Agroindústrias querem importar milho dos Estados Unidos e Argentina
Com uma demanda cada vez maior e a previsão de redução na safra brasileira de milho, lideranças do agronegócio pensam em alternativas para o abastecimento do grão e a manutenção da competitividade das agroindústrias instaladas no Sul do país. A intenção das agroindústrias é buscar o grão diretamente do maior produtor mundial de milho: os Estados Unidos. Boa parte da carga viria direto para Santa Catarina – grande produtor de carnes e grande importador de milho. O assunto foi tratado nesta segunda-feira (26) por representantes do Governo do Estado, dos produtores rurais e da iniciativa privada durante reunião na FIESC.
Este ano, a previsão é de que Santa Catarina importe cerca de quatro milhões de toneladas de milho de outros estados e do exterior para abastecer o setor produtivo de carnes. Com a redução da safra brasileira e a alta nos preços do insumo, uma das soluções apontadas pelos representantes das agroindústrias é a importação de milho proveniente dos Estados Unidos - principalmente em períodos de desabastecimento. Hoje, a compra do grão já é permitida, porém com restrições burocráticas que acabam dificultando a entrada do carregamento no Brasil. A proposta da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) é de que essas condições sejam revistas pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa).
O milho americano chegaria em Santa Catarina com um preço mais competitivo para as agroindústrias, em um valor inferior ao praticado no Brasil. A importação de milho de outros países já é uma realidade no estado. O setor produtivo de carnes espera para os próximos dias a chegada de dois navios, vindos da Argentina, com 60 mil toneladas de milho.
A entrada do grão importado deve influenciar nos preços da saca de milho no estado, ainda mais com a queda nas exportações da safra brasileira de milho. O secretário de Estado da Agricultura e da Pesca, Airton Spies, explica que os preços do milho em outros países estão mais atrativos, diminuindo as compras internacionais da safra brasileira. Ou seja, aumenta a oferta de milho dentro do país e o preço volta a um equilíbrio.
Milho em Santa Catarina
O milho é o principal ingrediente das rações que alimentam suínos e aves em mais de 18 mil granjas em Santa Catarina. E a alta nos preços do grão influenciam diretamente a competitividade das agroindústrias instaladas no estado. Esta semana, em Chapecó, as indústrias estão pagando em média R$ 40 pela saca de milho – R$ 10 a mais do que em janeiro.
“A cadeia produtiva de carnes brasileira está muito bem estruturada, mas possui um elo solto, que é o fornecimento de milho. Hoje, nós estamos numa gangorra onde um ano ganha a indústria de carnes e outro ano ganha o produtor de milho e precisamos de mecanismos para equilibrar o preço”, destaca o secretário Airton Spies.
O cenário da produção de milho no país é complexo e itens como o crescimento das exportações brasileiras de grãos, principalmente via portos do Arco Norte, o milho destinado à fabricação de etanol e a perda de área plantada na safra de verão também têm influencia no preço do insumo.
Os preços costumam interferir também na próxima safra de milho. Normalmente, em anos em que o preço é baixo, como foi 2017, os produtores acabam não investindo na produção de milho e buscando culturas mais rentáveis – o que diminui a oferta do grão no país. Em Santa Catarina, as lavouras de milho encontram dois fortes concorrentes: a soja e o milho silagem (utilizado na alimentação de bovinos de leite). “A produção de milho varia muito em Santa Catarina por causa do clima, que interfere diretamente no andamento da safra, e das expectativas de preço. Para reduzir a volatilidade dos preços de milho é fundamental pensarmos na compra antecipada e em aumentar a capacidade de armazenagem do grão”, ressalta Spies.
Uma alternativa para Santa Catarina é investir em culturas alternativas para alimentação animal, como, por exemplo, o trigo e a cevada, muito utilizado para ração animal em outros países.
Safra de Milho 2017/18
As lavouras catarinenses devem produzir 2,4 milhões de toneladas de milho em 2018 – 20,4% a menos do que na última safra. A área plantada para o milho grão será de 310 mil hectares.
1 comentário
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Sergio Aquiles Bellotto Palmital - SP
O Brasil tem muito milho. Agora, vem o pessoal querendo importar.... Está na hora da indústria ser parceira do agricultor. Algo está errado... nós, agricultores, precisamos nos organizar e precisamos ser ouvidos pela indústria. Todos têm que ter lucro na sua atividade. Não é um setor querendo matar o outro... Está na hora de todos abrirem o diálogo. A indústria tem que ter coragem de dizer quanto pode pagar no milho para ter lucro razoável e o produtor tem que pedir o preço para ter lucro. Se a cadeia indústria/agricultor estipularem o mínimo como o teto no preço do milho, podemos ter uma nova era na agricultura brasileira. Não devemos esperar pelo governo. Ele mais atrapalha que ajuda. O Brasil da iniciativa privada é o futuro para o agronegócio