A citricultura de Sergipe está mergulhada em um martírio sem fim
A princípio é preciso ouvir o citricultor, pois ninguém melhor do que ele sabe as dificuldades da produção. Infelizmente o processo de concentração de terras, produção e capital representa um modelo de subordinação da agricultura brasileira aos interesses neoliberais. Nos últimos anos o setor produtor de laranja se transformou em um grande oligopólio dominado apenas por quatro grupos que controlam toda laranja: Cutrale (mais ou menos 60%); Citrosuco; Louis Dreifus Commodities – LDC (francesa); e Citrovita, da Votorantim.
Essas empresas juntas passaram a asfixiar os pequenos e médios produtores impondo preços e condições esmagadoras, acabando com o outrora mercado concorrencial. Por conseqüência o resultado é o enraizamento de dívidas bancárias impagáveis, inviabilidade da atividade e dezenas de leilões das propriedades penhoradas que acabam com a alma guerreira dos citricultores do Centro Sul de Sergipe. Em São Paulo por haver outras estruturas de organização do setor agrícola milhares e médios agricultores substituíram a produção de laranja, por cana-de-açúcar.
E em nosso Estado qual a saída? A princípio, manter os esqueléticos pomares e viver de esperança por uma verdadeira política de rejuvenescimento ou de salvaguarda para o setor. O custo médio de produção por caixa é bem superior a remuneração paga ao produtor, não atingindo nem 50% do custo, o produtor não tem condições de implementar as ações necessárias para garantir a sanidade do seu pomar. O que estamos vendo atualmente é o agravamento da situação vivida pela citricultura a partir de 1993, data do inicio do cartel das indústrias que verticalizou a produção e a manipulação do mercado.
Os problemas são amplos como a falta de informações sobre o parque citrícola, estimativa de safra, estoques, demanda e preços, falta de política agrícola para o setor, fechamento de fábricas, centros de pesquisas e assistência técnica, além de baixo consumo interno. Este colapso na produção de laranja em Sergipe é reflexo da falta de apoio e uma política eficiente de fortalecimento para o setor. A princípio é preciso ouvir o citricultor, pois ninguém melhor do que ele sabe as dificuldades da produção. Os produtores de Sergipe são vítimas desde 1990 de inúmeros fatores como: altas taxas de juros embutidos nos empréstimos bancários, cartel das indústrias, parasitismo do comércio interno, altas nos preços dos insumos e fertilizantes, falta de assistência técnica, problemas climáticos e ausência de uma política agrícola.
As duas ações iniciais da F.D.C.E.F, previstas para este ano ainda serão: 1) Coleta de assinaturas (abaixo assinado) a favor da anistias das dívidas; 2) Mover ação conjunta na Justiça Federal contra a União que sufoca os citricultores com o leilão de propriedades rurais para pagamento das dívidas. É sobre essa realidade que a FRENTE DEMOCRÁTICA DOS CITRICULTORES ENDIVIDADOS E FALIDOS (F.D.C.E.F), nasce. Tendo o propósito de contrapontear por Políticas Setoriais como: Anistia imediata das dívidas dos micros, pequenos e médios citricultores de Sergipe. Porém essas bandeiras não nascem por geração, é preciso se fazer presente e realizar pressão permanente.
COORDENAÇÃO GERAL DA FRENTE: Presidente: AIRTON DE JOÃO DE ZIZA Raimundo da Ravel- Boquim Hugo da Topic – Umbaúba Edgar da Deagro – Umbaúba Padre Zé Alves – Umbaúba Profº - Ronaldo – Umbaúba Gostaríamos de apoio da Associtrus para intermediar os contatos com os produtores de outras regiões. Aguardamos contatos. A nossa idéia é criar uma Frente em nível nacional com ações conjuntas. Entrem em contato conosco. Aqui já contamos com o apoio da Camara da Citricultura Litoral Norte da Bahia- Presidida pelo senhor Geraldo Revoredo (Agronordeste) Prof. Ronaldo 1º secretário Frente Democrática Citricultores Endividados e Falidos.
1 comentário
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Luis França Alto Paraná - PR
È lamentavel ver a situação de produtores rurais, perdendo seu bem maior que é a terra, pois o que ele sabe fazer é plantar zelar e colher, o que ele não sabe é brigar contra cambio alto na hora da compra e cambio baixo na hora da venda, contra a falta de uma politica agricola que gere renda para o produtor, se ele toma um emprestimo hoje,quando na data do pagamento do mesmo ele não sabe se o seu produto vai estar a doze ou a meia duzia, como pagar?
A citricultura é um investimento a longo prazo e exige muito trabalho e recurso, não podemos jogar fora um parque citricola que custou muito a ser formado, que gera milhares de emprego e divisas para o país. Sou citricultor em Alto Paraná Pr. Um Abraço aos colegas sergipanos.