo o jornalFolha de S. Paulo - ainda não está definido se imagens da presidente serão exibidas, mas não haverá um depoimento dela. Movimentos de oposição à presidente organizam um novo panelaço durante a exibição do programa partidário do PT, a partir das 20 horas. (Victor Fernandes, da equipe de VEJA em São Paulo).
As cascatas do PT no horário político. Ou: Quem não tem o que dizer diz qualquer coisa… Ou: Ache logo a panela velha (por Reinaldo Azevedo)
Já há gente marcando um panelaço para as 20h30 desta terça, quando vai ao ar o horário político do PT. Não sei se acontece. É um programa curto, de 10 minutos apenas, e pode não haver tempo de escolher qual utensílio pode ser amassado. Não vale a pena estragar panela boa com o PT. Prudente desta feita, o que não é regra, a presidente Dilma Rousseff resolveu não dar as caras. Os âncoras políticos do programa serão Lula e Rui Falcão, presidente da legenda. A coisa está tão ruim para o lado do partido que não lhe restou alternativa a não ser percorrer o caminho do ridículo.
A legenda vai dizer que todas as pessoas que forem condenadas ao fim do processo judicial serão expulsas. Suspeito que esse “fim” queira dizer quando não couber mais recurso. Vai demorar uma enormidade. Mas isso ainda é o de menos. José Dirceu, José Genoino e Delúbio Soares foram condenados no processo do mensalão e continuam no PT. Delúbio, diga-se, chegou a ser posto pra fora — formalmente apenas. Depois foi aceito de volta com tapete vermelho e tudo. É que os petistas precisam dizer alguma coisa, nem que seja qualquer coisa.
O programa, claro!, não cita a Operação Lava Jato, até porque sucessivos documentos do partido veem na investigação apenas uma conspiração antipetista. E se afirma que também há nomes da oposição. Há apenas um: o senador Antonio Anastasia (PSDB-MG). A acusação contra ele é de uma espantosa fragilidade. Desconfio que o nome foi incluído na lista apenas para que o PT pudesse dizer coisas como essa.
Os petistas vão investir na tese absurda de que, na origem dos males, está o financiamento de campanhas por empresas e vai anunciar a disposição de não mais receber doações dessa natureza. Que fique claro: o PT está se comprometendo a não mais receber doação legal de empresas. Ocorre que o petrolão e o mensalão lidavam com doações ilegais, que, por óbvio, já eram proibidas. É uma piada.
Os petistas tratam do ajuste fiscal de maneira, vamos dizer, preguiçosa para quem fala em nome do principal partido do governo. Destacam que ele não pode prejudicar os mais pobres. Não fica claro o que isso quer dizer. Mas a legenda decidiu apresentar o seu cavalo de batalha: um certo imposto contra grandes fortunas. Pois é… O PT, um partido de trabalhadores, é hoje o maior manancial de consultores de empresas do país. Entre seus gênios, há José Dirceu, Antonio Palocci, o próprio Lula, Fernando Pimentel e até Cândido Vaccarezza. Haverá o dia em que até Sibá Machado vai dar aula de capitalismo. Mesmo assim, os valentes querem brincar de sobretaxar os ricos.
Lula anuncia ainda a luta contra a terceirização, que, se aprovada, diz ele, levará o país ao retrocesso, ao tempo em que os trabalhadores não tinham direitos. Trata-se de uma daquelas simplificações baratas e grosseiras nas quais ele é mestre inconteste.
Escolham logo a panela. É às 20h30.
Por Reinaldo Azevedo
na folha, artigo de CARLOS HEITOR CONY:
O pão e a vaia
RIO DE JANEIRO - Pode não ser verdade, mas o episódio é tão conhecido que, embora falso, a história o registrou. Na Revolução Francesa, o povo de Paris foi a Versalhes pedir pão ao rei Luís 16, que nem teve coragem de chegar a uma das janelas do seu palácio e dizer alguma coisa aos manifestantes irritados. Maria Antonieta, sua mulher e rainha, perguntou a um dos nobres que a acompanhavam o que o povo queria: "Pão". Admirada, a rainha respondeu: "Por que eles não comem bolos?"
No último 1º de Maio, dona Dilma nem quis perguntar nada. Contrariando a tradição, ela nem falou de corpo presente, preferiu uma rede social, privilégio ainda de uma minoria. Medo da vaia ou do panelaço. Certamente dos dois.
Não desejo uma guilhotina para ela. Mas invocar a Bolsa Família ou a Minha Casa, Minha Vida, dois programas assistenciais, não compensam as maravilhosas promessas de sua campanha para o segundo mandato. Podem ser consideradas um estelionato eleitoral.
Ela sequer mencionou os recentes escândalos de seu partido e na perspectiva histórica de seu governo como um todo. Não me dei ao respeito de ouvir a sua saudação no Dia do Trabalho. Acredito que ela tenha falado na corrupção dos outros, somente para repetir um dos mantras de sua campanha e de suas falas de quase todos os dias: o combate "inflexível" à corrupção --estou usando o "inflexível" como gentil homenagem ao lugar comum que a presidente tanto aprecia.
Por falar em mantra, usarei o meu: dona Dilma ainda não merece um impeachment, mas a honra da nação merece uma investigação isenta e honesta sobre a sua possível responsabilidade nos recentes escândalos. Por ora, não é caso para a guilhotina do impedimento, mas explica o seu receio e até mesmo seu pavor de enfrentar o povo que ela iludiu.
10 vezes em que Dilma perdeu chance de ficar calada em 2015
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Bem explicado
"Eu quero explicar uma coisa do ajuste. Todo mundo acha que o ajuste tira. O ajuste não tira, o reajuste.... o ajuste reajusta. Vou explicar o que é isso. O meu PSI do passado, estou falando o meu no sentido o seguinte: aquele PSI do passado, ele era 2,5%, 4%. Hoje, os juros são maiores. Porque se ele se mantivesse em 2,5%, 4%, o governo federal tinha de aguentar a diferença entre 2,5% e 12,5% mais um spread. Nós não vamos, nós não temos dinheiro para aguentar isso. Temos dinheiro para aguentar uma variação disso. Qual é a variação disso? 6% a 8%, 6% a 9%. É isso que nós temos recursos".Em 24 de março, após a sanção da nova política do salário mínimo.
Dilma também amarela para TV no Dia das Mães e já pode pedir música no Fantástico
Dilma Rousseff morre de medo do panelaço.
Depois de amarelar para falar na TV no Dia do Trabalho e no programa do PT que vai ao ar nesta terça-feira, a mãe do petrolão também amarelou para o Dia das Mães, no próximo domingo, 10 de maio.
É a terceira amarelada da petista só neste mês que mal começou.
Queremos bomba e panelaço, por Felipe Moura Brasil
Lamento, leitor, mas o noticiário de segunda-feira deu preguiça.
Eu quero bomba. Quero mais ‘furo’ de reforma do sítio do Lula paga pela OAS; de investigação do Ministério Público Federal sobre o tráfico de influência do Lula; de pagamento de campanha de Dilma Rousseff para gráficas fantasmas; mais petista preso pela roubalheira na Petrobras ou qualquer outra; e mais impeachment, por favor.
É duro, depois de tudo isso, ter de comentar:
- o silêncio do empreiteiro Ricardo Pessoa, da UTC, diante do juiz Sergio Moro, durante o interrogatório que demonstrou a sua vitória na chantagem contra a alta cúpula do PT, com a colaboração do STF;
- o ataque dos militantes virtuais de Lula ao procurador da República no Distrito Federal Anselmo Henrique Cordeiro Lopes por conta da investigação do MPF;
- as declarações do presidente do BNDES, Luciano Coutinho, de que é infundado que Lula tenha feito tráfico de influência para beneficiar a Odebrecht e de que as decisões do banco estatal são “impessoais”, como se ele não fosse o afilhadinho de Lula;
- a revelação do site Peru 21 de que a ONG do ex-presidente do país, Alejandro Toledo, recebeu mais de 70 mil dólares, entre 2009 e 2011, da Odebrecht, empreiteira que, durante o seu mandato, de 2001 a 2006, celebrou contratos de mais de 250 milhões de soles (79 milhões de dólares, atualmente) com o governo peruano;
- um artigo cínico do presidente do Conselho de Administração da Odebrecht e pai de Marcelo, Emílio Odebrecht, segundo o qual a corrupção trava a economia nacional e é necessário não tolerar “a incompetência, a irresponsabilidade e o despreparo na gestão pública”;
- um artigo bunda mole de FHC sobre o impeachment em que o tucano tenta descolar Dilma de Lula;
- uma entrevista de Joaquim Levy ao Globo em que o ministro desconversa descaradamente sobre o desrespeito do governo à Lei de Responsabilidade Fiscal;
- a notícia de que Levy tem percorrido o Congresso e o Supremo nos últimos 40 dias batendo de porta em porta para defender o ajuste fiscal, tendo sido elogiado em sua “elegância ímpar” pelos ministros do STF pares do PT;
- a abertura de uma consultoria, à moda José Dirceu, por parte do ex-deputado federal do PT Cândido Vaccarezza, agora no PMDB, uma semana depois de saber que era investigado na Operação Lava Jato em março;
- o recuo do poder de compra dos brasileiros de 30% em 2013 para 29,5% do patamar americano em 2014, com previsão de recuar mais ainda até o final de 2015, com a recessão e a desvalorização do real frente ao dólar;
…e por aí vai.
Bocejos. Sofá. Cochilo. Sesta.
A terça-feira promete ser mais animada, com o maior panelaço da história, às 20:30, durante o programa do PT na TV.
Se a Justiça não pune incompetentes e ladrões, o povo ao menos faz barulho.
Levy, ministro da Dilma II, diz que decisão tomada pela Dilma I foi precipitada
“A lei se precipitou um pouco porque tinha umas hipóteses que não se verificaram totalmente. Infelizmente, o custo da dívida hoje não está tão baixo quanto no momento que foi proposta a mudança na lei complementar.”
A fala é do ministro da Fazenda, Joaquim Levy. A lei que mudou o indexador da dívida dos Estados e municípios, reduzindo drasticamente o seu estoque, foi de iniciativa do Executivo. Em novembro, foi sancionada pela presidente Dilma Rousseff do primeiro mandato.
Agora, o ministro da Fazenda da Dilma do segundo mandato diz que a decisão tomada pela outra não era boa. E assim vamos. O custo anual para o governo federal, decorrente da redução, é da ordem de R$ 3 bilhões. Levy quer que a lei só comece a valer em 2016.
“Essa lei reduziu o preço dessa dívida. Então, o importante, olhando para a frente, é conseguir equilibrar os custos enfrentados pela União com o custo que Estados e municípios pagam. Isso foi entendido que seria melhor endereçado no ano que vem, após esse esforço que estamos fazendo para reequilibrar as contas discais e a economia nesse momento”, disse o ministro.
Eis aí… Estamos diante do mais claro exemplo da terceirização da economia, operada pela presidente Dilma. É impressionante que seu atual ministro tenha de desarmar uma bomba herdada da primeira gestão, sem que se ouça da mandatária nem mesmo um mea-culpa e sem que se saiba o que ela própria pensa a respeito.
Por Reinaldo Azevedo
Governo petista vive para desmoralizar os governos… petistas. Dois casos exemplares
Nada como um dia atrás do outro, com a realidade no meio, para desmoralizar o petismo. Esta segunda-feira foi pródiga em demonstrar a verdade dessa afirmação. Como vocês leem no post abaixo, Joaquim Levy, ministro da Fazenda, chamou de precipitada a redução do indexador da dívida dos estados e municípios. E quem sancionou a lei em novembro passado? Sua atual chefe, Dilma Rousseff. Aliás, Levy é aquele que já havia classificado de “tosca” a desindexação da folha de salários. Mas ele não ficou sozinho no esforço de desmontar bombas armadas pelo petismo. Teve a companhia de Eduardo Braga (PMDB), ministro de Minas e Energia.
Braga está em Houston, nos Estados Unidos, onde participa da OTC (Offshore Technology Conference), que discute o mercado de energia. E o que ele disse? Defendeu que as empresas estrangeiras tenham o direito de explorar o pré-sal mesmo sem a participação da Petrobras.
Segundo o marco regulatório aprovado em 2010 pela tropa de choque de um Lula com a popularidade nas alturas, a estatal brasileira tem de ter 30% da exploração dos campos do pré-sal. Ocorre que a estatal não tem dinheiro para isso.
Para não parecer que se trata de um recuo vexaminoso, o ministro escolheu uma saída criativa: conceder à Petrobras o “direito de recusa” — vale dizer: a empresa diria: “Não, muito obrigado!, não quero”. E aí entraria, então, o capital estrangeiro, sem a estatal.
“Não estamos hoje no Brasil discutindo essa questão, mas existem opiniões, e tenho a minha. O direito de recusa seria uma boa estratégia para que nós não estivéssemos a reboque de uma política setorial e de empresa dentro da política nacional de exploração de uma área vital”, afirmou Braga.
As palavras fazem sentido. O ministro tem razão: o país está a reboque de uma decisão estúpida. Ele defendeu, no entanto, outro cretinismo do lulo-petismo: “Acho que o modelo de partilha é fundamental para nossa economia e para nossos recursos naturais”. Braga sabe que é besteira. O Brasil progrediu enormemente na exploração de petróleo com o regime de concessão.
O ministro informou ainda que há a possibilidade de que o próximo leilão do pré-sal, previsto para 2016, seja adiado para 2017 em função da “volatilidade” do mercado.
Quando um governo adere à razão e ao peso da realidade, é sempre o caso de aplaudir a coisa em si. Mas que jamais se deixe de apontar a responsabilidade do petismo nas dificuldades que estão aí postas.
Por Reinaldo Azevedo
Líder radical de professores do Paraná admite que salários são bons. E por que ela lidera greve e invasões? Para cumprir a tarefa do PT, ora essa!
Há coisas que deveriam envergonhar a APP Sindicato, que é a entidade que representa os professores da rede pública do Paraná. Deveriam envergonhar ainda mais a esmagadora maioria da imprensa — a de alcance nacional também, mas especialmente a regional, a paranaense. Por que escrevo isso? O governador Beto Richa (PSDB) está sendo estupidamente atacado pelas esquerdas do Estado. E isso já era o esperado. Mas virou alvo de jornalistas do país inteiro, que sonegam dos leitores, dos telespectadores, dos ouvintes e dos internautas, de forma sistemática, a realidade salarial dos professores do Estado. A greve que está em curso é abusiva legal e moralmente. É injustificável sob qualquer critério que se queira. Sabem quem reconhecia isso até outro dia? O próprio sindicato.
Abaixo, vocês têm acesso a um vídeo. Façam cópia dele. Desafio a entidade a ter decência de não retirá-lo do ar. Assistam.
O que temos aí? Em setembro do ano passado, Marlei Fernandes, então presidente do sindicato, faz campanha eleitoral em favor da Chapa 1, que era a da continuidade. Ela defende a eleição de seu aliado Hermes Leão, o que acabou acontecendo. Ambos foram protagonistas da invasão da Assembleia Legislativa em fevereiro e do ataque ao cordão de isolamento que protegia o prédio, feito pela Polícia Militar no dia 29. Marlei foi candidata a deputada federal pelo PT, mas não se elegeu.
Informei aqui as condições de trabalho dos professores do Paraná, superiores às da maioria dos profissionais de outros Estados. Alguns tontos quiserem contestar, sem dados. Pois é… Quem confirma tudo é justamente a professora Marlei, a petista. O que ela diz no vídeo? Vai a fala transcrita, para o caso de ser eliminada do Youtube.
“Em 2002, o salário de um professor e de uma professora em final de carreira era de R$ 2 mil, somados aos quinquênios. Hoje, o salário, no final do Nível II, Classe 11, é de mais de 8 mil. E, no final da carreira, Nível III, Classe 11, é de aproximadamente R$ 12 mil. Isso é compromisso dessa direção. Os funcionários da escola Agente 1 tinham, em 2002, no início de carreira, R$ 248; hoje, pode se aposentar com mais de R$ 5 mil, somados os quinquênios. O Agente 2 tinha um início de salário de R$ 348 e, hoje, pode se aposentar com mais de R$ 7 mil. Essa é a condução séria, que a direção da APP, através da Chapa 1, sempre fez. Agora, o professor Hermes Leão, que sempre esteve conosco em todas as batalhas, vai conduzir, juntamente com os demais companheiros e companheiras, a nossa próxima gestão. Estaremos firmes, mais fortes, contundentes, com a mesma responsabilidade de sempre, dirigindo a APP Sindicato. Por isso, dia 10 de setembro, vote Chapa 1 Estadual e Chapa 1 Regional, para a nossa categoria continuar avançando. Um grande abraço”.
Eis aí: o próprio sindicato reconhece a boa realidade salarial dos professores no Estado. É claro que Marlei faz de conta que tudo nasceu da sua “luta”, não do esforço dos sucessivos governos, muito especialmente o de Beto Richa, em elevar o salário da categoria. Como já afirmei aqui, o piso para 40 horas no Estado é um dos mais altos do país: R$ 3.195; a remuneração média é de R$ 4.700. Dessas 40 horas, 14 são dedicadas à chamada hora-atividade. Desde 2010, foram contratados 23.653 professores, e o fundo para manutenção das escolas teve reajuste de 61%.
E por que os professores estão em greve? Porque assim decidiram o PT e a seus aliados de extrema esquerda. O pretexto de que a mudança em regras da aposentadoria vai prejudicar o sistema é falso.
Alguém poderia perguntar: “Ah, mas esses números justificam a violência policial?” Não! Em primeiro lugar, eles mostram o absurdo da greve, já declarada ilegal. Em segundo lugar, é preciso que se verifique violência contra quem e em que circunstâncias. A PM saiu descendo o sarrafo em manifestantes pacíficos ou enfrentou brucutus, alguns deles mascarados, que depredavam o patrimônio público e tentavam invadir a Assembleia Legislativa?
Reitero: este post não traz a versão do governador, mas a da ex-presidente do sindicato, uma das líderes da greve, da invasão e da tentativa de invasão. Ela também foi candidata a deputada federal pelo PT, derrotada no ano passado.
Por Reinaldo Azevedo
Vídeo com milicianos bolivarianos do Paraná é retirado do ar
Sabem aquele vídeo que publiquei aqui, em que representantes do sindicato dos professores do Paraná aparecem fazendo revista em carros particulares, como se compusessem uma milícia bolivariana? Pois é… Foi retirado do ar. Tinha sido divulgado pelos próprios “manifestantes”. A turma se orgulhava de sua truculência.
Sim, eu tenho uma cópia. Ocorre que, se publico em meu canal, o YouTube me tira do ar com base na acusação estúpida de que não respeito direito autoral. Ou por outra: o YouTube não faz a distinção entre o que tem e o que não tem interesse jornalístico. Publicar um vídeo em que um sindicato se comporta como força privada de segurança — ou de assalto — diz respeito ao interesse público, ao jornalismo.
Reitero: a maioria da imprensa paranaense e da imprensa nacional está confundindo o direito de reivindicar com o suposto direito de delinquir, que ninguém tem. Notórios marginais estão sendo vendidos como heróis. O PT quer usar os confrontos no Paraná para ver se consegue se reerguer nacionalmente.
Ora, senhores! Deixem o vídeo lá! Vocês não se orgulham de suas milícias?
Por Reinaldo Azevedo
Tucanos deveriam se espelhar em Paulo Brossard e dizer “não” a Fachin. Ou será que o PSDB não tem a coragem de fazer na democracia o que o então senador gaúcho fez na ditadura?
A bancada tucana no Senado — exceção feita a Álvaro Dias (PR), um cabo eleitoral — está em silêncio, até agora ao menos, sobre a indicação de Luiz Edson Fachin para o Supremo Tribunal Federal. Trata-se de um marxista radical que, a exemplo de todos os marxistas radicais, soube cuidar dos seus próprios interesses: exerceu a advocacia privada quando era procurador do Estado do Paraná. Conhecemos os seus valores, e eu já os expus aqui.
Fachin é um entusiasta do MST, da CUT e do PT. Já defendeu em artigo, sem recuo da posição, confisco de terra e expropriação de propriedade produtiva. No texto, chama os produtores rurais de “sepulcros caiados da democracia”. Na esfera do direito de família, flerta com exotismos como direito de amantes, multiparentalidade e poligamia. Os tucanos, no entanto, sabem como é…, não estão dispostos a comprar essa briga. Eles até podem aceitar debater o impeachment de Dilma, mas não demonstram coragem de se opor a uma indicação para o Supremo. Tenham paciência!
Muito bem! Em 1982, o então ditador João Baptista Figueiredo indicou Alfredo Buzaid para o STF. Em plena ditadura, o que fez o PMDB? Votou contra a indicação. Quem liderou o voto contrário foi o então senador Paulo Brossard (PMDB-RS). Vamos ver.
Paulo Maluf, governador de São Paulo à época, ligou para Brossard para granjear votos para o indicado. O senador gaúcho lembrou que ele e Buzaid mantinham uma relação cordial e que até já haviam jantado um na casa do outro. Enalteceu ainda a formação técnica do escolhido por Figueiredo. Mas deixou claro: não daria o seu voto.
No dia da sabatina, Brossard enalteceu o vasto saber de Buzaid. Disse que ele preenchia de sobra o requisito constitucional do “notável saber jurídico”. Ocorre que o outro requisito era a “ilibada reputação”. O senador, então, resolveu discorrer sobre o conceito. Disse que não seria correto se afirmasse conhecer ato da vida privada ou profissional que o comprometesse.
Ocorre que Buzaid havia sido ministro da Justiça entre outubro de 1969 e março de 1974, nos piores anos da ditadura. E exerceu com vontade a glória de mandar. Era professor. Tinha coordenado a elaboração do anteprojeto do Código de Processo Civil. Dirigiu a Faculdade de Direito da USP. Foi vice-reitor da universidade… Mas, observou Brossard, havia sido um mau ministro, fato “tanto mais grave quando era um homem com a ilustração que tem e com as responsabilidades intelectuais que possui.”
Isso é público e está transcrito na sessão de 17 de março de 1982.
Segundo Brossard contou a interlocutores, Buzaid compreendeu o seu voto. Quem não gostou foi sua mulher, dona Judith. Brossard também compreendeu.
Em questões como essa, pois, não há lugar para compadrio, para voto de simpatia, para coleguismo, para afinidades pessoais. O que conta é o interesse do país.
Estou comparando? Mas estaria eu aqui a comparar Fachin com Buzaid? De várias maneiras, a resposta é “não”. Em primeiro lugar, no que respeita à formação intelectual, não há comparação possível. Buzaid era muito mais preparado. Mas serviu a uma ditadura truculenta, e isso, claro!, Fachin nunca fez. Até porque, dado o que andou escrevendo, só poderia servir a uma ditadura de esquerda.
O PMDB e Brossard disseram “não” a Buzaid mesmo lhe reconhecendo a capacidade técnica. Tratava-se de uma questão de valores: quem serviu a uma ditadura não podia ser membro da corte suprema do país. Simples, não? No caso de Fachin, também há uma questão de valores: a menos que os tucanos comunguem de suas convicções, não podem aprovar o seu nome.
Simples, não?
Mas aí é preciso ter a coragem de Brossard, não a firmeza de uma gelatina sem sabor. Ah, sim: Buzaid foi aprovado. O governo tinha maioria. Até numa ditadura, não se vota só para ganhar. Pode-se ganhar perdendo. Como Brossard.
Por Reinaldo Azevedo
– Charge do Duke, via O Tempo. (no blog do Josias/UOL)
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