Argentina sofre piores incêndios em área de pântano em mais de uma década
BUENOS AIRES (Reuters) - Os piores incêndios em mais de uma década estão devastando grandes áreas de pântano na Argentina, agravados pelo baixo nível de água na região do Delta do Rio Paraná, que expõe um solo rico em carbono às queimadas.
Tecnologia infravermelha e imagens de satélite detectaram mais locais atingidos, ou incêndios potenciais, na maior região pantanosa do país durante o mês de agosto do que em qualquer outro mês deste ano, disseram pesquisadores.
As chuvas dos últimos dois dias suprimiram novos focos de calor, mas os níveis de água não devem aumentar significativamente ao longo do rio Paraná -- uma importante rota de transporte de grãos para a cidade portuária de Rosário, de acordo com o Instituto Nacional da Água.
As áreas pantanosas desempenham um papel crucial na mitigação de enchentes e na purificação da água, portanto, sua destruição é uma grande preocupação para os cientistas. O ecossistema alagado é o lar de milhares de espécies, incluindo a capivara, maior roedor do mundo.
Natalia Morandeira, uma bióloga de pântanos da Universidade de San Martin que rastreou os incêndios usando dados da Nasa, afirmou que as pessoas que vivem nas comunidades ao longo das margens do Paraná perderam suas casas e gados nos incêndios.
Os bombeiros, que muitas vezes são voluntários, são escassos em algumas áreas do delta, e os moradores estão com dificuldades para conter os incêndios usando baldes d'água, disse.
“Esta é a pior situação desde 2009”, declarou a bióloga, acrescentando que detectou 16.000 novos locais atingidos só em agosto, representando 59% dos 26.667 detectados em todo o ano até agora.
De acordo com os meteorologistas, as condições mais secas na Argentina desde pelo menos 2008 impulsionaram a propagação dos incêndios nos últimos três meses.
O clima seco no Brasil também levou o rio Paraná em 2020 a um nível mais baixo em 50 anos. Em Rosário, o rio tinha 1,16 metro na quarta-feira, apesar das chuvas recentes, bem abaixo da média de setembro de 2,67 metros, segundo a Prefeitura Naval Argentina.
Os incêndios provavelmente continuarão a arder até a chegada dos meses úmidos da primavera, segundo Fabián Dayde, um bombeiro voluntário da cidade de Vitória, às margens do rio Paraná.
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