Dólar sobe mais de 1% e volta a R$2,65, em dia de baixo volume e temores com racionamento
Por Bruno Federowski
SÃO PAULO (Reuters) - O dólar fechou em alta de mais de 1 por cento ante o real nesta segunda-feira, reagindo a operações pontuais cujo impacto foi turbinado pelo baixo volume de negócios devido ao feriado que manteve fechados os mercados nos Estados Unidos.
Na reta final do pregão, a alta foi acentuada ainda mais com temores de racionamento de energia elétrica no Brasil após cortes no fornecimento determinados pelo governo e que podem afetar ainda mais a atividade econômica.
A moeda norte-americana subiu 1,33 por cento, a 2,6560 reais na venda. Segundo dados da BM&F, o giro financeiro ficou em torno de 600 milhões de dólares, contra a média diária de dezembro de cerca de 1 bilhão de dólares.
"Se realmente houver racionamento, é mais um obstáculo para a economia neste ano", explicou o gerente de câmbio da corretora BGC Liquidez, Francisco Carvalho.
Diversas distribuidoras de energia elétrica --incluindo localizadas em São Paulo, Rio de Janeiro e Minas gerais-- receberam ordem do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) para corte seletivo da carga de eletricidade nesta segunda-feira.
O incidente acontece num momento de baixo nível dos reservatórios de hidrelétricas e de crescente temor de racionamento de energia no país, diante do baixo nível de chuvas e elevadas temperaturas nas regiões em que ficam importantes usinas geradoras de eletricidade.
A moeda norte-americana havia caminhado de lado durante a maior parte do pregão, perto do patamar de 2,60 reais, refletindo o menor volume de operações diante do feriado norte-americano em homenagem a Martin Luther King.
A baixa liquidez, contudo, deixou o mercado mais sensível a operações pontuais, que levaram a divisa a ampliar fortemente os ganhos durante a tarde.
"Hoje é um dia de mercado vazio e houve algumas compras pontuais. O resultado é que o dólar dá uma estilingada", afirmou o especialista em câmbio da corretora Icap, Italo Abucater.
Ainda assim, o dólar continuou longe dos picos atingidos no início do ano, acima de 2,70 reais. Isso porque a perspectiva de maior disciplina fiscal, promessa da nova equipe econômica da presidente Dilma Rousseff, vem animando investidores nas últimas semanas, abrindo espaço para o dólar voltar a se assentar em níveis mais baixos.
Expectativas de maior liquidez global, com a possível adoção de um programa de compra de títulos de governos pelo Banco Central Europeu (BCE) nesta semana, também têm contribuído para o alívio.
Agentes financeiros aproveitaram esse fôlego na semana passada para testar o patamar de 2,60 reais, mas a moeda norte-americana não conseguiu ficar abaixo desse nível. Segundo analistas, a cautela nos mercados globais, diante da persistente queda dos preços do petróleo, e o atual quadro doméstico de inflação elevada e crescimento fraco limitavam o espaço para baixas do dólar.
"Quando você vê o dólar a 2,60 (reais), você questiona. Tem fundamento para isso tudo, ou o mercado está sendo otimista demais?", disse o operador de câmbio da corretora B&T Marcos Trabbold.
Pela manhã, o Banco Central deu continuidade às intervenções diárias, vendendo a oferta total de até 2 mil swaps cambiais, equivalentes a venda futura de dólares. Foram vendidos 850 contratos para 1º de setembro e 1.150 para 1º de dezembro, com volume correspondente a 98,4 milhões de dólares.
O BC também vendeu a oferta integral de até 10 mil swaps para rolagem dos contratos que vencem em 2 de fevereiro, equivalentes a 10,405 bilhões de dólares. Ao todo, a autoridade monetária já rolou cerca de 56 por cento do lote total.
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