FAESC: Cadeia produtiva do leite em perigo
A decisão do Governo Federal em retirar a tarifa antidumping aplicada sobre a importação de leite da União Europeia e da Nova Zelândia coloca sob ameaça a cadeia produtiva nacional, que pode entrar em colapso. A advertência foi feita hoje pelo presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Santa Catarina (Faesc), José Zeferino Pedrozo.
O Brasil aplicou o direito antidumping em fevereiro de 2001 e a medida vinha sendo a cada cinco anos renovada para proteger o setor lácteo brasileiro. As tarifas antidumping que estavam em vigência até o dia 5 de fevereiro eram de 3,9% para as importações originárias da Nova Zelândia e 14,8% para o produto procedente da União Europeia.
As tarifas antidumping e o imposto de importação (28%) são os instrumentos de política fiscal que ajudam a evitar a entrada descontrolada de leite em pó, integral ou desnatado, não fracionado no Brasil.
Pedrozo justifica a necessidade da medida antidumping lembrando que o leite importado do Velho Mundo é altamente subsidiado pela Comunidade Europeia. Além disso, o custo de produção do leite brasileiro é imensamente maior e a tributação no Brasil é extremamente mais elevada do que o leite estrangeiro. Um outro fator que retira a competitividade do produto nacional é a deficiência logística para captação, processamento e distribuição do leite e seus derivados nas bacias leiteiras do País.
“Tenho pena de quem produz leite no Brasil se a medida antidumping não for novamente adotada”, comenta o dirigente, observando que ficarão muito prejudicados os produtores rurais, cooperativas e os pequenos, médios e grandes laticínios.
O presidente da Faesc teme que o mercado interno seja inundado com leite importado em face do grande estoque de leite em pó existente atualmente na Comunidade Europeia. O excesso de importação de leite em pó dos países-membros do Mercosul – especialmente Argentina e Uruguai – já era um problema crônico a desestabilizar o mercado brasileiro.
ATUALIZAÇÃO
Santa Catarina é o quarto produtor nacional. O Estado gera 3,059 bilhões de litros ao ano. Praticamente todos os estabelecimentos agropecuários produzem leite, o que proporciona renda mensal às famílias rurais e contribui para o controle do êxodo rural. O oeste catarinense responde por 75% da produção. Os 80.000 produtores de leite (dos quais, 60.000 são produtores comerciais) geram mais de 9 milhões de litros/dia. A capacidade industrial está estruturada para processar até 10 milhões de litros de leite/dia.
0 comentário
Leite/Cepea: Preço sobe em setembro, mas deve cair no terceiro trimestre
Comissão Nacional de Pecuária de Leite discute mercado futuro
Brasil exporta tecnologia para melhoramento genético de bovinos leiteiros
Preço do leite pago ao produtor para o produto captado em outubro deve ficar mais perto da estabilidade, segundo economista
Pela primeira vez, ferramenta genômica vai reunir três raças de bovinos leiteiros
Setor lácteo prevê 2025 positivo, mas com desafios