Milho: Mercado interno firme com vendedores retraídos e demanda aquecida no Brasil
Nesta segunda-feira (6), o dólar registrou mais uma dia de baixas frente ao real. Em contrapartida, os preços do milho no mercado interno brasileiro ainda mostram alguma sustentação e parecem tentar se descolar do andamento da taxa cambial nesse momento, segundo explicam analistas e consultores.
No Brasil, depois dessa queda do dólar, os vendedores se retiraram do mercado, enxugaram o volume ofertado de milho e, ao mesmo tempo, os compradores estão mais presentes nos negócios nesse momento. Como explicou o consultor Vlamir Brandalizze, da Brandalizze Consulting, as indústrias brasileiras vieram mais a mercado e trouxeram certa firmeza aos preços.
"Sumiram os vendedores e há uma maior presença dos compradores internos nesse momento. Isso dá algum suporte para os preços no Brasil", explica Brandalizze. Assim, apesar de não apresentarem altas significativas, os preços do cereal no interior do país trabalham estáveis, sem oscilações muitos significativas.
Na BM&F, nesta segunda-feira, os preços conseguiram, inclusive, sustentarem algumas altas ao longo dos negócios, mesmo com essa baixa registrada pelo dólar. O mercado fechou em campo misto, com uma leve baixa de 0,07% em R$ 28,29 por saca, enquanto o setembrp/15 encerrou o dia cotado a R$ 29,15 e alta de 0,34%. Já no porto de Paranaguá, o preço final do milho ficou em R$ 29,20 por saca, com alta de 0,69% em relação ao fechamento da última sexta-feira.
"Os preços na BM&F, que refletem a praça de Campinas, me parecem um pouco defasados em relação à outras praças importantes como o oeste do Paraná e Paranaguá", acredita o analista de mercado e economista Camilo Motter, da Granoeste Corretora de Cereais.
No entanto, o analista afirma ainda que o mercado brasileiro do milho tem agora um "mosaico com diferentes intensidades, dependendo das regiões" para as cotações do cereal, e que o comportamento dos preços acaba se mostrando bastante regionalizado. "E esses ajustes são naturais, mas ficam mais evidentes porque o câmbio está em baixa e a CBOT também", diz.
Assim, já é possível falar em certo descolamento da evolução dos preços do milho no Brasil em relação ao dólar, principalmente para os negócios com o produto disponível, onde as cotações já se mostram acima da paridade de exportação. "Os negócios de lotes disponíveis estão algo acima da paridade na maioria das regiões, mesmo em um momento em que o país está está praticamente ausente do segmento exportador. Já se olharmos para a safrinha, os negócios estão em linha com os níveis de paridade", explica.
No oeste do Paraná, por exemplo, os preços para "lotes prontos" têm valores de R$ 25,00 a R$ 25,50, enquanto para o milho da safrinha os preços não passam dos R$ 24,00 por saca.
Dólar
Sobre o andamento negativo do dólar, Camilo Motter acredita ser esse um comportamento natural da divisa depois de altas tão fortes nas últimas semanas, que fizeram a cotação bater em R$ 3,30.
"O câmbio está surpreendendo nos últimos dias, mas isso é reflexo das diversas crises pelas quais passa o Brasil: social, econômica e moral. Um acerto político entre o governo e o Congresso é rápido e pode resultar em aprovação de medidas de ajuste fiscal e isso tem implicação sobre o câmbio e temos visto agora algumas melhores conversas entre os dois e isso ajuda a melhorar o clima para o câmbio", explica.
No entanto, o analista aposta em mais "sobressaltos" para o câmbio, com o rombo nas contas públicas "maiores do que a sociedade pode carregar, e a questão social e econômica levando mais tempo para impactarem sobre a variação da taxa cambial. Além disso, há ainda as notícias vindas da economia norte-americana, as quais também deverão ter impacto direto sobre o andamento da moeda.
Bolsa de Chicago
Os preços do milho, na sessão desta segunda-feira na Bolsa de Chicago, terminaram o dia em campo negativo, porém, com baixas bem pouco expressivas, de pouco mais de 1 ponto entre os principais vencimentos. O contrato maio/15 fechou o dia com US$ 3,85 por bushel, enquanto o setembro terminou os negócios em US$ 4,00.
O mercado ainda se alinha, segundo analistas, depois dos últimos números do USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) para a área de plantio da safra 2015/16 divulgados na última semana e, ao mesmo tempo, à espera pelos novos dados que serão reportados nesta semana, no dia 9 de abril, no novo boletim mensal de oferta e demanda.
Além disso, o departamento agrícola trouxe, nesta segunda, os números atualizados dos embarques semanais norte-americanos e um volume acima das expectativas do mercado ajudou a trazer algum suporte às cotações do cereal na CBOT.
O reporte informou que, na semana que terminou em 2 de abril, os embarques de milho passaram, em uma semana, de 763,786 mil para 1.027,876 milhão de toneladas. As expectativas do mercado, porém, eram de 300 mil a 440 mil toneladas embarcadas. Com esse volume, o total acumulado do cereal já embarcado chega a 23.289,497 milhões de toneladas, em linha com o registrado no mesmo período do ano comercial anterior, de 23.721,666 mil toneladas.
Veja como fecharam as cotações nesta segunda-feira:
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