Milho: Com alta do dólar e exportação aquecida, preços registram mais uma semana positiva no Brasil
A semana foi positiva aos preços do milho nos portos brasileiros e no mercado interno. No terminal de Paranaguá, a cotação acumulou alta semanal de 2,90%, com o preço da saca a R$ 35,50 nesta sexta-feira (30). Em São Gabriel do Oeste (MS), o ganho foi mais expressivo, de 4,35%, com a saca do cereal cotada a R$ 24,00. Já na região de Não-me-toque (RS), a saca do grão registrou alta de 3,57%, com o preço a R$ 29,00.
A praça de Campo Novo do Parecis (MT) também registrou valorização, em torno de 2,63%, com a saca a R$ 19,50. Na região de Ubiratã (PR), a saca de milho subiu 2,08% e a cotação fechou a semana a R$ 24,50. Em Jataí (GO), o valor praticado ficou em R$ 25,00 a saca, com ganho de 2,04%. Na contramão desse cenário, em Tangará da Serra (MT), o preço recuou 2,44% e a saca terminou a sexta-feira negociada a R$ 20,00. Nas demais praças pesquisadas pelo Notícias Agrícolas a semana foi de estabilidade.
Os preços permanecem sustentados pela desvalorização do real frente ao dólar e o forte ritmo das exportações brasileiras acumuladas ao longo do mês de outubro. O câmbio fechou a sexta-feira a R$ 3,8628 na venda, com alta de 0,23%. O dólar registrou uma sessão volátil frente ao feriado prolongado e às incertezas políticas e econômicas no Brasil. Já o acumulado do mês indica uma desvalorização de 2,59% na moeda norte-americana.
Enquanto isso, os embarques brasileiros de milho somam no acumulado de outubro, 4.032,9 milhões de toneladas, conforme informou o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC). A média diária ficou em 252,1 mil toneladas do grão. Para essa temporada, a perspectiva tanto dos analistas como das consultorias privadas é que o volume exportado de milho seja recorde, podendo superar as 27 milhões de toneladas.
E, segundo explica o pesquisador do Cepea, Lucílio Alves, os line-ups dos navios nos portos brasileiros continuam favoráveis. Para o terminal de Santos, o volume a ser embarcado deve superar 1 milhão de toneladas de milho, já em Paranaguá, o número é próximo de 900 mil toneladas.
Inclusive ao longo dos últimos dias, fontes do mercado ressaltaram que a Bunge embarcou três navios de milho do Brasil para os EUA neste ano, movimento pouco comum, especialmente em meio à colheita de uma safra cheia no país.
“E considerando a redução na área destinada ao milho na safra de verão não há nada que indique uma pressão nas cotações. Também começamos com as especulações para a safrinha de 2016, que somente o clima irá definir o volume de produção. Por enquanto, os bons volumes embarcados dá poder de negociação aos vendedores e temos uma boa demanda interna, o que torna o contexto mais favorável aos vendedores”, explica o pesquisador.
De acordo com informações do Deral (Departamento de Economia Rural), até essa semana, o plantio da primeira safra do grão do Paraná alcançou 88% da área estimada para essa temporada, de 437,35 mil hectares. O estado deverá colher neste ciclo em torno de 3,77 milhões de toneladas de milho, contra os 4,65 milhões de toneladas colhidos na safra passada.
Paralelamente, a semeadura chega a 70% da área prevista para o Rio Grande do Sul, conforme dados da Emater. Cerca de 6% das plantações estão em fase de floração e 1% em enchimento do grão. “Embora tenha sido constatada uma maior incidência de pragas nas lavouras, não chegou a atingir o nível de dano econômico”, informou a entidade em nota.
Bolsa de Chicago
As cotações futuras do milho encerraram o pregão desta sexta-feira (30) em campo positivo na Bolsa de Chicago (CBOT). As principais posições do cereal acumularam altas de mais de 2 pontos ao longo da sessão. O vencimento dezembro/15 era cotado a US$ 3,82 por bushel, depois de iniciar o dia a US$ 3,79 por bushel. No balanço semanal, as cotações registraram ganhos entre 0,60% e 0,72%.
O mercado exibiu uma correção técnica depois das perdas registradas recentemente e em alta pelo 2º dia consecutivo. Ao longo dessa semana, as cotações foram pressionadas pelas informações sobre o andamento da colheita do grão norte-americano. Diante da falta de novas informações, que possam alavancar os preços, a evolução dos trabalhos nos campos acaba exercendo uma pressão sobre os valores praticados em Chicago.
Até o último domingo (25), pouco mais de 75% da área havia sido colhida, conforme dados oficiais do USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos). Apesar de o percentual ter ficado dentro das expectativas dos participantes do mercado, o número ficou acima do registrado no mesmo período do ano passado, de 44% e da média dos últimos cinco anos, de 68%. O órgão atualiza os dados na próxima segunda-feira (2).
Por enquanto, as previsões climáticas continuam indicando chuvas no Meio-Oeste do país, principalmente no período de 4 a 8 de novembro. No mesmo intervalo, as temperaturas irão ficar mais altas, em até 90% acima da normalidade, segundo dados atualizados do NOAA – Serviço Oficial de Meteorologia do país. "Ainda assim, as chuvas não deverão atrapalhar os trabalhos nos campos", disse Bryce Knorr, editor e analista do site internacional Farm Futures.
Diante desse quadro, os investidores aguardam a finalização e a consolidação da safra norte-americana do ciclo 2015/16. E, de acordo com os analistas, o foco deverá passar para a próxima safra dos EUA, em relação aos custos de produção e qual será a área destinada ao cereal na produção 2016/17.
Confira como fecharam os preços nesta sexta-feira:
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