BP tem menor lucro em quase 4 anos com queda na demanda por petróleo
Por Ron Bousso
LONDRES (Reuters) - A BP informou nesta terça-feira uma queda de 30% no lucro do terceiro trimestre, para 2,3 bilhões de dólares, o menor em quase quatro anos, impactado por margens de refino mais fracas e resultados da comercialização de petróleo.
O declínio foi menor do que o esperado em meio à desaceleração da atividade econômica global e da demanda por petróleo, especialmente na China, mas aumenta a pressão sobre o presidente-executivo Murray Auchincloss, que prometeu impulsionar o desempenho da BP diante das preocupações dos investidores sobre sua estratégia de transição energética.
"Temos feito um enorme progresso no foco e na simplificação dos negócios", disse Auchincloss à Reuters.
As ações da BP tiveram um desempenho inferior ao de seus rivais até agora neste ano, caindo 15% em comparação com um declínio de 2% para a Shell e um ganho de 19% para a Exxon Mobil enquanto investidores questionam a capacidade da empresa de gerar lucros. Um aumento anual de 9% nos níveis de dívida da BP preocupou ainda mais os investidores.
A gigante de energia manteve seu dividendo em 8 centavos por ação após aumentá-lo no trimestre anterior. Ela também manteve a taxa de seu programa de recompra de ações em 1,75 bilhão de dólares nos próximos três meses e se comprometeu a fazê-lo novamente nos três meses seguintes. A BP atualizará sua estrutura financeira em fevereiro.
Auchincloss, que assumiu o cargo em janeiro, prometeu se concentrar em negócios de alta margem, distanciando-se da estratégia do antecessor Bernard Looney de expandir rapidamente as energias renováveis e reduzir a produção de petróleo e gás.
A Reuters informou no início deste mês, citando fontes, que a BP havia abandonado a meta principal de cortar a produção de petróleo e gás até 2030.
Auchincloss disse à Reuters nesta terça-feira que a BP se concentrará em valor, não em volume, para suas operações. "Sempre que... perseguimos volume, erramos", disse ele.
A empresa também reduziu seus investimentos em hidrogênio de baixo carbono e planeja vender suas operações eólicas terrestres nos Estados Unidos.
Fontes também disseram à Reuters que a BP está considerando vender uma participação minoritária em seu negócio de energia eólica offshore. Auchincloss disse nesta terça-feira que a BP trará parceiros para projetos de energia eólica offshore ao longo do tempo.
Auchincloss também disse que a BP tem potencial para aumentar a produção de petróleo e gás até o final da década, ao mesmo tempo em que continua a fazer investimentos de alto nível em energias renováveis e de baixo carbono.
"Ainda parece haver potencial para um crescimento diferenciado, impulsionado pela comercialização de combustíveis, biogás e pelo negócio principal de 'upstream', mas é improvável que o mercado se concentre nesse potencial até que tenhamos metas financeiras revisadas", disseram analistas do Citi em nota.
O lucro do custo de reposição subjacente da BP, a definição de lucro líquido da empresa, atingiu 2,27 bilhões de dólares no terceiro trimestre, superando as previsões de 2,05 bilhões e dólares em uma pesquisa fornecida pela empresa com analistas, mas abaixo dos 2,8 bilhões de dólares do trimestre anterior e dos 3,3 bilhões de dólares do ano anterior.
Os resultados foram os mais fracos desde o quarto trimestre de 2020, quando os lucros despencaram durante a pandemia.
A produção de petróleo e gás da BP aumentou 3% em relação a um ano antes para 2,38 milhões de barris de óleo equivalente por dia, ajudando a compensar uma queda nas margens de refino e o comércio de petróleo mais fraco. Preços mais altos de gás natural impulsionaram ainda mais os lucros, embora o comércio de gás tenha sido médio no trimestre, disse a BP.
(Reportagem de Ron Bousso)
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