Em VEJA: Expectativa pela saída de Graça impulsiona ações da Petrobras
Os rumores de que a presidente da Petrobras, Graça Foster, deixaria o cargo nesta terça-feira fizeram com que as ações preferenciais da estatal na Bolsa de Valores de São Paulo subissem 9,7% às 11h40. Já as ordinárias operavam em alta de 8,63%. A Presidência da República, contudo, negou oficialmente a notícia da demissão de Graça. O desmentido surge após o jornal Folha de S. Paulo informar que a chefe da estatal já foi informada sobre sua saída, e partiu da Secretaria de Comunicação do Planalto.
A pressão pela queda de Graça Foster cresceu após a divulgação do balanço de 2014 da companhia. A estimativa feita pela própria Petrobras é de que 88 bilhões de reais tenham sido desperdiçados em propina e superfaturamento. A queda da comandante da estatal é defendida também por petistas – sobretudo pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que tem criticado Graça abertamente.
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A situação ficou mais complicada porque a divulgação da estimativa de perda de 88 bilhões de reais deixou Dilma extremamente irritada. "Graça está querendo sair há algum tempo, está cansada e desgastada emocionalmente com toda a pressão que vem sofrendo desde o ano passado. Ela só estava aguentando a bronca porque Dilma a queria lá. O perfil dela é técnico, não político. Ela nunca foi preparada para enfrentar uma crise como essa", afirmou um político da alta cúpula petista a quem Graça fez confidências. "Lula já não pode ouvir falar de Graça", completa a fonte, que avalia o balanço divulgado como um "desastre de comunicação". Ao tomar conhecimento dos números, Dilma teria externado sua insatisfação em um duro telefonema para Graça – e a partir de então, passou a reavaliar a manutenção da amiga no cargo.
Rodrigo Constantino: Graça Foster vai sair. E quem vai entrar?
A presidente Dilma Rousseff, que é ligada ao setor energético e já presidiu o conselho de administração da Petrobras, sempre relutou em demitir Graça Foster. "Ela tem méritos inequívocos", afirmou Dilma em agosto, ainda em período eleitoral. Já reeleita, no fim de dezembro, a presidente da República manteve sua posição: elogiou a "seriedade e lisura" de Graça Foster para, em seguida, questionar os que pediam a demissão da chefe da Petrobras: "Quais interesses estão por trás disso? A quem interessa tirar a Graça?".
Sai (finalmente) Graça Foster. E quem entra?
Para começo de conversa, Graça Foster dificilmente chegaria ao comando de uma grande empresa de petróleo privada. Não tem o perfil, o que é visível para quem conhece o meio dos negócios. Em segundo lugar, nenhum CEO de empresa privada permaneceria no cargo tanto tempo após um escândalo da magnitude do “petrolão”. Já teria caído faz tempo…
Mas a Petrobras é estatal, e sofre influência política o tempo todo. É o que explica os petistas José Dutra e José Gabrielli terem chegado ao seu comando. E o que explica, também, a permanência de Graça Foster mesmo depois de tudo que já veio à tona, e que escancara, no mínimo, sua completa incompetência ao não tomar conhecimento de uma quadrilha enorme montada dentro da empresa.
Dilma decidiu segurar sua “amiga” no cargo por tanto tempo pois era uma forma de se proteger. Graça servia como um para-raio, absorvendo as críticas que deveriam ir na direção da presidente. Afinal, quem a escolheu para comandar a estatal? Em política raramente se assume a responsabilidade pelos erros…
Agora parece que Dilma finalmente decidiu substituir Graça Foster. Não dava mais para mantê-la no cargo, pois a situação estava insustentável. A reportagem da Folha diz que a presidente teria levado em conta o estresse emocional da “amiga”, que já teria pedido para sair muito antes. Resta saber que tipo de amiga usa a outra como saco de pancadas para se proteger.
Ao se confirmar a notícia, restará saber: quem vai substituir Graça Foster? Alguém consegue imaginar um nome de respeito no mercado, um executivo sério e experiente, assumindo uma empresa que afunda num mar de lama cada vez maior? Quem seria o corajoso (ou louco) de pegar essa batata quente nas mãos?
Um executivo sério teria de ser independente das pressões políticas, determinado a interromper a corrupção na estatal, firme a ponto de confrontar a própria presidente da República quando necessário. Somente alguém com este perfil estaria cuidando dos interesses dos acionistas da estatal, ou seja, todos nós. Qualquer alternativa não passa de uma marionete colocada lá para preservar os esquemas políticos e proteger o PT, à custa do povo brasileiro.
PS: As ações da Petrobras dispararam e sobem, neste momento, cerca de 8% com base nessa notícia. Deve ser muito triste para alguém ver que sua saída do comando de uma empresa é sinônimo de euforia para os milhares de investidores e acionistas. O simples rumor de que Graça Foster deixará o comando é suficiente para fazer a estatal se valorizar em bilhões de reais. Mas os investidores deveriam manter a cautela, pois não sabem ainda quem irá assumir a estatal.
Rodrigo Constantino
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