Produtores buscam soluções para problemas de descompactação e correção de solo
O potencial genético das plantas pode ser elevado, quando aliado a um solo descompactado e fértil. Entretanto, depois de quase três décadas de sistema Plantio Direto (PD) sem revolver as camadas do solo mais profundas e sem realizar correções de acidez e alumínio destas camadas, as raízes tem dificuldade de penetrar para absorver a água e os nutrientes, assim, esbarram em dificuldades que impedem de alcançar sua capacidade produtiva em determinadas situações decorrentes de fatores climáticos. Para retificar essa situação, a Montagner Indústria de Máquinas lançou a Fertillus – tecnologia inédita no mercado brasileiro, que descompacta e permite o processo de construção do perfil do solo, ao mesmo tempo que preserva a estrutura formada pelo PD. A tecnologia estará exposta aos visitantes da 19ª Expodireto Cotrijal, que acontece de 5 a 9 de março em Não-Me-Toque (RS), no estande da empresa.
O diretor da empresa e Engenheiro Mecânico, Paulo Montagner, explica que a máquina realiza duas operações simultâneas, uma sendo a descompactação física, através de “hastes” de 40 cm de profundidade intercaladas entre 40 ou 50 cm entre elas, e a outra sendo a correção química do solo, colocando o calcário distribuído em toda a profundidade de cada haste, corrigindo a acidez e o alumínio que pode haver abaixo de 15 até os 40 cm.
Existem dois tipos de impedimentos de desenvolvimento radicular das plantas no solo, sendo o físico decorrente da compactação do solo e o químico decorrente do baixo pH (solo ácido que reduz a disponibilidade de nutrientes essenciais) e a presença do alumínio tóxico. “Em solos mal corrigidos e compactados, as plantas e as raízes ficam suscetíveis quando ocorrem veranicos, por exemplo. Elas sofrem estresse hídrico e nutricional, baixando a produtividade, pois afeta a formação de componentes de rendimento da planta”, observa Paulo.
A tecnologia vem de encontro com as demandas dos agricultores e pode auxiliar na manutenção de rendimento em anos de déficit hídrico e em ganhos de produtividade. Para se obter dados sobre os aumentos de produtividade, foram instaladas unidades experimentais para avaliar os resultados após a descompactação e correção química do solo, e a resposta das plantas de acordo com seu potencial genético e ambiente proporcionado. “Existe um problema: compactação, raízes atrofiadas, presença de alumínio que é tóxico para o crescimento das raízes, e o calcário aplicado na superfície com dificuldade ser levado as camadas mais profundas do solo. Diante disto, nós estamos apresentando uma grande inovação para solucionar os problemas e trazer segurança para o agricultor”, aponta o diretor.
Para equilibrar a produtividade
Buscar o equilíbrio da produtividade na lavoura e reduzir a diferença existente de 70 para 40 sacos por hectare de soja nas áreas cultivadas - esse foi um dos motivos que levou a empresa Ouro Verde Produção, de Primavera do Oeste (Mato Grosso), a adquirir uma máquina Fertillus, em maio do ano passado.
São oito fazendas no Estado distribuídas em um raio de 160 quilômetros (Primavera do Leste, São Joaquim, Santo Antônio do Leste, General Carneiro e Paranatinga), que compreendem o cultivo de 45 mil hectares de soja e, neste ano, 37 mil hectares de milho, comenta o agrônomo, responsável pela área de produção da empresa, Gilberto Dorneles.
Ele explica que a diferença na produtividade da soja se deve também ao tipo de solo mais arenoso, que favorece déficit hídrico e problemas com doenças. Nos locais onde a produtividade é menor está se buscando a melhoria do perfil do solo. “A compactação é grande e a fertilidade é muito superficial em função de que plantamos soja e milho apenas. Estamos concluindo a colheita da soja e em seguida o plantio do milho. Então, abaixo de 10 cm a fertilidade é fraca. Mas nestes locais já iniciamos o trabalho com a correção mais profunda, até 30 cm”.
Gilberto relata que são mais de 25 mil hectares que serão trabalhados com a correção do solo. O trabalho já teve início ainda no ano passado e terá continuidade em 2018. Serão feitas análises para verificar a fertilidade e onde será realizada a correção, para estruturar os problemas de calcário e magnésio.
Dorneles explica que algumas áreas não terão cultivo de milho nesse ano para que seja realizado esse trabalho de correção a partir de junho até agosto. “Como temos uma grande área, estamos estudando a viabilidade de adquirir mais equipamentos. Em paralelo, estamos realizando a incorporação de calcário, subsolagem, gradagem e nivelação. Mas com a Fertillus, em uma única operação você faz a subsolagem e mexe na estrutura sem criar problemas. Traz uma série de vantagens”, destaca.
O agrônomo enfatiza que a situação nas fazendas da empresa, com relação a fertilidade e compactação do solo não é pontual, mas um problema crônico do centro-oeste brasileiro. “O que estamos sofrendo hoje se deve ao que foi mal realizado no passado em termos de correção. Além disso, cultivamos soja e milho, safra atrás de safra. São 200 dias por ano com solo coberto, o que dificulta fazer qualquer operação de correção estrutural. Estamos planejando cultivar culturas intercalares como a braquiária para poder trabalhar com a Fertillus”, finaliza Gilberto.
E para corrigir falta de nutrientes do solo
Em Tupãssi (PR), o produtor rural Nero Paganini (49), adquiriu uma Fertillus. Segundo ele, em sua Fazenda Cristalina localizada na BR 486, há uma variação da produtividade tanto em áreas irrigadas e quanto no sequeiro devido a diferença de nutrientes no solo, com barreira química e física. “Tenho presença de alumínio nas camadas mais profundas do solo e pH baixo. Por isso, o interesse em colocar calcário na camada mais profunda do solo. O objetivo é neutralizar esse alumínio e o pH do solo, equilibrando a disponibilidade de nutrientes”, ressalta.
A Fertillus será utilizada antes do plantio do verão e de acordo com o produtor, ainda não se tem resultados com o maquinário, mas a expectativa é ir analisando o solo após a aplicação para acompanhar a necessidade de próximas aplicações. Com relação a produtividade, Nero acredita obter aumento de pelo menos 10% já na próxima safra.
“Até então não tinha nenhuma máquina de alta tecnologia que fizesse um serviço como esse, que é incorporar nutrientes numa camada tão profunda do solo, e é isso que falta para conseguirmos ter reserva maior de nutriente e fazer com que a raiz desça abaixo dos 30 cm. Antes só realizávamos aplicações a lanço”, finaliza o produtor.
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