Greve nos portos da costa leste e do Golfo nos EUA deve ter impacto de curto prazo para os grãos
Os Estados Unidos poderão enfrentar, a partir de meia noite (horário local) desta terça-feira, 1º de outubro, o início da primeira greve de trabalhadores portuários desde 1977, acometendo portos da Coste Leste e da Costa do Golfo. Os primeiros levantamentos indicam que o movimento poderia causar um prejuízo de até US$ 5 bilhões por dia, promover uma disrupção profunda e significativa no comércio da maior economia do mundo, gerando efeitos colaterais no planeta todo.
No entanto, para as commodities agrícolas, os desdobramentos ainda se mostram limitados e, em especial para o grão, deverão ser, mesmo que a greve de fato comece nesta terça. Este vinha sendo o entendimento dos especialistas até a última semana porque a notícia é de que a paralisação se daria apenas entre os terminais que operam contêineres - que são sindicalizados - enquanto os demais, que operam os graneis, por exemplo e que não são sindicalizados não iriam aderir à greve, como explica o analista de mercado Eduardo Vanin, da Agrinvest Commodities.
"No entanto, no final da semana, alguns falaram sobre a possibilidade de que os funcionários das ferrovias também poderiam se juntar à greve, o que deixa tudo mais sério. Há um fluxo de grãos para o México, por ferrovia, e para os portos do Pacífico. E assim a opção seria embarcar pelo Golfo, por barcaças, que não são sindicalizados, as tradings são donas de suas barcaças, há empresas privadas também, e a demanda então correria para o Golfo", detalha o especialista.
Até este momento, como explica Vanin, a expectativa é de que este cenário, ao se confirmar, poderia ser negativo para as cotações da soja na Bolsa de Chicago - ao inspirar preocupações com o fluxo das exportações norte-americanas, que poderia ser comprometido - porém, positivo para os prêmios no Golfo.
"Eu diria que será um impacto de curto prazo, nada que vá mudar a história. Agora, ao olharmos para o milho e para o farelo, isso quer dizer menos oferta. Farelo puxou muito na semana passada e um dos motivos seria esse: os compradores com falta de produto e, internamente, sem conseguir cumprir com todos os programas, correram para as barcaças, os basis em Nova Orleans subiram bastante e puxaram Chicago. É um fator importante logístico, claro, mas que deve ter efeitos de curto prazo", diz Vanin.
Para o consultor de mercado Vlamir Brandalizze, da Brandalizze Consulting, além do milho e do farelo, o trigo também pode sentir um pouco mais. Todavia, ele compartilha de que os efeitos deverão ser de curto prazo e que os mercados ainda não refletem grandes preocupações.
"Este momento é de virada de ano comercial para os americanos e por isso eles não têm tantos embarques programados. A tendência é de que aumente de novembro em diante. Agora eles estão em uma 'zona de transição' e por isso não preocupa tanto sobre o abastecimento", detalha o consultor.
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Nesta segunda-feira (30), os futuros da soja encerraram o dia em campo negativo na Bolsa de Chicago, depois de terem testado os dois lados da tabela. As perdas foram de 5,75 a 8,75 pontos nos vencimentos mais negociados. Já o milho e o trigo terminaram o dia em alta, com o milho liderando os ganhos, subindo mais de 1% na CBOT.
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