Dólar cai mais de 1% sobre o real com dados de emprego nos EUA
Por Bruno Federowski
SÃO PAULO (Reuters) - O dólar fechou em queda de mais de 1 por cento ante o real pelo segundo dia seguido nesta sexta-feira, após a inesperada queda dos salários nos Estados Unidos em dezembro reforçar apostas de que o Federal Reserve, banco central norte-americano, vai ser "paciente" para elevar os juros.
A moeda norte-americana recuou 1,25 por cento, a 2,6390 reais na venda, após atingir 2,6270 reais na mínima da sessão. Com isso, a divisa fechou a semana em queda de 1,99 por cento.
Segundo dados da BM&F, o giro financeiro ficou em torno de 2 bilhões de dólares.
"Está claro que o mercado não precisa se preocupar com a alta dos juros (nos EUA) por pelo menos alguns meses", afirmou o superintendente de câmbio da corretora Tov, Reginaldo Siaca.
Apesar de a criação de postos de emprego nos EUA ter superado as expectativas de analistas em dezembro, os salários surpreendentemente recuaram no período. O número reforçou a perspectiva de que o Fed pretende ser "paciente" ao elevar os juros, como prometeu em seu último comunicado de política monetária.
O banco central norte-americano tem mantido a taxa básica de juros perto de zero desde dezembro de 2008. E, ao elevar as taxas, poderia atrair recursos para os EUA que hoje estão em outros mercados, como o brasileiro, afetando o fluxo cambial.
Essa percepção foi reforçada por declarações do presidente do Fed de Chicago, Charles Evans, que reiterou que a inflação está muito baixa e que a alta dos juros deveria acontecer só no ano que vem. Segundo ele, o Fed teria de ver os salários crescerem mais para cumprir sua meta de inflação.
"A grande pergunta agora é se os números de emprego são bons o suficiente para o Fed ou não. Ouvindo Evans falar, eu diria que não", disse o economista da 4Cast Pedro Tuesta.
Mas outros integrantes do banco central norte-americano se mostraram menos negativos. O presidente do Fed de Atlanta, Dennis Lockhart, minimizou a queda dos salários como "possivelmente ruído", mas afirmou que os números sobre emprego não são suficientes para adiantar o aperto monetário.
Investidores também seguiram atentos às perspectivas para a política fiscal brasileira, porque querem ver mais medidas concretas que garantam o cumprimento da meta de superávit primário equivalente a 1,2 por cento do Produto Interno Bruto (PIB) neste ano.
As medidas adotadas até agora pelo governo têm agradado os mercados, que vinham criticando a condução da política fiscal em meio ao quadro de inflação alta e crescimento baixo. Mas operadores consideravam a meta fiscal difícil.
"É um número (meta de primário) razoavelmente austero. (O governo) vai precisar ter sangue frio", disse uma operadora de um banco internacional, destacando que o ajuste fiscal deve pressionar ainda mais a atividade econômica.
Nesta manhã, o Banco Central vendeu a oferta total de até 2 mil swaps cambiais, que equivalem a venda futura de dólares, pelas atuações diárias. Foram vendidos 1 mil contratos para 1º de setembro e 1 mil para 1º de dezembro, com volume correspondente a 98,4 milhões de dólares.
O BC também vendeu a oferta integral de até 10 mil swaps para rolagem dos contratos que vencem em 2 de fevereiro, equivalentes a 10,405 bilhões de dólares. Ao todo, a autoridade monetária já rolou cerca de 28 por cento do lote total.
0 comentário
Ações sobem após dados de inflação, mas acumulam queda na semana
Dólar cai após BC vender US$7 bi e Senado aprovar pacote fiscal
Taxas futuras de juros voltam a ceder com aprovação do pacote fiscal e comentários de Lula
Transição com Galípolo mostra que BC técnico permanece, diz Campos Neto
Ações europeias têm pior semana em mais de três meses, com queda no setor de saúde
Presidente do Fed de NY diz que BC dos EUA segue no caminho certo para cortes de juros