No mercado interno, preços do milho continuam pressionados com avanço da colheita da segunda safra
A terça-feira (4) foi de ligeira movimentação aos preços do milho praticados no mercado interno. Sem a referência da Bolsa de Chicago (CBOT), devido ao feriado do Dia da Independência, as cotações permaneceram inalteradas, conforme levantamento realizado pelo economista do Notícias Agrícolas, André Lopes.
Em Campo Grande (MS), o valor caiu 8,57%, com a saca do cereal a R$ 16,00. Já no Oeste da Bahia, a perda ficou em 1,11%, com a saca de milho a R$ 22,25. Na contramão desse cenário, o preço subiu 3,91%, com a saca a R$ 26,60, em Tangará da Serra (MT), a valorização foi de 3,33%, com a saca a R$ 15,50.
Contudo, as cotações permanecem pressionadas negativamente pelo avanço da colheita da safrinha no país. De acordo com dados reportados pelo Cepea, "nesta temporada, a demanda está muito inferior à oferta, que é recorde, o que fundamenta a posição retraída de compradores". Inclusive, em muitas regiões os preços do cereal já estão abaixo dos custos de produção.
Em São Gabriel do Oeste (MS), os agricultores iniciam a colheita do grão e a saca é cotada entre R$ 15,00 a R$ 16,00. Segundo o presidente do Sindicato Rural do município, Júlio César Bortolini, os valores não cobrem os custos de produção e estão abaixo do mínimo fixado pelo Governo para o estado, de R$ 19,21 a saca. Essa é uma realidade que se repete nas principais regiões produtoras do país.
Até o momento, no principal estado produtor, Mato Grosso, em torno de 29,25% da área já colhida, de acordo com o último reporte do Imea (Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária). No Paraná, a colheita está próxima de 8% da área plantada, conforme dados do Deral (Departamento de Economia Rural).
Em meio aos trabalhos nos campos ganhando ritmo, a INTL FCStone aumentou nesta segunda-feira a projeção para a segunda safra de milho. A perspectiva é que sejam colhidas 66 milhões de toneladas do cereal nesta temporada, volume superior ao estimado em junho, de 65,2 milhões de toneladas.
“Diante dessa produção recorde, espera-se que o balanço de oferta e demanda fique bastante confortável, com estoques finais estimados acima de 22 milhões de toneladas”, avalia a analista de mercado da INTL FCStone, Ana Luiza Lodi. Ainda segundo a consultoria, as exportações de milho devem ganhar força neste segundo semestre, com as recentes desvalorizações do real frente ao dólar favorecendo a competitividade do produto brasileiro.
A moeda norte-americana encerrou a sessão desta terça-feira a R$ 3,3102 na venda, com ganho de 0,15%. A Reuters reportou que o dia foi de baixa liquidez em função do feriado norte-americano e os investidores estão cautelosos frente ao cenário político brasileiro conturbado.
Na visão da Anec (Associação Nacional dos Exportadores de Cereais), o país pode exportar 30 milhões de toneladas de milho em 2017. O número está do estimado em maio, de 28 milhões de toneladas.
"Os embarques de milho no último mês de junho foram muito acima da média, totalizando 977 mil toneladas exportadas, sendo este o maior volume já registrado para o mês, o que traz grande confiança ao setor exportador de que este ano deverá concretizar a retomada do mercado perdido no ano anterior", afirmou a Anec em nota à agência Reuters.
Leilões da Conab
Ainda na tentativa de dar sustentação aos preços do milho, a Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) realiza na próxima quinta-feira (6) novas operações de apoio à comercialização do cereal. Além de Mato Grosso, os estados de Mato Grosso do Sul e Goiás e o Distrito Federal também serão beneficiados com as operações.
BM&F Bovespa
A alta do dólar impulsionou os preços do milho praticados na BM&F Bovespa. As principais posições do cereal encerraram o dia com valorizações de mais de 1%. O setembro/17, referência para a safrinha, finalizou o dia a R$ 26,51 a saca e o novembro/17 a R$ 27,50 a saca. Já o janeiro/18 era negociado a R$ 28,16 a saca.
Bolsa de Chicago
As negociações serão retomadas no pregão desta quarta-feira (5) no mercado internacional. No caso do milho, o clima no Corn Belt permanece como direcionador dos preços. Nesse momento, as lavouras entram na fase mais importante de desenvolvimento da cultura, a polinização.
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