Movimentação de cargas diminui no porto de Rio Grande em meio a enchentes
Por Ana Mano e Roberto Samora
SÃO PAULO (Reuters) - A autoridade portuária de Rio Grande disse que só será possível avaliar o impacto do excesso de chuvas e das fortes inundações sobre os embarques e desembarques gerais de carga no porto, que sofreram disrupções nos últimos dias, ao final deste mês.
O mau tempo restringiu e continua a limitar a movimentação de produtos em Rio Grande, que é o quarto maior porto do país em exportações de soja e o terceiro maior em importações de fertilizantes.
Em 2023, a soja respondeu por cerca de um quarto do total movimentado no porto, com 10,4 milhões de toneladas, de um total de 42,8 milhões de toneladas.
"As enchentes trouxeram como reflexos inúmeros problemas, e a área portuária não fica de fora desse contexto. As movimentações de cargas dentro do porto do Rio Grande diminuíram o fluxo, mas continuam sendo executadas", afirmou a administração portuária à Reuters, ao ser questionada sobre o tema.
Na terça-feira, a autoridade portuária de Rio Grande estabeleceu um novo calado de 12,80 metros para navios em três terminais de grãos. Apesar das interrupções, todos os terminais continuaram a operar, informou a autoridade portuária.
O porto de Rio Grande está localizado no sul do Estado brasileiro do Rio Grande do Sul, um grande produtor e exportador de grãos e carne.
Nos últimos dias, as enchentes mortais prejudicaram a produção de carne e a colheita de arroz, milho e soja no Rio Grande do Sul. As águas atingiram silos de alimentos e afetaram a infraestrutura do Estado, incluindo o acesso ao porto de Rio Grande.
De acordo com a Defesa Civil, cidades inteiras ficaram submersas e a água matou pelo menos 154 pessoas, além de criações de animais. Estima-se em cerca de meio milhão de pessoas os desalojados ante um total de 2,2 milhões de pessoas afetadas, segundo autoridades.
A localização do Sul do Brasil, na confluência de correntes tropicais e polares, tem alimentado períodos de secas e chuvas cada vez mais intensas devido às mudanças climáticas.
Os comerciantes de grãos que operam na região também foram afetados diretamente.
Na semana passada, a Bunge suspendeu temporariamente suas atividades de esmagamento de soja e em seu terminal portuário de Rio Grande porque os meteorologistas previam mais chuvas e inundações na região.
Na sexta-feira, a Bunge disse à Reuters que as instalações permanecem fechadas e só retomarão as operações quando for considerado seguro.
Já processadora de soja e produtora de biodiesel Bianchini foi forçada a suspender as operações em Canoas, uma das cidades mais afetadas pelas enchentes no Rio Grande do Sul, pois teve um armazém com 100 mil toneladas da oleaginosa atingido pelas inundações no local.
O porto ainda tem recebido embarcações com ajuda humanitária, sendo quatro da Marinha do Brasil.
Além disso, outros navios estão em trânsito para trazer mais ajuda humanitária ao Rio Grande do Sul, com expectativa de chegadas para os dias 19 e 26 de maio, no Terminal de Contêineres (Tecon) do Grupo Wilson Sons, afirmou a autoridade portuária uma nota.
(Reportagem de Roberto Samora e Ana Mano em São Paulo)
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