Milho: Frente ao avanço da colheita nos EUA, preços fecham sessão desta 3ª feira em queda na CBOT
Depois das fortes altas registradas no pregão anterior, as cotações do milho negociadas na Bolsa de Chicago (CBOT) fecharam a terça-feira (22) em campo negativo. As principais posições do cereal terminaram o dia com quedas entre 3,75 e 4,25 pontos. O vencimento dezembro/15 era cotado a US$ 3,80 por bushel, após iniciar a sessão a US$ 3,82 por bushel.
O mercado foi pressionado por uma conjunção de fatores, conforme explica o consultor de mercado da MGS Rural, Márcio Genciano. O principal deles foi o avanço na colheita do milho nos Estados Unidos, que chegou a 10% até o último domingo (20), segundo informou o relatório de acompanhamento de safras do USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) na tarde desta segunda-feira.
Em meio ao clima favorável, os produtores norte-americanos avançaram em 5% os trabalhos de colheita em uma semana. No mesmo período do ano passado, a colheita estava completa em 7% da área cultivada. Contudo, os participantes do mercado apostavam em um percentual entre 11% a 14%. Paralelamente, ainda há dúvidas sobre o real tamanho da safra dos EUA na temporada.
Isso porque os relatos vindos dos campos indicam um rendimento médio das plantações ainda bastante irregular. E há incertezas no mercado de que a produtividade indicada pelo USDA, de 177,27 sacas por hectare, pode não se confirmar. Para essa safra, a perspectiva é que sejam colhidas 345,08 milhões de toneladas de milho no país.
O departamento norte-americano ainda informou em seu boletim que em torno de 94% das lavouras do cereal estão na fase do milho dentado, frente aos 87% apontados na semana anterior. Cerca de 53% das plantações estão em estágio de maturação. Na semana anterior o índice estava em 35%.
Enquanto isso, as previsões climáticas ainda indicam um clima favorável para a colheita no Meio-Oeste do país nos próximos dias. No intervalo de 27 de setembro a 01 de outubro, boa parte do Corn Belt deverá registrar chuvas entre 40% até 50% abaixo da normalidade. Em contrapartida, no mesmo período, as temperaturas deverão ficar entre 70% até 90% acima da média, segundo dados do NOAA - Serviço Oficial de Meteorologia do país - e indicado nos mapas abaixo.
Previsão de chuvas nos EUA entre os dias 27 de setembro e 01 de outubro - Fonte: NOAA
Temperatura prevista nos EUA entre os dias 27 de setembro a 01 de outubro - Fonte: NOAA
Além disso, o consultor ainda ressalta que, a queda observada no petróleo nesta terça-feira também contribuiu para a formação do cenário negativo aos preços do cereal. "Quando temos uma queda mais acentuada no valor do barril tiramos a atratividade do etanol, o que, consequentemente, acaba pesando sobre os preços da commodity no mercado internacional. Ainda hoje, a alta do dólar index também ajudou a pressionar os futuros do cereal", explica Genciano.
Mercado interno
Diante da disparada do dólar observada nesta terça-feira (22), o preço da saca do milho para entrega em outubro/15 subiu 2,94% e fechou o dia a R$ 35,00 no Porto de Paranaguá. Ao longo do dia, a moeda norte-americana tocou o patamar dos R$ 4,06 batendo recorde. Por volta das 16h15 (horário de Brasília), o câmbio era cotado a R$ 4,0466 na venda, com alta de 1,65%.
Segundo dados do site G1, a moeda norte-americana é impulsionada pelas preocupações do mercado em meio às votações no Congresso brasileiro e na perspectiva de aumento na taxa de juros nos EUA, o que pode acontecer ainda esse ano.
Apesar da forte alta do câmbio, Genciano ainda sinaliza que em dias de grande movimentação do dólar o mercado fica travado. "Isso por conta das incertezas tanto do lado dos vendedores, como dos compradores. Tivemos alguns negócios, mas foram bem pontuais", completa.
Ainda na visão do consultor, os preços do milho ainda têm espaço para avançar. "As nossas exportações ainda não ganharam ritmo, esperamos que isso aconteça a partir do mês de outubro", diz. Até a terceira semana de setembro, o volume exportado de milho ficou em 1.661,5 milhão de toneladas, com média diária de 127,8 mil toneladas, conforme dados reportados pela Secex (Secretaria de Comércio Exterior) nesta segunda-feira.
Por outro lado, o consultor ainda ressalta que a situação das lavouras de milho atingidas pela geada e o excesso de chuvas no Rio Grande do Sul é preocupante. "Temos uma redução na área destinada ao milho na safra de verão em várias regiões do país e na Argentina também. E a safra do Leste Europeu também foi castigada pelas intempéries climáticas. No Brasil, a produção de milho ficará mais concentrada na safrinha, mas temos custos mais altos para a próxima temporada", finaliza Genciano.
Confira como fecharam os preços nesta terça-feira (22):
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