Nova estratégia da Petrobras sinaliza reformulação de plano nacional de fertilizantes
Por Ana Mano
SÃO PAULO (Reuters) – As mudanças estratégicas planejadas pela Petrobras poderão afetar as metas contidas no plano nacional de fertilizantes lançado ano passado, na avaliação de pessoas familiarizadas com a indústria.
A companhia informou na terça-feira que cancelou negociações para a venda integral da Unidade de Fertilizantes Nitrogenados III (UFN-III), em Três Lagoas, no Mato Grosso do Sul, que quase fora comprada pela russa Acron.
No mês passado, a Petrobras também havia encerrado negociações para a venda da unidade de fertilizantes Araucária Nitrogenados (Ansa), no Paraná, para a norueguesa Yara International.
Um funcionário do governo, que pediu anonimato para discutir decisões internas, disse que a expectativa de que a Petrobras retome grandes projetos de fertilizantes nitrogenados promete mudar o jogo, se confirmada no novo plano estratégico da empresa.
Procurada, a Petrobras afirmou que não iria se pronunciar.
“Será que a gente vai conseguir atingir mais rápido (as metas para) nitrogenados com a Petrobras no jogo?”, disse essa pessoa. “Tudo pode mudar”.
Um conselho interministerial conhecido como Confert é responsável por conduzir o plano nacional de fertilizantes, lançado em março de 2022 para amenizar a dependência brasileira de importações em meio a temores de escassez global devido à guerra na Ucrânia.
No entanto, o conselho passará também por mudanças, refletindo a nova estrutura ministerial do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e o mesmo ainda não foi convocado para discutir as novas perspectivas da Petrobras.
“Vamos ter que estressar todas as variáveis que a gente já tinha calculado com um modelo estratégico antigo da Petrobras, agora com o modelo novo”, disse o funcionário.
Marcelo Mello, chefe da mesa de fertilizantes da StoneX em São Paulo, disse que será um desafio para a Petrobras retomar seus projetos de fertilizantes depois de passar anos deixando-os de lado para se concentrar em seus campos de petróleo e gás no pré-sal.
No entanto, Mello disse que apenas a planta do Mato Grosso do Sul poderia aumentar a oferta doméstica de fertilizantes nitrogenados em 1,2 milhão de toneladas por ano.
Isso seria quase o dobro da produção brasileira nos primeiros nove meses de 2022, segundo dados da Associação Nacional para Difusão de Adubos (Anda).
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