Compradores asiáticos de milho miram Ucrânia com atrasos no porto de Paranaguá
Por Naveen Thukral e Caroline Stauffer
CINGAPURA/SÃO PAULO (Reuters) - Produtores de ração da Ásia deverão importar milho da Ucrânia se chuvas fortes no Brasil atrasarem ainda mais os carregamentos no porto de Paranaguá, onde a fila de espera de navios já chega a 40 dias, disseram operadores.
Embora a fila de navios em portos brasileiros já tenha atingido até 60 dias num passado recente, durante picos de exportação de soja, as longas filas não são habituais para essa época do ano.
O porto de Paranaguá, por meio da assessoria de imprensa, disse que "nesta época do ano passado não tínhamos nenhum navio na fila de espera".
Qualquer mudança na demanda dos processadores asiáticos, que fecharam grandes volumes para carregamento no Brasil entre outubro e dezembro, pode elevar preços do grão de fornecedores como Ucrânia e Estados Unidos.
"Nosso navio está esperando há 30 dias para atracar", disse um operador de Cingapura. "Estamos ouvindo... que está levando até 40 dias para alguns navios."
Chuvas interrompem o processo de carregamentos de navios porque os terminais não são cobertos e é preciso evitar umidade na carga.
A região de Paranaguá, no litoral paranaense, teve sete dias ininterruptos de chuva este mês e 10 dias de precipitações em setembro, durante os quais 20 navios não conseguiram atracar, segundo a autoridade portuária.
Além do clima ruim, grandes volumes chegando ao porto após uma safra recorde no país e uma elevada demanda provocada pelo câmbio favorável levaram às filas maiores, segundo a administração do porto.
O Brasil colheu uma safra recorde de 84,7 milhões de toneladas em 2014/15, enquanto o dólar é negociado perto de uma máxima histórica ante o real, tornando os grãos brasileiros mais baratos para importadores.
CAUTELA, SEM PÂNICO
Compradores asiáticos têm buscado bastante milho do Brasil.
O Vietnã, que tem um dos setores de proteína animal que mais cresce no mundo, bloqueou exportações de cerca de 500 mil toneladas do grão no último trimestre.
Importadores tipicamente voltam-se para a Índia no caso de atrasos no fornecimento da América do Sul, mas o país do Sudeste Asiático está fora do mercado devido a uma baixa produção, prejudicada por clima seco relacionado ao El Niño.
Bangladesh, que geralmente compra milho da Índia, fechou a compra de 150 mil toneladas de milho do Brasil em negócios recentes.
"Os fabricantes de ração ainda não estão em pânico, mas se houver novos atrasos eles começarão a comprar milho em contêineres da Ucrânia, enquanto aguardam a chegada das cargas do Brasil", disse um segundo operador de Cingapura.
Dados meteorológicos indicam tempo predominantemente seco em Paranaguá nos próximos dias.
Contudo, operadores ressaltaram que demoraria bastante para eliminar a fila de cerca de 60 navios para carregar milho, soja e farelo de soja no porto.
(Por Naveen Thukral e Caroline Stauffer)
0 comentário
B3 antecipa movimento de queda dos preços do milho que ainda não apareceu no mercado físico
Demanda por milho segue forte nos EUA e cotações futuras começam a 6ªfeira subindo em Chicago
Radar Investimentos: Milho brasileiro encontra barreiras no mercado internacional
Milho emenda sexta queda consecutiva e B3 atinge menores patamares em um mês nesta 5ªfeira
Getap 2024: premiação deve ter altas produtividades para o milho inverno 24
Cotações do milho recuam nesta quinta-feira na B3 e em Chicago