Ibama concede licença prévia para asfaltar rodovia na floresta amazônica
Por Jake Spring e Carolina Pulice
SÃO PAULO (Reuters) - O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) concedeu na quinta-feira uma licença prévia que permitirá que uma grande rodovia seja asfaltada no centro da floresta amazônica, disse o ministro da Infraestrutura, Marcelo Sampaio, em uma medida que ameaça aumentar o desmatamento.
O presidente Jair Bolsonaro prometeu repavimentar a estrada, chamada BR-319, ligando Manaus durante todo o ano ao resto do Brasil.
A estrada foi originalmente construída pela ditadura militar na década de 1970, mas rapidamente caiu em desuso nas duras condições da floresta tropical. Grande parte da rota é um trecho intransitável de lama durante temporada chuvosa de aproximadamente 6 meses.
A pavimentação da estrada permitiria que madeireiros ilegais e grileiros acessassem mais facilmente áreas remotas e relativamente intocadas da floresta, disseram especialistas ambientais. Um estudo estimou que o projeto resultaria em um aumento de cinco vezes no desmatamento até 2030.
O enfraquecimento das proteções ambientais sob o governo Bolsonaro já tem estimulado o desmatamento, que atingiu o nível mais alto em 15 anos em 2021 na Amazônia brasileira.
O ministro da Infraestrutura anunciou a licença no Twitter, publicando uma imagem da licença concedida pelo Ibama. A agência não respondeu imediatamente a um pedido de comentário.
"Alinhando engenharia e respeito ao meio ambiente, vamos tirar a sociedade do Amazonas do isolamento", escreveu o ministro.
Sampaio não respondeu imediatamente a uma pergunta sobre preocupações ambientais.
A licença prévia permitirá que o governo contrate empresas para asfaltar o maior trecho do meio da estrada que está em piores condições. Os empreiteiros vão elaborar os planos, mas precisariam de outra licença para iniciar a construção.
Essa primeira licença estipularia muitas condições nos planos que precisam ser cumpridas para iniciar a construção, disse Marco Aurélio Lessa Villela, ex-analista ambiental do Ibama.
"Deve ter uma lista enorme de coisas... que seriam necessárias para uma rodovia naquele lugar não ser uma tragédia", afirmou Villela.
Ainda assim, uma licença prévia significa que há uma boa chance de a estrada avançar, disse ele.
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