Milho: Com queda de braços entre compradores e vendedores, negociações seguem travadas no Brasil
A queda de braços entre compradores e vendedores travou as negociações de milho no mercado interno brasileiro. De um lado, os vendedores estão reticentes em aceitar valores abaixo dos pedidos e os compradores ainda estão retraídos e aguardam a chegada da segunda safra. Somente na safrinha, o Brasil deverá colher mais de 62,68 milhões de toneladas.
Nesta segunda-feira (29), sem a referência da Bolsa de Chicago (CBOT) devido ao feriado do Memorial Day, as cotações do cereal permaneceram inalteradas, conforme levantamento realizado pelo economista do Notícias Agrícolas, André Lopes. Apenas em Campinas (SP), o valor caiu 1,78% e a saca do milho encerrou o dia a R$ 27,60.
O analista de mercado da Labhoro Corretora, Tiago Delano, ainda destaca que a situação de um dos maiores compradores de milho no país, o grupo JBS, também trouxe mais incertezas ao mercado. Com isso, os vendedores ficaram ainda mais cautelosos nas negociações com a empresa.
E, diante do excedente de oferta, os analistas destacam a importância das exportações para enxugar o mercado doméstico nesta temporada, embora o câmbio ainda seja uma incógnita. Até o momento, no acumulado entre janeiro a abril, os embarques do cereal somam 2,33 milhões de toneladas. As informações foram divulgadas pela Secex (Secretaria de Comércio Exterior) e os participantes do mercado ainda aguardam o volume referente ao mês de maio.
"O que poderia movimentar o mercado de milho nesse momento é o dólar. A situação política no país ainda não foi solucionada, com isso, ainda podemos ver o dólar voltar a patamares mais altos entre R$ 3,40 até R$ 3,50, mas não sabemos isso poderá se confirmar, nem haverá uma tendência de alta para a moeda", disse o analista da Labhoro Corretora.
Hoje, a moeda norte-americana finalizou a sessão a R$ 3,2695 na venda, com alta de 0,13%. Conforme dados da Reuters, o dia foi de liquidez reduzida em virtude do feriado nos EUA e os investidores ainda permanecem focados na crise política no Brasil.
Além da questão cambial, os produtores brasileiros ainda precisarão enfrentar a competição com países como os Estados Unidos e Argentina. As exportações americanas seguem firmes e, até a semana anterior, o volume acumulado na temporada estava em 1.913,002 milhões de toneladas, contra 27.615,874 milhões da safra 2015/16, nesta época. Os dados são do USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos).
No caso da Argentina, a safra de milho deverá ficar próxima de 40 milhões de toneladas neste ciclo. E com um consumo interno estimado em 12 milhões de toneladas do cereal, os produtores teriam que exportar mais de 27 milhões de toneladas nesta temporada, segundo o analista de mercado da Carlos Cogo Consultoria Agroeconômica, Carlos Cogo disse em recente entrevista ao Notícias Agrícolas.
Clima nos Estados Unidos
Outra variável que também pode impactar os preços no mercado brasileiro é comportamento do clima nos Estados Unidos. As chuvas que acompanham os agricultores desde o início do plantio da nova safra deverão permanecer nos próximos dias.
Os modelos climáticos europeus indicam chuvas entre 75 mm a 100 mm Iowa (exceto sudeste), oeste e sul do Missouri, Oklahoma, Texas, Louisiana, Arkansas, Mississippi, Alabama e Tennessee. As demais áreas têm chuvas previstas de no máximo 45 mm acumulados, de acordo com informações da Labhoro Corretora.
Contudo, o plantio do cereal já está completo em 84% da área prevista para essa temporada no país. O número está 1% abaixo da média dos últimos anos para o período. O USDA atualiza as informações nesta terça-feira (30). E, mesmo com o cultivo caminhando, há muitas especulações no mercado do cereal com possíveis áreas de replantio devido às chuvas.
Leilões da Conab
A Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) realiza na próxima quinta-feira (1) mais três operações de apoio à comercialização do cereal produzido em Mato Grosso. Novamente, a entidade irá ofertar mais de 1 milhão de toneladas do cereal através de leilões de Pepro (Prêmio Equalizador Pago ao Produtor) e Pep (Prêmio para Escoamento de Produto).
A companhia também irá ofertar mais 7,4 mil contratos de opção. Nesta operação, os produtores terão a possibilidade de vendar o milho ao governo federal até o dia 15 de setembro, com preço de R$ 17,87 a saca de 60 kg.
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Colheita da segunda safra
A colheita da safrinha brasileira já começou nos dois principais estados produtores. Em Mato Grosso, a colheita chega a 1,06% da área semeada, de acordo com dados reportados pelo Imea (Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária). No mesmo período do ano anterior, a colheita já estava completa em 1,11%.
No Paraná, a colheita do cereal já está completa em 1% da área cultivada nesta temporada, conforme último levantamento do Deral (Departamento de Economia Rural). Cerca de 96% das plantações apresentam boas condições e apenas 4% da safra foi negociada até o momento.
Confira como fecharam os preços nesta segunda-feira:
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