Em meio à especulação climática nos EUA, milho registra leves quedas na semana em Chicago
Na Bolsa de Chicago (CBOT), a semana foi negativa aos preços do milho. As principais posições do cereal acumularam leves quedas entre 0,84% e 0,99%, conforme levantamento realizado pelo economista do Notícias Agrícolas, André Lopes. Nesta sexta-feira (16), os contratos do cereal encerraram o pregão com ganhos entre 4,25 e 4,50 pontos. O setembro/17 era cotado a US$ 3,92 por bushel e o dezembro/17 a US$ 4,02 por bushel.
Ao longo da semana, as cotações foram influenciadas pelas previsões climáticas para o Corn Belt. Com mapas meteorológicos mostrando previsões divergentes, as cotações do cereal oscilaram dos dois lados da tabela, uma vez que os participantes do mercado ainda especulam sobre o real impacto do clima no desenvolvimento das plantações de milho.
De acordo com dados do USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos), até o início da semana, cerca de 67% das lavouras do cereal apresentavam boas ou excelentes condições. Na semana anterior, o número estava em 68%. Os dados serão atualizados na próxima segunda-feira pelo órgão.
Para os próximos 8 a 14 dias, o NOAA - Serviço Oficial de Meteorologia o país - indica que as temperaturas ficarão acima da média no Meio-Oeste. Porém, as chuvas também deverão ficar acima da normalidade em algumas regiões no mesmo período.
"Na maior parte, ainda temos uma previsão de clima quente e úmido para o Corn Belt", disse a ED&F Man Capital Markets em uma nota aos clientes, replicada pela agência Reuters internacional.
Ainda no final dessa semana, a AgResource Brasil destacou que as lavouras de milho estão sofrendo com o stress climático no Corn Belt. "O milho tem enrolado as folhas sob sol a pino, sendo chuvas extremamente necessárias nos próximos 6-8 dias", reportou.
Os analistas ainda reforçam que a forte valorização registrada nos preços do trigo também puxado as cotações do milho. Nesta sexta-feira, os futuros do trigo subiram entre 11,50 e 12,50 pontos na Bolsa de Chicago (CBOT), uma valorização de mais de 2,5%. O vencimento setembro/17 era negociado a US$ 4,81 por bushel e o dezembro/17 a US$ 5,02 por bushel.
"Os preços atingiram o nível mais alto em quase um ano com preocupações sobre os déficits na safra dos EUA", destacou a Reuters internacional. Outras lavouras em importantes regiões produtoras, como Austrália, União Europeia e Ucrânia, também sofrem com o clima adverso.
E as duas commodities têm uma estreita relação, já que em torno de 15% da produção mundial de trigo é destinada à produção de ração animal, conforme informou a Granoeste Corretora de Cereais. No caso da União Europeia, o índice é de 40%.
Hoje, o USDA também divulgou a venda de 120 mil toneladas de milho para o México. O volume negociado deverá ser entregue ao longo da campanha 2017/18.
Mercado interno
As cotações do milho praticadas no mercado interno apresentaram ligeiras modificações nesta semana, conforme levantamento do Notícias Agrícolas. Em São Gabriel do Oeste (MS), o preço caiu 5%, com a saca do milho a R$ 19,00. Já no Oeste na Bahia, a queda ficou em 4,26%, com a saca a R$ 22,50.
Ainda em Mato Grosso do Sul, em Campo Grande, a saca recuou 2,63% e encerrou a semana a R$ 18,50. Na região de Campinas (SP), a queda ficou em 1,85% e a saca cotada a R$ 26,60. No Porto de Paranaguá, o preço futuro caiu 1,69%, com a saca a R$ 29,00. Na contramão desse cenário, em Tangará da Serra (MT), o valor praticado subiu 3,03%, com a saca a R$ 17,00.
As negociações ainda caminham lentamente no mercado interno. O foco continua sendo a chegada da safrinha de milho no mercado. No maior estado produtor do cereal, o Mato Grosso, a colheita já está completa em 12,12% da área cultivada, segundo levantamento do Imea (Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária) reportado nesta sexta-feira. No mesmo período do ano anterior, o índice estava em 10,33%.
No Paraná, a colheita chega a 1%, conforme dados do Deral (Departamento de Economia Rural). Em torno de 93% das lavouras estão em boas condições, 6% apresentam condições medianas e 1% têm condições ruins.
Além disso, a Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) continua com as operações de apoio à comercialização do cereal produzido em Mato Grosso. Até o momento, as três operações Pep (Prêmio para Escoamento de Produto), Pepro (Prêmio Equalizador Pago ao Produtor Rural) e os contratos de opção, já negociaram 3,5 milhões de toneladas.
Inclusive em algumas regiões, os leilões têm contribuído para a sustentação dos preços praticados, como é o caso de Tangará da Serra (MT). “Se não fossem os leilões teríamos valores bem abaixo dos custos de produção. E as operações têm movimentado o mercado local nos últimos dias”, destaca o diretor do Sindicato Rural, Clóvis Félix de Paula.
Confira como fecharam os preços nesta sexta-feira:
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