RIO DE JANEIRO/SÃO PAULO, 22 Abr (Reuters) - A Petrobras teve um prejuízo de 21,6 bilhões de reais no ano passado, mostrou balanço auditado nesta quarta-feira, após contabilizar perdas de 6,2 bilhões de reais por corrupção e reduzir em mais de 44 bilhões de reais o valor de seus ativos.
A empresa, no centro da Operação Lava Jato, da Polícia Federal, não pagará dividendos referentes ao exercício de 2014 para preservar caixa, mesmo tendo mais de 100 bilhões de reais em reservas de lucros no fim de dezembro.
"Não vamos pagar dividendos", afirmou e repetiu o presidente da Petrobras, Aldemir Bendine, durante entrevista coletiva.
A publicação do resultado do terceiro trimestre do ano passado estava atrasada em mais de cinco meses e a companhia aproveitou para divulgar também os dados do quarto trimestre e de todo o ano de 2014.
No terceiro trimestre de 2014, a petroleira reconheceu perdas de 6,2 bilhões de reais por pagamentos indevidos descobertos pela Lava Jato, que investiga o desvio de dinheiro de contratos da Petrobras com envolvimento de ex-funcionários, executivos de empreiteiras e políticos. Isso levou a um prejuízo líquido de 5,3 bilhões de reais de julho a setembro do ano passado.
No quarto trimestre, a estatal reduziu o valor de seus ativos em 44,3 bilhões de reais, após ter reavaliado uma série de projetos, principalmente a Refinaria Abreu e Lima (em Pernambuco) e o Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj). A empresa citou problemas no planejamento dos projetos, uso de taxa de desconto com maior prêmio de risco, postergação da expectativa de entrada de caixa e menor crescimento econômico.
O prejuízo líquido da Petrobras de outubro a dezembro, após o efeito da redução dos ativos, ficou em 26,6 bilhões de reais.
Os mais de 50 bilhões de reais por corrupção e, principalmente, pela diminuição do valor dos ativos não ficaram muito distantes das abordagens rejeitadas pelo Conselho de Administração da Petrobras no fim de janeiro, que apontavam para uma sobreavaliação de ativos em pouco mais de 60 bilhões de reais.
Naquela ocasião, a companhia optou por divulgar números sem qualquer baixa contábil e sem o aval da auditora externa PricewaterhouseCoopers, que se negou a assinar o documento. Dias depois, a então presidente da estatal Maria das Graças Foster e cinco diretores renunciaram, surpreendendo integrantes do governo.
Bendine, ex-presidente do Banco do Brasil e homem de confiança da presidente da República Dilma Rousseff, foi indicado no começo de fevereiro para comandar a Petrobras. Seu primeiro desafio foi garantir a publicação do balanço auditado para afastar o risco de uma execução de dívidas de bilhões de dólares por credores.
Bendine disse a jornalistas nesta quarta que a divulgação do balanço auditado volta a garantir normalidade no relacionamento com acionistas e credores.
"Estamos passando a limpo os erros cometidos no trato com os recursos da companhia para podermos lidar com o mercado com a transparência que esse exige e merece receber", afirmou o executivo.
EBITDA MENOR, DÍVIDA MAIOR
A geração de caixa da Petrobras medida pelo Ebitda ajustado(sigla em inglês para lucro antes de juros, impostos, amortização e depreciação) foi de 8,5 bilhões e de 20,1 bilhões de reais no terceiro e no quarto trimestres do ano passado, respectivamente. No acumulado de 2014, o Ebitda totalizou 59,1 bilhões de reais, contra quase 63 bilhões de reais em 2013.
O prejuízo líquido de quase 22 bilhões de reais no ano passado se compara ao lucro de 23,6 bilhões de reais no ano anterior.
A Petrobras encerrou dezembro com endividamento bruto de 351 bilhões de reais, alta de 31 por cento sobre o fim de 2013. A relação entre dívida líquida e Ebitda, um indicador de alavancagem da companhia, subiu para 4,77 vezes, de 3,52 vezes um ano antes.
Dentro de cerca de 30 dias, a companhia espera apresentar seu plano de negócios para o período de 2015 a 2019, que deverá reduzir os investimentos previstos. Será priorizada a área de exploração e produção de petróleo e gás, segmento mais rentável da estatal.
ALÍVIO FINANCEIRO
Segundo o diretor financeiro da Petrobras, Ivan Monteiro, a Petrobras tinha 25,6 bilhões de dólares em caixa alguns dias atrás.
O risco de não publicação de balanço auditado causou temor, mas não impediu que a empresa conseguisse financiamentos. Na semana passada, a petroleira informou que já cobriu suas necessidades de financiamentos para este ano.
A Petrobras firmou acordos totalizando 9,5 bilhões de reais entre financiamentos e limites de crédito pré-aprovado com Caixa Econômica Federal, BB e Bradesco.
A empresa também acertou com o banco Standard Chartered um acordo de cooperação para uma operação de venda com arrendamento e opção de re-compra de plataformas de produção, no valor de até 3 bilhões de dólares e prazo de 10 anos.
No começo do mês, a estatal anunciou a assinatura de um financiamento com o Banco de Desenvolvimento da China (CDB) de 3,5 bilhões de dólares.
Adicionalmente, a petroleira anunciou em março a aprovação de um robusto plano de desinvestimento de 13,7 bilhões de dólares para o biênio 2015 e 2016, visando à redução da alavancagem, preservação do caixa e concentração nos investimentos prioritários.
Petrobras não paga dividendos para preservar caixa, diz CFO
SÃO PAULO (Reuters) - A decisão da Petrobras de não pagar dividendos do exercício de 2014, ano em que a estatal teve prejuízo de mais 21 bilhões de reais, visa preservar o caixa da companhia, afirmou o diretor financeiro da estatal, Ivan Monteiro.
"É uma das medidas de preservação de caixa", declarou Monteiro a jornalistas, durante comentários dos resultados divulgados nesta quarta-feira.
Hello! Balanço da Petrobras é trepa-trepa, por Felipe Moura Brasil (VEJA)
Graça Foster perdeu o cargo de presidente da Petrobras após divulgar um rombo de mais de R$ 88,6 bilhões.
Aldemir Bendine e sua equipe reduziram o valor referente aos ativos depreciados praticamente pela metade do rombo original: 44,34 bilhões de reais, embora os valores mais destacados pela imprensa sejam as perdas de R$ 6,2 bilhões em corrupção e o prejuízo de R$ 21,6 bilhôes.
O Palácio do Planalto imediatamente “avaliou” que “a divulgação do balanço pela Petrobras mostra a superação de uma fase e mostra também que a estatal terá todas as condições de retomar os projetos”.
Ou seja: Bendine conservou a sua boquinha, cumprindo a missão dada pelo PT, o partido da maquiagem contábil.
Seu balanço “superou” o de Graça Foster e virou – hello! – um grande trepa-trepa.
Felipe Moura Brasil ⎯ https://www.veja.com/felipemourabrasil
Câmara faz o certo e aprova PL da terceirização; Renan, novo líder da CUT (!), promete resistência no Senado
O governo Dilma é viciado em derrotas, e não serei eu a ajudá-lo a vencer, se é que me entendem. Nesta quarta, levou mais uma tunda, apesar do esforço de três ministros. A Câmara aprovou, por 230 votos a 203, o texto-base do PL 4.330, da terceirização. No comando, o presidente da Casa, Eduardo Cunha (RJ). O PSDB parece ter recobrado o bom senso e o juízo, depois da intervenção do senador Aécio Neves (MG), presidente da sigla, e votou a favor do projeto de lei, que estende a terceirização também às atividades-fim das empresas privadas. As públicas e de economia mista já tinham sido excluídas da mudança.
Tudo resolvido? Ainda não! O texto corre risco no Senado. Renan Calheiros (PMDB-AL), presidente da Casa, parece ter sido tomado de um súbito protagonismo cutista… Vamos ver.
Três ministros se mobilizaram contra o texto aprovado: Joaquim Levy, que tentou usar o projeto para arrecadar, o petista Ricardo Berzoini e o peemedebista Eliseu Padilha. Esse é o governo Dilma. Quando precisa de votos na Câmara, não mobiliza o ministro da Casa Civil — no caso, Aloizio Mercadante —, mas o da Fazenda, o da Comunicação e o da Aviação Civil, respectivamente. Convenham: é uma bagunça!
O governo queria impedir a terceirização da chamada atividade-fim, mantendo, então, os termos da absurda Súmula 331, do TST. Chega a ser impressionante que ditos “progressistas” se sintam confortáveis ao criar categorias profissionais que são e que não são terceirizáveis. Como, na cabeça dessa gente, a terceirização corresponde a uma precarização das condições de trabalho, então os valentes admitem que certos trabalhadores podem conviver com a precariedade. Tenham paciência!
Que se destaque: o projeto regulamenta uma terceirização que já existe e protege os trabalhadores. A empresa contratante passa a responder de forma solidária pelos direitos trabalhistas dos empregados ligados à contratada. Hoje, a sua responsabilidade é apenas subsidiária.
Conforme este blog alertou, Levy queria usar o projeto da terceirização para arrecadar. Ele tentou enfiar uma tributação de 5,5% das companhias para financiar o INSS. Não emplacou. Os deputados aprovaram a manutenção da atual legislação: 20% sobre a folha de pagamentos.
Parlamentares de esquerda chegaram a erguer carteiras de trabalho em sinal de protesto. O gesto teatral foi inútil. A esperança, agora, de quem defende a legislação arcaica em vigor é o Senado. Vai ver Renan Calheiros está com saudade daquele tempo ancestral, quando ele transitiva na órbita do PC do B…
Ao comentar ontem o texto, afirmou: “O Senado vai analisar esse projeto com maturidade. Evidente que há uma cobrança muito grande da sociedade com relação à regulamentação da terceirização. Mas essa regulamentação não pode ser ampla, geral e irrestrita. Se ela atingir 100% da atividade-fim, ela estará condenando essas pessoas todas à supressão de direitos trabalhistas e sociais”.
Parece que Renan não leu o texto. Confundir terceirização com supressão de direitos corresponde a fazer o discurso do sindicalismo mais raso.
Por Reinaldo Azevedo
Telmo Heinen Formosa - GO
Pela primeira vez na vida eu vi, num Balanço Contábil de uma Empresa (Empresa Estatal, é verdade!), lançarem valores "subjetivos" como despesa (??!!)... Pegaram 3,0% do valor das Obras pagas àquelas empreiteiras corruptas e lançaram na contabilidade como "excesso" de pagamento.... É ou não é risível assistir ao vivo esta tortura aos números? Qual o próximo passo? Certamente será o enrijecimento das regras, sob o aplauso de uma plebe informada por repórteres ignóbeis aritméticos... restringindo ainda mais a solução deste tipo de problemas para o futuro. Criarão mais "dificulidades" para VENDER novas facilidades... quando a verdadeira solução seria a desestatização ou, quando não, a liberalização... Quanto mais empresas consigam participar das licitações, melhor...
Tem muita gente que estufa o peito e diz..a Petrobras é nossa..do povo..pois é e o que ganhamos com isto...combustível mais caro que a maioria dos países!!!!!pagar os prejuízos gerados por roubalheira e incompetência dos seus administradores via impostos..inflação...e preços altos!!!!!!mas quem rouba tem que mante-la pública pois afinal privatizando-a a TETA secaria...
Dalzir, esqueceu de dizer que também ganhamos do direito de sermos tutoriados conduzidos pela ditadura PTista, afinal a PTrobras faz parte do projeto de poder deles...
perfeito Telmo!
A mesma gang que explodiu a Base de Alcantara deve ser a que idealizou esta maracutaia com os laranjas do PT com intuito de mamar nas tetas do pré-sal, as custas do dinheiro desviado e ainda não encontrado...O pior de tudo, com apoio de muitos que depois irão amargar com os preços abusivos igual dos pedágios das concecionárias que ganharam as rodovias também para explorar um povo, que alias está fazendo por merecer...