A inspiração do IQC veio de duas organizações civis estrangeiras: a americana Center for Inquiry e a britânica Sense About Science. A primeira se tornou conhecida no esclarecimento de supostos fenômenos paranormais. A segunda atua contra as propriedades “mágicas” dos detox e das pílulas homeopáticas.
Diz a bióloga da USP: “Tem um monte de coisas que fazem bem, como ouvir música, acariciar um gato ou tomar vinho. Mas não é porque uma coisa faz bem que você vai colocá-la no sistema público de saúde, com dinheiro do povo”. Perfeito.
É curioso notar que, a despeito da fantástica evolução do conhecimento científico, persistem ainda na sociedade certas crenças, mitos e superstições populares. Razões culturais, religiosas e ideológicas as explicam.
É tradicional, por exemplo, encontrar na entrada de lojas e residências um vaso com plantas que “espantam o mau olhado”.
Arruda, espada de S. Jorge e comigo-ninguém-pode são as mais famosas espécies utilizadas pelas donas de casa. Combatem a inveja e trazem prosperidade. Será?!
Simpatias e crendices, rezas e tabus teimosamente resistem ao iluminismo trazido pelo saber. Pior, porém, que as antigas ideias e receitas religiosas, aceitáveis por serem inofensivas, são algumas pajelanças modernas inventadas pela contestação ideológica.
A pregação contra as vacinas humanas, por serem desenvolvidas em laboratório com cobaias, ou a condenação dos produtos transgênicos, alimentos especialmente, são exemplos de novas manias, anticientíficas, surgidas recentemente.
Com uma diferença: ao contrário das pessoas mais simples, que desde seus tataravôs colocam folhas de arruda atrás da orelha, agora é gente sofisticada que inventa modos elitistas de vida, longe da correria do cotidiano ou distante da “opressão capitalista”.
Virou chique ser “alternativo”. Esquerda caviar.
Benvindo o Instituto Questão de Ciência. O Brasil está realmente precisando muito desse debate, sério e consistente, sobre a qualidade e a veracidade das informações públicas.
O fenômeno das fake news, que a todo preocupa, não afeta apenas a política. Ele ataca também a ciência.
Todo cuidado é pouco. A pseudociência é bem mais perigosa que uma crendice popular. Esta é ingênua, direta; aquela, maliciosa, dissimulada.
Um pote de sal grosso atrás da porta não prejudica ninguém; banir a proteína animal da face da Terra levaria milhões à subnutrição.
Vida longa ao Instituto Questão de Ciência. Uma democracia verdadeira exige cidadania consciente, capaz de discernir, com conhecimento de causa, sobre a veracidade das narrativas que lhes chegam aos ouvidos.
Para separar mitos da realidade concreta, há somente um caminho: aquele erigido pelo método científico. Fora dele, é puro achismo.
"Será que há espaço, no Vale do Silício, para uma incubadora especializada em startups de biotecnologia? A IndieBio, criada em 2015, apostou que sim. Seu escritório tem todos os clichês do Vale: um design industrial-chic, uma cafeteria hipster na esquina e uma placa com os dizeres “Local de trabalho revolucionário” bem na recepção. Os escritórios do Twitter e da Uber ficam por ali. Há pouco a Salesforce construiu um prédio na vizinhança.
Manipular moléculas não é tão simples quanto escrever um código de computador. Mas avanços recentes nos laboratórios tornaram a tarefa bem mais simples. Ao oferecer dinheiro de capital semente e mentores de negócios para pesquisadores com doutorado, a IndieBio quer produzir empresas de ciências da vida da mesma maneira que a Y Combinator gerou Airbnb e afins.
“A biotecnologia avançou de uma maneira e ficou tão barata, que você pode fazer pesquisas em estágio inicial de uma forma completamente nova, que ninguém tentou antes, disse Arvind Gupta, fundador e CEO da IndieBio.
Na IndieBio, cientistas com uma mentalidade empreendedora ganham US $ 200.000 e quatro meses de acesso a um laboratório de alta qualidade de 2.000 metros quadrados. As startups estão trabalhando para acelerar a chegada ao mercado de carnes cultivadas em laboratório, madeira sem árvores, abelhas inteligentes, produtos químicos livres de poluição e até terapias contra o câncer.
Das 94 empresas que passaram pelo programa, algumas atraíram investidores de renome, como Bill Gates, a empresa de seguros Andreessen Horowitz e a gigante corporativa Tyson Foods Inc. A própria IndieBio atraiu o renomado cientista do Instituto de Tecnologia de Massachusetts Tim Lu para seu conselho de administração. Recentemente, a incubadora recebeu US$ 25 milhões de financiamento para abrir uma segunda unidade, em Nova York, em 2019.
Eles tinham um sonho
Quando Gupta falou pela primeira vez a seus amigos sobre o conceito de um acelerador de biotecnologia, a maioria deles disse que era uma loucura. Gupta, uma magricela de 44 anos de idade, com o cabelo penteado para trás e uma queda por camisas de botão, estudou biologia molecular na Universidade da Califórnia, em Santa Bárbara, nos anos 1090.
Em 2013, ele deixou uma empresa de design em Palo Alto para seguir uma carreira de risco com a empresa SOSV. Por que não, pensou Gupta, combinar o que ele sabia sobre design e startups com seu interesse em biologia?
Do outro lado da baía, em Berkeley, Ryan Bethencourt, um biohacker que trabalhava em projetos como a insulina de código aberto, e Ron Shigeta, Ph.D. em química com formação acadêmica na Universidade de Stanford, Harvard Medical School e Princeton University, estavam executando um espaço de incubadora “sem frescuras”.
Eles também tinham certeza de que as tecnologia biológicas estavam tornando os conceitos científicos em produtos muito mais simples e baratos.
Os três homens se uniram, e a primeira turma da IndieBio teve início na primavera de 2015, com financiamento da SOSV. A maior parte dos 80 candidatos eram “super doidos”, lembra Gupta. Doze foram aprovados.
“Isso deu aos doutorandos outra opção, além de ir para o meio acadêmico ou trabalhar com uma grande empresa”, diz Tim Lu, do MIT, que topou ser consultor depois que alguns dos seus ex-alunos foram financiados pela IndieBio. “Essa opção não existia antes”.
Clara de ovo vegana e vinhos sintéticos
Da primeira turma, metade sobreviveu, inclusive a Clara Food, que estava desenvolvendo a primeira clara de ovo vegana (sem origem animal) do mundo , e uma empresa de células-tronco que depois pivotou o negócio e passou a fazer vinhos sintéticos, passando a se chamar Ava Winery.
“Nós tentamos fazer com que eles se focassem em apenas uma coisa, um produto”, conta Jun Axup, diretor científico da IndieBio, doutor em bioquímica biológica no Scripps Research Institute.
A IndieBio, que fica com uma participação de 8% das empresas, estima que 64% das startups conseguiram novos investimentos, aporte que ultrapassa os US$ 174 milhões. Parte deste dinheiro vem da SOSV mas, cada vez mais, também de outros investidores. Cerca de 8% das empresas encerrou oficialmente, embora várias outras pareçam estar inativas.
No ano passado, a empresa de pesquisa CB Insights listou a IndieBio como o investidor mais ativo em startups de biologia sintética (uma mistura de engenharia e biologia que permite aos cientistas construírem genes do zero). “A IndieBio criou um nicho ajudando empresas de biotecnologia que estão começando a sair do laboratório e passarem a comercializar, sendo atrativas para os investidores”, disse o analista de inteligência da CB Insights, Nikhil Krishnan.
Carne em laboratório
A empresa mais proeminente da incubadora é a Memphis Meats, que lançou sua primeira almôndega cultivada em laboratório no começo de 2016. A startup já arrecadou mais de US$ 22 milhões, embora não tenha comercializado o seu produto, ainda. Em janeiro, a Tyson Foods se juntou a Bill Gates e Richard Branson como investidores da startup.
“Eles estão procurando tecnologias que estão muito à frente do seu tempo e que estão prontas para serem incubadas e catapultadas par ao mundo do empreendedorismo”, avalia Vijit Sabnis, sócio na empresa de venture capital Khosla Ventures. “Eu acho que nenhuma outra aceleradora tem este mindset”.
O sucesso trouxe a competição
Este ano, a Y Combinator, uma das aceleradoras mais famosas do Vale do Silício, lançou um programa dedicado a biotecnologia, o YC Bio, distribuindo até US$ 1 milhão para uma participação de até 20% e oferecendo acesso a laboratórios.
“O que procuramos nesta nova indústria são fundadores super talentosos e ambiciosos, tornando o processo de criação da empresa mais rápido e barato”, declarou Sam Altman, head da Y Combinator. “Estávamos só esperando o alinhamento dos astros”.
O braço de ciências da vida do Google, Verily, também criou uma incubadora voltada para serviços de saúde.
Enquanto isso, Gupta ampliou suas ambições, e diz que é hora de se concentrar em ideias de impacto social, como a terapêutica. A nova sede em Nova York deve abrigar um número recorde de 20 empresas no ano que vem.
O tempo da biologia
“Nós esperamos sair das empresas em até sete ou 10 anos”, conta Gupta. “Pode ser que demore um pouco mais. Mas tentamos compensar esta demora com negócios que têm impacto em mercados de trilhões de dólares”.
Alguns investidores são céticos.
“Quando você está construindo uma empresa de software, pode passar três meses evoluindo na pura força de vontade. Você pode dar saltos enormes só escrevendo código ”, opina Seth Bannon, sócio fundador da Fifty Years VC, que investiu em empresas da IndieBio e em ex-alunos da Y Combinator. “Se você está lidando com biologia, não pode simplesmente forçar a vida a andar mais rápido”.
Em setembro, uma empresa da turma mais recente da IndieBio, New Age MEats, convidou repórteres e investidores para uma degustação de seu primeiro protótipo, uma salsicha de porco feita em laboratório a partir de células cultivadas de um porco chamado Jessie.
Em uma cervejaria no Distrito da Missão de São Francisco, depois de discursos e brindes, os fundadores revelaram o fruto de meses de trabalho: três salsichas do tamanho de um rolo de ovo.
“Acreditamos que estaremos prontos para entrar no mercado daqui a alguns anos”, disse o CEO Brian Spears.
Uma das presentes sugeriu que, talvez, eles levem mais tempo do que isso.
“Tem gosto de pão”, disse ela, sobre a salsicha em laboratório."
(Leia mais em: https://www.gazetadopovo.com.br/economia)
Rodrigo Polo Pires Balneário Camboriú - SC
Eu acredito mais em um bom benzedor do que no Xico Graziano. Esse discurso, justiça se faça, começou com o Rodrigo Constantino, só que o sentido dado a ele para a tal esquerda caviar, era o de que pregavam uma vida alternativa mas sem abrir mão dos luxos do capitalismo. Luxos, eu falei luxos. Xico Graziano, Paulinelli, Roberto Rodrigues, foram os parteiros do sistema "rent seeking" existente hoje em nosso País. No Brasil é assim, qualquer grupo criado com dinheiro público é imediatamente promovido à "fundamental", mesmo que as pessoas que se encontram ali pra discutir não tenham a menor capacidade. É só propaganda e auto-elogio, estão sempre querendo estar na "crista da onda" onde todo mundo olha e fica admirado. Espero realmente que, se os citados acima conseguirem cargos no governo, que seja o sub do sub do sub do sub, que é realmente onde merecem estar.
Paulo Roberto Rensi Bandeirantes - PR
A realidade é a ocorrência de fatos e, o fato é que até o momento somente 15 países do mundo baniram o uso do das sacolas plásticas e o Brasil não se encontra entre esse grupo.
Segundo uma pesquisa, estima-se que há atualmente 150 milhões de toneladas plásticos nos oceanos. Anualmente são 8 milhões de toneladas que vazam para os oceanos. E ainda não existe tecnologia capaz de retirar este material dos oceanos. Eles acabam se quebrando em micropartículas que entram na cadeia alimentar da vida marinha e, em seguida, na nossa cadeia alimentar. O Brasil já domina a tecnologia do plástico ecológico, derivado do etanol. Sabe-se que o setor sucroalcooleiro passa por dificuldades. Porque que alguns millennials não criam uma startup com alguma ideia inovadora, tipo: A produção de sacolas biodegradáveis a um custo tal, que viabilize o seu consumo pela população brasileira. Com certeza o setor irá responder a demanda para a produção de sacolas biodegradáveis, inclusive abastecer alguns desses países que aboliram as sacolas plásticas. Aviso que sou da primeira geração de Baby Boomers, bebes nascidos entre 1946-1954. Ou seja, se apresento uma ideia estapafúrdia, uso o Estatuto do Idoso para me defender. Enfim é bom ter algum privilégio na vida. Inclusive daquele de não entender, porque não ouviu o que disseram. O motivo, falta de audição.