Plano de contingência para controle do HLB e zoneamento agrícola de citros na pauta da Câmara Setorial da Citricultura
Zoneamento agrícola, comércio para outros estados e o controle de doenças esteve na pauta da reunião virtual da Câmara Setorial da Citricultura nesta quinta-feira (7) à tarde, que contou com a participação dos principais representantes da cadeia.
O Programa Nacional de Prevenção e Controle do Greening (HLB), principal doença que atinge os citros, foi estabelecido através da portaria 317 do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), de maio deste ano. De acordo com Ricardo Felicetti, chefe da Divisão de Defesa Sanitária Vegetal da Secretaria da Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural (SEAPDR), o Rio Grande do Sul até hoje não registrou nenhum caso da doença.
“O Programa é uma evolução, porque regulamenta a situação tanto nos estados que têm registro da doença quanto nos estados onde não há registro da praga Candidatus Liberibacter spp, como é o caso do Rio Grande do Sul. Nós estamos desenvolvendo um plano de contingência, previsto no Programa, para o rápido atendimento no caso de registro de alguma ocorrência”, afirma Felicetti. Segundo ele, já existe uma instrução normativa que regulamenta as ações e o controle fitossanitário é feito anualmente. Mas é importante este plano, para que o técnico tenha orientação e atue da forma mais rápida assim que a situação se apresente, diz ele.
Já o fiscal federal agropecuário Roque Danieli, do Departamento de Sanidade Vegetal do Mapa, destaca que a portaria dá mais rigor para o controle da doença e adapta o regramento às condições regionais. “A portaria também determina que haja sistemas de avaliação de cada estado, com metas de monitoramento, que caso não sejam cumpridas podem levar à perda de classificação da ocorrência”, destaca.
Quanto ao risco de ingresso da doença através de cargas de outros estados que tenham registro da doença, Felicetti afirma que estas cargas já são vistoriadas na origem. Além disso, o Programa Guaritas da Secretaria faz um trabalho de fiscalização na divisa com Santa Catarina de cargas irregulares de citros e outras frutas e sementes. Segundo ele, o principal problema são as mudas trazidas de outros lugares, apesar da exigência de laudos laboratoriais sobre a sanidade das plantas. As mudas são o veículo ideal para a entrada do patógeno e um fator de risco.
Zoneamento agrícola
O Zoneamento Agrícola de Risco Climático (ZARC) para a cultura dos citros teve mudanças neste ano de 2021 (ver aqui). De acordo com o pesquisador da Embrapa e coordenador do ZARC Citros Brasil, Maurício Coelho, este é o primeiro zoneamento que considera riscos climáticos de 20%, 30% e 40% para pomares em produção e para implantação de novas áreas e não somente a aptidão climática, como era feito anteriormente. Além disso, inova por abranger os grupos de laranja, lima, limão (lima-ácida ‘Tahiti’), tangerina e pomelo, e por ter sido ampliado para todo o território nacional contemplando frutos cítricos com diferentes ciclos produtivos – precoce, meia estação e tardio.
O ZARC foi desenvolvido pela Embrapa e é utilizado por instituições financeiras para avaliação de crédito e seguro rural, uma vez que traz informações sobre as chances de sucesso de cada lavoura dependendo do local e da época em que for plantada.
Os números do comércio de citros
As remessas de citros são enviadas principalmente para os estados de São Paulo, Santa Catarina e Paraná, segundo levantamento feito pela Divisão de Defesa Sanitária Vegetal da SEAPDR a partir das emissões de permissão de trânsito vegetal dos últimos cinco anos. As cargas de citros acompanham movimentações mensais em torno de R$ 35 milhões. Os municípios com maiores volumes comercializados para outros estados são Montenegro, Pareci Novo e Bento Gonçalves.
Para Ricardo Felicetti, o levantamento revela que todos os estados brasileiros recebem citros do Rio Grande do Sul, mas os frutos não são necessariamente produzidos aqui, porque existem centrais de distribuição que também entram neste levantamento. “O interessante é São Paulo, que é o maior produtor de citros do país, ser o estado que mais compra citros do Rio Grande do Sul”.
Já os dados de importação brasileira de citros da Espanha e do Uruguai tiveram um aumento significativo de 2010 para 2019, segundo dados do Mapa. No caso da Espanha, os números saltaram de U$ 2,81 milhões para U$ 15,86 milhões, um aumento de 464%. No volume, passou de 2,78 milhões de quilos para 19,93 milhões, aumento de 617%. No caso do Uruguai, passou de 3,22 milhões de quilos em 2010 para 7,73 milhões em 2019, aumento de 140%. Em recursos, passou de U$ 2,03 milhões para U$ 4,85 milhões, aumento de 139%. Em 2020, houve uma redução significativa nas importações dos dois países. “O câmbio era muito favorável para a importação, mas a partir de 2020 houve uma mudança”, afirma Paulo Lipp, coordenador das Câmaras Setoriais da SEAPDR.
Durante a reunião, também foram apresentados dados parciais da safra que está no pico, com boa produção e boa qualidade.
Participaram da reunião: Ecocitrus, Unicafes RS, Citrosul, Biocitros, Tecnovin do Brasil, Embrapa Clima Temperado, Mapa, Banco do Brasil, UFRGS, UCS, Conab RS, Ceasa RS, Secretaria da Agricultura de Veranópolis, Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Departamento de Diagnóstico e Pesquisa Agropecuária (DDPA/SEAPDR) e SEAPDR.
0 comentário
Citros/Cepea: Tahiti tem nova queda de preço na semana
Dreyfus anuncia novo terminal de açúcar em SP que eleva em 1 mi t capacidade por ferrovia
Citricultura baiana se desenvolve baseada na tecnologia, e faturamento cresce 35,80% entre 2019 e 2023
Agrodefesa realiza oficina técnica na área de citros e curso para emissão de Certificado Fitossanitário de Origem (CFO) e de Origem Consolidado (CFOC)
Citros/Cepea: Preço da tahiti cai, mas segue elevado
Citros/Cepea: Chuvas geram expectativa de recuperação na oferta em 2025