Itaipu inicia manobra para ajudar Paraguai a escoar grãos pelo rio Paraná
RIO DE JANEIRO (Reuters) - A hidrelétrica binacional de Itaipu iniciou nessa sexta-feira uma operação que deverá durar onze dias e visa aumentar o nível do Rio Paraná, ajudando no escoamento na produção de grãos do Paraguai, informou a empresa responsável pelo empreendimento.
O movimento vem em momento em que o rio encontra-se com baixo nível de água devido ao tempo seco no Brasil, o que reduz o volume de produtos que podem ser embarcados nos navios e prejudica exportações de países que utilizam a via, como o Paraguai e a Argentina.
Itaipu Binacional disse que a manobra para apoiar os paraguaios não envolverá desperdício de água, uma vez que os volumes liberados para o rio serão utilizados para gerar energia em suas turbinas, e não escoada pelo vertedouro.
"A usina de Itaipu iniciou, nesta sexta-feira, uma operação de 11 dias para garantir a navegabilidade do Rio Paraná a jusante da barragem (abaixo) e, por consequência, o escoamento da safra paraguaia de grãos, por meio de hidrovia. O Rio Paraná enfrenta uma das piores estiagens da história", informou a empresa à Reuters.
Autoridades paraguaias afirmam que a estiagem prejudica embarques de mais de 125 mil toneladas de soja e derivados do país, parados há 50 dias.
A medida de Itaipu deve permitir elevar a altura da água na região do município argentino de Ituzaingó nos dias 27 e 28 deste mês, para que as cargas possam atravessar de maneira segura os pontos críticos identificados no rio, segundo informações da chancelaria paraguaia a Itaipu.
A realização da manobra pela usina binacional foi negociada entre os ministérios de Relações Exteriores do Brasil e do Paraguai em conversas que envolveram também o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), responsável por coordenar o acionamento de usinas para atendimento à demanda por energia no Brasil.
"A vazão do Rio Paraná será regulada a montante (acima) da barragem e também com a contribuição do Rio Iguaçu, abaixo das Cataratas do Iguaçu. Portanto, não haverá desperdício de matéria-prima, já que a água liberada será turbinada e não escoada pelo vertedouro" , acrescentou Itaipu.
Esse é o segundo ano consecutivo em que a navegabilidade do Rio Paraná é gravemente afetada pela redução histórica na vazão, em consequência dos efeitos do fenômeno La Niña.
Itaipu chegou a realizar manobras como essa durante 2020, também devido ao baixo nível do Rio Paraná, visando apoiar carregamentos de grãos na Argentina e Paraguai.
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