Nanosatélites que captam ondas próximas ao infravermelho são ideais para monitorar desmatamento e queimadas
O Brasil é um país de clima predominantemente tropical e, apesar de contar com diferentes biomas em sua extensão, boa parte do nosso território fica encoberto por nuvens durante o ano. Então, como satélites que enviam fotografias “comuns” podem determinar de forma precisa em quais áreas houve alteração na vegetação natural?
Na verdade, eles não podem. Durante o evento Mundogeo Connect 2023, dentro do Seminário Geotecnologias no contexto do meio ambiente e créditos de carbono, no bloco “Nanosatélites no combate ao desmatamento e queimadas ilegais”, que aconteceu no dia 11 de maio, o especialista em tecnologia e CEO da AgTech SciCrop, José Damico, explicou o porquê.
De acordo com ele, o ideal para monitorar o desmatamento e as queimadas em diferentes regiões e períodos é a combinação das imagens geradas pelos satélites com instrumentos óticos multiespectrais, que captam um conjunto de comprimento de ondas próximos do infravermelho, com imagens construídas por nanossatélites que captam dados de radar.
Os nanosatélites são formados por pequenos “cubos” de 10 cm cúbicos. Eles podem ser lançados e entrar em órbita por uma fração do custo de grandes satélites com centenas de quilos, apesar do baixo custo quando comparados aos satélites maiores, geram imagens digitais de alta nitidez, nas quais cada pixel representa uma área de 10 x 10 metros e até menos.
“As áreas mais suscetíveis às queimadas e desmatamento têm muitas nuvens encobrindo-as, o que dificulta o entendimento por imagens comuns. Por isso, o monitoramento por satélites óticos necessita de complemento dos nanosatélites com instrumentos SAR (synthetic aperture radar), pois eles conseguem medir alturas de cobertura florestal mesmo com as nuvens no céu, assim como outras variáveis geométricas. Além disso, por se tratar de uma tecnologia de radar, a cada passagem do satélite é possível revelar onde há floresta e desmatamento de forma rápida independente de índices vegetativos”, pontua o especialista.
Por fim, Damico destaca outro uso do SAR para detectar diferentes tipos de práticas que podem ser consideradas crimes ambientais. Ele ressalta que o uso de nanossatélites é inclusive extremamente útil para detecção de cicatrizes de fogo de áreas desmatadas para plantio.
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