Startup gaúcha é a única do Sul a participar de projeto de carbono da Bayer
Uma startup gaúcha é uma das poucas empresas do Brasil e a única do Sul a integrar o projeto Carbono+. Desenvolvida pela Bayer, a iniciativa tem por objetivo desenhar um futuro mais sustentável no campo e conectar o produtor brasileiro ao mercado de carbono. A ConnectFarm já está levando tecnologia a 22 produtores do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, Goiás, Mato Grosso do Sul e São Paulo. Cerca de 50 produtores de milho e soja selecionados para a Iniciativa Carbono Bayer foram selecionados para participar do Carbono+.
Com recomendações, ferramentas e tecnologia, o projeto incentiva a adoção de práticas sustentáveis para o uso eficaz do solo e melhor manejo das áreas produtivas. Isso faz com que o agricultor aumente a produtividade, gere saldo positivo de carbono e reduza os gases de efeito estufa. As propriedades serão certificadas em parceria com a Embrapa, e a Bayer vai comprar esse carbono positivo.
De acordo com o diretor técnico ConnectFarm, Antonio Luis Santi, o trabalho consiste em contribuir, por meio da definição e avaliação de protocolos, com as melhores práticas para monitorar a dinâmica do cultivo em sistemas de produção de culturas, como milho e soja. Segundo o estudo "Projeções do Agronegócio, Brasil 2018/2019 a 2028/2029", o crescimento deve ser de 27% nos próximos dez anos. “É um mercado de grande potencial, que trará benefícios ambientais, econômicos e sociais aos produtores, além de ajudar na preservação do ambiente e na reputação do setor”, explica.
Uma das propriedades que participa do Carbono+ é a Agropecuária Barufaldi, de Cachoeira do Sul, que tem como carro-chefe a produção de milho e soja. Lá também são cultivados trigo, arroz, canola e coberturas de solo como aveia e nabo forrageiro, além da criação de gado. “Todas as decisões são tomadas pela equipe que trabalha, seguindo as orientações dos técnicos. Nossa expectativa com o projeto é altamente positiva. Os objetivos são aumento da produtividade, rentabilidade e uma propriedade ainda mais sustentável”, destaca o proprietário Wilson Barufaldi.
Para a Bayer, o mercado de carbono tem muito potencial, e um dos objetivos da empresa é conectar o agricultor brasileiro a ele. “Estamos intensificando uma abordagem transparente, colaborativa e baseada em ciência para ajudar os produtores na adoção de práticas agrícolas intensificadas, por meio do estabelecimento de iniciativas de carbono. Esses são passos extremamente importantes rumo a uma agricultura carbono neutro, que ajudará a criar um futuro mais sustentável, e, ainda, significará uma nova fonte de receita aos produtores”, afirma o diretor do Negócio de Carbono da Divisão Agrícola da Bayer, Fábio Passos.
Tema em alta
O mercado do carbono tem sido discutido há anos por lideranças globais. O assunto foi destaque na COP 25, conferência da ONU realizada em 2019. No encontro, foram levantadas questões sobre o Acordo de Paris — tratado assinado por 194 países e que tem como meta a redução das emissões de gases de efeito estufa, além de prever a compra e a venda de créditos de carbono. Nos Estados Unidos, o presidente eleito Joe Biden defendeu a adoção de energias limpas e a redução das emissões de carbono.
ConnectFarm
Com menos de dois anos e atuação em território nacional, a gaúcha ConnectFarm, busca ampliar a produtividade, otimizar recursos e maximizar a rentabilidade. Possui mais de 120 produtores em sua carteira de clientes, totalizando cerca de 30 mil hectares sob análise.
Um dos projetos da agrotech é o Índice de Gestão Ambiental (IGA), baseado em um algoritmo que insere atributos do solo, das plantas e do ambiente. O sistema melhora a inteligência à medida que aumenta sua base de dados, permitindo uma recomendação mais assertiva para cada ambiente da propriedade. “Os dados transformam a compreensão dos processos produtivos, mudando expressivamente as propriedades”, destaca o CEO da ConnectFarm, Rodrigo Dias.
Este ano, a ConnectFarm venceu o Desafio Nacional de Máxima Produtividade do Comitê Estratégico Soja Brasil (Cesb), na categoria "Irrigado". Em uma propriedade em Boa Vista das Missões, alcançou uma produtividade de 111,9 sacas de soja por hectare — a média no Brasil é de 54,5 sacas/ha.
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