Com suporte dos estoques trimestrais, milho fecha pregão desta 6ª feira com forte alta em Chicago
As cotações futuras do milho negociadas na Bolsa de Chicago (CBOT) acumularam valorizações entre 0,07% e 0,21% ao longo dessa semana, conforme levantamento realizado pelo economista do Notícias Agrícolas, André Lopes. Nesta sexta-feira (30), as cotações subiram mais de 7 pontos e o vencimento dezembro/16 encerrou o dia a US$ 3,36 por bushel, enquanto o março/17 era negociado a US$ 3,46 por bushel.
De acordo com informações das agências internacionais, os preços foram impulsionados pelos números dos estoques trimestrais reportados pelo USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos). Ainda hoje, o órgão indicou os estoques de milho em 44,20 milhões de toneladas na posição de 1º de setembro.
A projeção ficou levemente abaixo da expectativa média dos participantes do mercado, de 44,63 milhões de toneladas. Há um ano, os estoques do cereal nos EUA eram de 43,97 milhões de toneladas. Os números eram aguardados pelos participantes do mercado e considerados um dos mais importantes pelos analistas.
A perspectiva é que, de agora em diante, o foco dos investidores volte ao andamento da colheita da safra nos EUA. Isso porque, depois das chuvas recentes, o clima no Meio-Oeste permaneceu firme durante a semana e a estimativa é que os trabalhos nos campos tenham evoluído.
Até o início dessa semana, o USDA informou que em torno de 15% da área plantada já havia sido colhida. O número ficou levemente abaixo do mesmo período do ano anterior, de 16% e da média dos últimos anos, de 19%. “E, por enquanto, os relatos vindos dos campos americanos indicam uma produtividade média próxima de 182,44 sacas por hectare, com uma área colhida de 35 milhões de hectares”, disse o analista da Lansing Trade Group, Marcos Araújo.
Mercado brasileiro
A sessão desta sexta-feira (30) foi positiva aos preços do milho negociados na BM&F Bovespa. As principais posições da commodity finalizaram o dia com valorizações de mais de 2%. O contrato novembro/16 era cotado a R$ 42,90 a saca e o janeiro/17 a R$ 42,87 a saca.
Enquanto isso, no mercado brasileiro, os preços tiveram muitas oscilações. Ainda segundo levantamento do Notícias Agrícolas, o preço caiu 7,50% em Rio Verde (GO) e encerrou a semana a R$ 37,00. Em Ponta Grossa (PR), a queda foi de 5%, com a saca a R$ 38,00. Na região de Campinas (SP), a perda foi de 3,56%, com a saca a R$ 40,60. Em Paranaguá, a queda foi de 2,94%, com a saca do cereal a R$ 33,00.
Na contramão desse cenário, a cotação subiu 5,70% em Itapeva (SP), com a saca do cereal a R$ 36,14. Em São Gabriel do Oeste (MS), a alta foi de 3,23%, com a saca a R$ 32,00 e em Campo Grande (MS), ganho de 3,33% e a saca a R$ 31,00. Em Mato Grosso, em Tangará da Serra e Campo Novo do Parecis, o ganho foi de 3,85%, com a saca a R$ 27,00.
Os analistas ainda ponderam que, os negócios caminham lentamente no Brasil. Ainda essa semana, outra informação voltou ao mercado, já que a Camex (Câmara de Comércio Exterior), prorrogou por mais 90 dias o período de isenção do imposto de importação para o milho. E a Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio) voltará a discutir a aprovação ou não de novas variedades transgênicas do cereal dos Estados Unidos. A reunião acontece na próxima quinta-feira (6), segundo informou a assessoria de imprensa da comissão.
No início do mês, a comissão havia aprovado o uso no Brasil de apenas uma variedade de milho transgênico da Monsanto comercializada nos EUA. Ainda estão sendo analisadas mais duas variedades da multinacional e uma da Syngenta.
"Há uma perspectiva de que a comissão libere a importação de novas variedades transgênicas de milho norte-americano. Até o momento, os compradores brasileiros têm feito compras bem pontuais do país devido a esse impasse", reforça a analista de mercado da FCStone, Ana Luiza Lodi.
Em relação às exportações, Marcos Araújo ainda pondera que, os números foram fortes em agosto e podem chegar a 3 milhões de toneladas de milho em setembro. “Ainda assim, tivemos uma quebra muito expressiva na safrinha em Goiás, Mato Grosso e Matopiba. E, se considerarmos o consumo interno, entre outubro/16 a janeiro/17, temos um número de 18 milhões de toneladas. E com os embarques próximos de 3 milhões de toneladas poderemos ter um estoque final de 2,5 milhões de toneladas, contra os 5 milhões de toneladas estimados oficialmente”, diz.
Diante desse quadro, o analista de mercado ainda ressalta que “podemos ter uma pressão de alta nos preços entre janeiro até março, quando teremos a entrada da safra de verão. Acredito que poderemos colher perto de 30 milhão de toneladas na primeira safra”, completa.
China
Outro tema discutido nesta sexta-feira foi à autorização concedida pela China para duas empresas exportarem milho. De acordo com a agência Reuters, o objetivo seria reduzir os estoques do cereal no país. A princípio serão exportadas 2 milhões de toneladas do grão.
“Estima-se que os estoques de milho na China superam os 140 milhões de toneladas e os produtores do país deverão colher uma safra ao redor de 215 milhões de toneladas nesta safra. Contudo, o mundo tem um consumo diário de 2,8 milhões de toneladas, com certeza essa medida pode roubar uma fatia de mercado do Brasil, mas ainda será preciso avaliar a qualidade desse milho e também precisamos reforçar que os preços domésticos do milho no país são elevados. O milho chinês é cotado a US$ 260,00 por tonelada e o milho no Golfo dos EUA é negociado a US$ 170 a tonelada”, afirma Araújo.
Dólar
A moeda norte-americana fechou o dia a R$ 3,2517 na venda, com queda de 0,12%. O movimento é decorrente da notícia de que o Deutsche Bank estaria perto de um acordo para reduzir significativamente uma multa aplicada por autoridades dos Estados Unidos, o que trouxe de volta a busca por ativos de risco, informou a Reuters.
Veja como fecharam os preços nesta sexta-feira:
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