Manejo adequado é ferramenta essencial no combate a pragas de difícil controle
Profissionais da área de agronomia afirmam que em Mato Grosso e na região do cerrado de maneira geral a situação é critica devido a facilidade de reprodução e multiplicação de pragas proporcionadas pelos plantios sucessivos ou concomitantes, que geram “pontes biológicas" praticamente o ano todo, agravado pelas poucas opções de inseticidas eficientes e adequados ao manejo, desenvolvimento de resistência das pragas aos inseticidas, introdução de nova praga, no caso a Helicoverpa armigera e adaptação das pragas aos cultivos, como afirma o professor Dr. Geraldo Papa (Unesp). “Em Mato Grosso as principais pragas detectadas na safra passada na soja foram a lagarta falsa-medideira, mosca-branca e o percevejo-marrom. No algodão a Helicoverpa e o bicudo-do-algodoeiro. Na soja a mais prejudicial foi a lagarta falsa-medideira devido a dificuldade de controle, principalmente após o fechamento das entrelinhas devido ao desenvolvimento das plantas. O algodão sofreu com o bicudo em consequência de seu enorme potencial destrutivo, necessidade constante de pulverização e poucas opções de inseticidas adequados ao controle”, observou Papa.
As pragas já citadas somadas a mosca branca, que tem o nível de infestação crescente ano a ano, continuam representando perigo para safras futuras. A evolução dessas populações está ligada as mudanças no cenário agrícola como as safrinhas, irrigação, milheto, plantas voluntárias sem controle, não destruição adequada de restos de culturas (soqueiras), o que favorece a reprodução, multiplicação e distribuição das pragas entre as já citadas "pontes biológicas".
O monitoramento por meio de amostradores é uma das formas de detectar a praga em seu início. “A detecção tardia da praga dificulta o controle devido ao aumento da infestação, maior tamanho das lagartas e a alta população”, acrescentou o professor da Unesp.
A prevenção pode vir por meio de manejo integrado de pragas com viabilidade econômica e operacional e que sejam aceitos e realmente seguido pelos produtores. “O manejo adequado, de maneira geral, engloba o vazio sanitário regional, janela de plantio para cada região, monitoramento constante, uso de variedades transgênicas (Bt) com refugio adequado e inseticidas seletivos. É importante que o produtor elabore um programa regional de manejo integrado de pragas para cada cultura, incluindo vazio sanitário, janela de plantio, destruição efetiva de restos de culturas, controle efetivo de plantas voluntárias e respeito a bula dos inseticidas”, ressaltou Papa.
A engenheira agrônoma e pesquisadora da Fundação Rio Verde, Luana Balufi, acrescenta a presença da mancha alvo na soja, que tem gerado problemas nos plantios realizados mais cedo, além da ferrugem asiática, que continua presente a cada safra mesmo com a entrada de novos produtos no mercado para combater a doença. “Esses novos produtos tem boa eficiência, mas são sensíveis com relação à resistência. Em Lucas do Rio Verde os primeiros relatos de ferrugem surgiram em janeiro. Em fevereiro e março essa incidência aumentou e quem for fazer a safrinha, provavelmente, registrará a presença da doença. Por meio de nossos ensaios percebemos que a severidade da praga está altíssima, principalmente devido à condição climática, que traz muita chuva e umidade”, relatou Luana.
Respeitar o vazio sanitário, manter o monitoramento das lavouras e a aplicação dos produtos no período adequado são também indicações feitas pela pesquisadora aos produtores. “Essas ações irão prevenir a incidência da doença ou auxiliar no controle da mesma”, finalizou a engenheira agrônoma.
O manejo de pragas de difícil controle, nematoides e doenças no sistema produtivo são alguns dos temas abordados durante as palestras técnicas do Show Safra BR 163, que é realizado em Lucas do Rio Verde (MT) até a próxima sexta-feira (27).
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