Com queimadas em alta, Pantanal pega fogo acima e abaixo da terra
POCONÉ, Mato Grosso (Reuters) - O Pantanal está em chamas, mas o fogo às vezes é invisível. A vegetação que fica sob pântanos durante a temporada de chuvas se torna seca à medida que lagos e lagoas evaporam, deixando depósitos inflamáveis no subsolo que continuam a queimar muito tempo após as chamas visíveis terem sido apagadas.
Bombeiros estão lutando simultaneamente contra incêndios na floresta amazônica e no Cerrado, mas o fogo é um desafio particular no Pantanal. A única forma de combater as chamas subterrâneas é cavar uma trincheira ao redor delas, segundo o tenente dos bombeiros Isaac Wihby.
"Mas como fazer isso se você tem uma linha de fogo de 20 quilômetros? Não é viável", afirmou.
Os incêndios no Pantanal em agosto são os piores em 15 anos. As chamas ameaçam a biodiversidade da região, que inclui antas, onças, capivaras e a maior densidade de onças-pintadas do mundo.
À medida que os incêndios se aproximaram das equipes de emergência no Pantanal esta semana, agentes usaram tratores para cortar árvores e arbustos ressecados, deixando um rastro de terra marrom para privar as chamas de combustível e evitar a disseminação.
Mas os ventos fortes podem fazer com que as chamas passem por cima deles, ou o fogo subterrâneo passa por baixo.
“Às vezes ele passa por baixo dos aceiros e pega os bombeiros de surpresa", disse o tenente-coronel Jean Oliveira, que está liderando os esforços. “Às vezes você controla o fogo, mas ele não está morto realmente, só dormindo”.
Centenas de bombeiros, agentes florestais e militares têm trabalhado 24 horas por dia há semanas tentando apagar as chamas que destruíram centenas de quilômetros quadrados de Pantanal.
Até agora, o Pantanal registrou 4.677 focos de calor em agosto, na pior sequência de incêndios desde agosto de 2005, de acordo com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).
As chuvas trouxeram alívio temporário à região sul do Pantanal na semana passada, mas os incêndios voltaram a aumentar esta semana. No mês que vêm pode ser ainda pior.
"É nosso pior ano do fogo aqui. Nunca ficou seco desse jeito", disse Edmilson Rodrigo da Silva, bombeiro de Mato Grosso.
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