Milho: Dados da China pesam e mercado inicia a semana com forte queda em Chicago
As principais posições do milho negociadas na Bolsa de Chicago (CBOT) iniciaram a semana em campo negativo. Por volta da das 7h42 (horário de Brasília), os vencimentos do cereal exibiam perdas entre 5,25 e 5,75 pontos. O contrato setembro/15 era cotado a US$ 3,60 por bushel, depois de encerrar o pregão da última sexta-feira (21) a US$ 3,65 por bushel.
Mais uma vez, as cotações futuras da commodity são pressionadas pelas informações vindas do mercado financeiro. Segundo dados reportados pela agência Reuters, a bolsa de valores da China recuou mais de 8% nesta segunda-feira, a maior queda diária desde o ápice da crise financeira mundial em 2007. O movimento reflete a frustração dos investidores após Pequim não divulgar novos estímulos no final de semana depois da queda de mais de 11% registrada na semana anterior.
Na última sexta-feira, o mercado do cereal foi também pressionado pelos dados da economia chinesa. As informações refletiram nos preços do petróleo que recuaram, enquanto que o dólar registrou alta e ambos os fatores contribuíram para a queda nas cotações do milho no mercado internacional, conforme as informações das agências internacionais.
Ainda hoje, o USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) traz o novo boletim de embarques semanais, importante indicador de demanda. Já no final da tarde, o órgão irá divulgar o relatório de acompanhamento de safras. Na semana anterior, o índice de lavouras em boas ou excelentes condições recuou de 70% para 69%, o que ajudou a dar suporte aos preços do cereal.
Confira como fechou o mercado na última sexta-feira:
Milho: Com informações do financeiro mercado fecha em queda, mas saldo da semana é positivo na CBOT
As cotações do milho negociadas na Bolsa de Chicago (CBOT) encerraram o pregão desta sexta-feira (21) em campo negativo. Os principais contratos do cereal exibiram perdas entre 4,75 e 5,75 pontos. O vencimento setembro/15 era cotado a US$ 3,65 por bushel após iniciar o dia a US$ 3,71 por bushel. Apesar do movimento negativo, o saldo da semana para as cotações futuras foi levemente positivo, com valorizações entre 0,26% e 0,53%.
Segundo informações do site internacional Farm Futures, os preços da commodity acabaram sendo influenciados pelos dados vindos do mercado financeiro. "Os novos problemas na economia da China estimularam as vendas nas commodities e ativos de maior risco nesta sexta-feira", explicou o analista e editor do portal, Bob Burgdorfer.
Ainda hoje, os mercados acionários asiáticos despencaram depois de uma pesquisa apontar que as fábricas chinesas reduziram no ritmo mais rápido desde o ápice da crise financeira mundial registrada em 2009, conforme informou a agência Reuters. A situação acabou aumentando a demanda por ativos de menor risco.
Outro fator que também contribuiu para dar o tom negativo aos negócios foi a queda expressiva observada nos preços do petróleo. Nos EUA, a cotação do petróleo recuou abaixo dos US$ 40,00 o barril. No caso do milho, a relação é direta, uma vez que com o preço mais baixo do petróleo, a competitividade do etanol fica comprometida, conforme destacam os analistas.
Paralelamente, os investidores também aguardam a finalização da safra norte-americana. Os números do Crop Tour Pro Farmer, divulgados no final da tarde desta sexta-feira, indicaram uma safra de 338,42 milhões de toneladas de milho. A última projeção do USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) estimou a produção desta temporada em 347,64 milhões de toneladas.
Já a produtividade média deverá somar 173,9 sacas por hectares, contra os 178,65 sacas por hectare indicados pelo departamento. Ao todo, a expedição visitou os estados de Dakota do Sul, Ohio, Indiana, Illinois, Iowa, Nebraska e Minnesota e, em quase todos, os índices do rendimento do milho ficaram acima do registrado no mesmo período do ano anterior, segundo o indicado na tabela abaixo.
Milho - Crop Tour Pro Farmer
"Estas estimativas são baseadas em premissas de condições normais de clima até setembro. Mesmo com uma conclusão normal até o final da temporada de crescimento, nos preocupamos com a habilidade do milho de segurar seu potencial de rendimento devido à sua deficiência de nitrogênio observado na porção leste do Corn Belt. No caso da soja, a safra poderia ter uma produtividade ainda maior até o final da safra caso o clima seja favorável. As chuvas que chegaram na semana passada ajudaram a oleaginosa a encher as vagens e permitiu até mesmo que alguns pés da oleaginosa plantados mais tarde conseguissem algumas vagens a mais. Não fizemos ajustes nos números de área nem da soja e nem do milho", informou a nota oficial do Crop Tour Pro Farmer.
Clima nos EUA
As últimas previsões climáticas do NOAA – Serviço Oficial de Meteorologia do país - ainda indicam condições favoráveis para o desenvolvimento das lavouras no Meio-Oeste americano. No sábado, chuvas devem se deslocar pelo cinturão produtor e tempestades poderiam ser registradas em Iowa. Nas previsões dos próximos 5 e 7 dias, as precipitações seguem concentradas no Corn Belt, enquanto para o intervalo dos próximos 6 a 10 dias, já é esperado um padrão de tempo mais seco, com o tempo quente se movendo para as Planícies e para o oeste do Meio-Oeste.
Previsão de chuvas nos EUA entre os dias 21 a 28 de agosto - Fonte: NOAA
Chuvas previstas nos EUA entre os dias 27 a 31 de agosto - Fonte: NOAA
Temperaturas previstas nos EUA entre os dias 27 a 31 de agosto - Fonte: NOAA
Projeção do Rabobank
Nessa sexta-feira, o Rabobank revisou para baixo sua projeção para os preços do milho no mercado internacional no curto prazo. A perspectiva é que as cotações operem próximas dos US$ 3,80 por bushel. Já o patamar dos US$ 4,00 por bushel, perdido recentemente, deverá ser retomado em meados do próximo ano.
"O cenário é decorrente da melhora no clima nos EUA que resultou em uma revisão para cima da produção norte-americana. Mas, também da concorrência que as exportações do país têm enfrentado com o milho originário da América do Sul e em breve também da Ucrânia", informou o banco internacional.
Calor na Europa
Ainda no relatório, o Rabobank reduziu a projeção para a safra da União Europeia devido ao clima quente registrado no período mais importante do desenvolvimento da cultura. "O milho na Europa tem sido afetado pelo calor excessivo. Com isso, a produção desta temporada deverá totalizar 60 milhões de toneladas do grão", apontou.
O número está abaixo da última projeção do USDA de 62,3 milhões de toneladas de milho. Nesta quinta-feira, o Governo da França apontou que cerca de 55% das plantações apresentam boas ou excelentes condições. O percentual é o mesmo indicado na semana anterior. "Isso marca uma estabilização da cultura que tem visto uma série de reduções drásticas nas condições", reportou o Rabobank.
Mercado interno
A alta do dólar registrada nesta sexta-feira acabou contribuindo aos preços praticados nos Portos brasileiros. No terminal de Paranaguá, a saca do cereal para entrega em outubro/15 encerrou o dia a R$ 31,50, com ganho de 1,61%. O valor foi o mesmo registrado em Rio Grande, mas a entrega é março/16.
A moeda norte-americana subiu mais de 1% frente ao real nesta sexta-feira também influenciada pelas preocupações com a economia da China. O dólar terminou o dia a R$ 3,4960 na venda e acumulou uma valorização de 0,37% na semana.
Para o analista de mercado da FocoMT Agentes Autônomos, Marcos Hildenbrandt, o câmbio também tem ocasionado boas oportunidades para a próxima safrinha de milho. "Temos oportunidades de travamento, para setembro de 2016, ao nível de R$ 30,00 a saca, através de uma compra de opção de venda (put). Isso garante ao produtor na região sul de MT um preço mínimo de R$ 21,00. Caso as cotações subam mais, o agricultor não exerce a opção na bolsa e vende no mercado físico mais caro", explica.
De acordo com o consultor de mercado da Brandalizze Consulting, Vlamir Brandalizze, cerca de 6 milhões a 8 milhões de toneladas do cereal da safrinha de 2016 já foram negociados até o momento.
"O câmbio valorizado tem tornado o milho brasileiro competitivo no mercado internacional. E no caso do produtor norte-americano temos uma situação inversa, enquanto os brasileiros seguram a soja e vendem o milho, os agricultores dão preferência para a venda da oleaginosa e seguram o cereal. As indústrias de etanol permanecem com boas margens, a demanda pelo setor de proteína animal é boa e de hoje até a colheita nos EUA, o Brasil está sozinho no mercado exportador. A soma desses fatores tem gerado grandes oportunidades aos produtores brasileiros", acredita o consultor em agronegócio, Ênio Fernandes.
0 comentário
Radar Investimentos: Futuros de milho fecharam em alta na Bolsa de Chicago
Preço do milho segue o dólar e fecha segunda-feira recuando na B3
Exportação de milho do Brasil segue atrás de 2023, mas Brandalizze vê bons volumes acumulados
Importações de milho pela China despencam em 2024
Milho segue a soja e abre a 2ªfeira levemente recuando em Chicago
Radar Investimentos: Colheita do milho nos EUA atingiu 95% no último domingo (17)