Logística: Soja e milho têm perdas bilionárias com estrutura defasada e baixo investimento
A Confederação Nacional do Transporte (CNT) divulgou, nesta segunda-feira (25), um estudo sobre os impactos causados pela defasada infraestrutura logística do Brasil nas cadeias produtivas da soja e do milho. Entre os números levantados, um dos mais preocupantes é o que indica uma perda anual na casa de R$ 3,8 bilhões pela má qualidade do pavimento das rodovias. O total corresponde a algo próximo de quatro milhões de toneladas de soja.
Diante dos resultados obtidos pela pesquisa, o presidente da confederação, Clésio Andrade, é categórico ao dizer que a competitividade do agronegócio brasileiro está diretamente ligada ao desenvolvimento de sua estrutura. "A competitividade do agronegócio brasileiro está condicionada à existência de um sistema logístico eficiente. Os projetos de transporte precisam ser implementados com uma visão sistêmica, integrando ferrovias, portos, hidrovias, rodovias e terminais de transbordo", diz.
Atualmente, o Brasil é o segundo maior exportador mundial de soja e deverá embarcar para o exterior 48 milhões de toneladas de soja em 2015, de acordo com uma estimativa da Abiove (Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais). Em 2014, esse número foi de 46 milhões de toneladas. No milho, o crescimento do volume deverá ser de 19,5 milhões para 21 a 22 milhões de toneladas neste ano. Porém, a CNT levantou ainda a necessidade de um recurso de R$ 195,2 bilhões para melhorar o escoamento de ambos os produtos.
Afinal, além de estradas deterioradas por todo o país, as distâncias entre as regiões produtoras e os terminais de exportação dos grãos são enormes. Ainda de acordo com o estudo, do Centro-Oeste aos portos do Sul e Sudeste do Brasil, as distâncias percorridas por caminhões passam de 2000 quilômetros. "Atualmente, 67% das exportações ocorrem pelos portos de Santos (SP), Paranaguá (PR) e Rio Grande (RS)", mostrou o levantamento.
Ainda assim, a CNT mostra ainda que 65% da soja brasileira é transportada por rodovias, contra 20%, por exemplo dos Estados Unidos. Enquanto isso, apenas 9% das hidrovias e 26% das ferrovias são utilizadas. E essa escolha maior pelo modal ferroviário é resultado dos preços dos fretes, o que pode representar, aproximadamente, 50% do valor recebido pela tonelada de milho e 20% do valor da soja.
Mesmo diante desse cenário já há anos conhecido pelos produtores rurais do Brasil e profissionais de outros setores, o Brasil ainda investe muito pouco em infraestrutura de transporte. E além de poucos recursos, segundo a CNT, cerca de 30% do volume autorizados não são investidos pelo governo federal. No ano passado, houve um investimento de R$ 15,8 bilhões, o que significa cerca de 0,29% do PIB. O número mostra, porém, que em 39 anos, o país andou para trás, já que em 1975, o investimento foi de 1,8%.
** Os gráficos e ilustrações são de autoria da CTN para o estudo Transporte e Desenvolvimento - Entraves Logísticos ao Escoamento da Soja e do Milho
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